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Por cabeça fresca, Thiago modifica plano olímpico
Nadador desiste de Mundial de piscina curta, em que já cravou recorde, para investir no corpo e diminuir assédio
Treinador cita exemplo de Michael Phelps, que teve de se adaptar ao novo status após Atenas-2004, e pupilo só volta a competir em maio
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A cabeça precisa de descanso,
o corpo não. Para evitar que os
músculos relaxem e o assédio
seja ainda maior, Thiago Pereira desistiu do Mundial em piscina curta, no início de abril.
A decisão parece até contraditória, mas uma competição
fora do país nessa altura da preparação para os Jogos de Pequim poderia comprometer a
missão do técnico Fernando
Vanzella de "cansar" o pupilo.
"Com a viagem, não daríamos seqüência ao trabalho de
musculação mais forte que estamos fazendo. Ele iria interromper o processo, descansar
antes do tempo. Poderia até
treinar na Inglaterra, mas não é
a mesma coisa, há a viagem, a
adaptação", afirma o técnico.
A programação de treinamento havia sido entregue à
Confederação Brasileira de
Desportos Aquáticos no fim do
ano passado. Thiago faz parte
de uma elite de quatro atletas
da natação que terão atenção e
verba especial para se preparar
para a Olimpíada, em agosto.
Nas últimas semanas, ele aumentou a carga dos exercícios
de musculação. Também cumpre, em média, 55 km por semana na piscina, em dez sessões. Tem de ficar mais forte
antes de focar a velocidade.
"Ele está com uma sobrecarga do sistema neuromuscular.
Até se adaptar, demora um
tempo. E isso tem de ser feito
agora, senão não terá tempo de
recuperação", diz Vanzella.
O treinador também quer
poupar Thiago dos holofotes
que surgiriam com o Mundial
em piscina curta. O nadador
mais badalado do Brasil atualmente quebrou o recorde mundial dos 200 m medley em piscina não-olímpica em 2007.
"O Thiago está em um estágio diferente de exposição depois do Pan. Ir ao Mundial iria
gerar uma movimentação
grande, mais mídia", diz. "Aí, se
ele vai bem, aumenta o assédio.
Se não consegue um bom resultado, surgem especulações sobre sua condição. Achamos melhor ele treinar com qualidade,
sem tantas interferências."
O treinador tem como exemplo o maior astro da natação
mundial e principal oponente
do brasileiro nos Jogos de Pequim. "O [Michael] Phelps teve
de lidar com uma nova situação
em 2005, após a Olimpíada [ganhou seis ouros em Atenas].
Ele e o técnico falaram isso. Havia novos compromissos, perdeu treinos, passou por um
processo de adaptação."
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