São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

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JUCA KFOURI

Dinheiro Futebol Clube


O dinheiro faz a felicidade dos que só pensam em ver seus times campeões e deixam o futuro para Deus


O PALMEIRAS reencontrou o caminho das vitórias e é agora o principal favorito ao título estadual.
Bastou achar um sócio disposto a gastar para o sucesso voltar. Em outra proporção e com jogadores não tão formidáveis, o Palmeiras repete a história, desta vez não como farsa, ao que tudo indica.
Sim, porque também em 1992 o alviverde estava na fila desde 1976 e viu na parceria com a Parmalat o segredo para uma sucessão de sucessos, como, quem sabe, se repetirá com a Traffic.
Já no ano seguinte ao acordo saía da fila no Estadual e, de quebra, ganhava o Campeonato Brasileiro, façanhas devidamente bisadas em ambas as competições em 1994.
Em 1993, aliás, ainda levou o ressuscitado Torneio Rio-São Paulo. Foram tempos risonhos no Palestra Itália, no começo com o mesmo Vanderlei (era Wanderley) Luxemburgo da Silva e, na coroação da sociedade, com Luiz Felipe Scolari, campeão da Libertadores em 1999, com direito, também, a uma Copa do Brasil, em 1998.
Em 2000, último ano da co-gestão, o Verdão foi campeão de mais um Rio-São Paulo e da Copa dos Campeões, com Murtosa.
Sim, depois descobriu-se que a Parmalat era uma imensa lavanderia, algo que serviu de lição para se olhar com desconfiança para outras parcerias que surgiram depois em nosso futebol.
Mas, concomitantemente com o que acontecia no Parque Antarctica, também no Parque São Jorge pousou um parceiro, o audacioso Banco Excel. E os frutos no gramado apareceram de imediato. Acordo firmado em janeiro de 1997, vieram o título paulista daquele ano, o título brasileiro em 1998, o fim da parceria em janeiro de 1999 e o banco quebrado.
Mas quem liga?
Surgiu o HMTF, que permaneceu no Corinthians entre abril de 1999 e agosto de 2002, período de conquistas sem fim: campeão paulista de 1999 e 2001; campeão brasileiro de 1999; campeão mundial em 2000; do Rio-São Paulo e da Copa do Brasil em 2002.
Ou seja, basta um olho e bastante dinheiro para o resultado ser imediato, e a prova disso é que, sem parceiros, São Paulo e Santos só se deram bem mesmo nesse período quando houve problemas nas parcerias dos dois rivais. Desnecessário dizer que o Corinthians ainda se acumpliciou com a MSI, e da formação daquela quadrilha resultou o título brasileiro de 2005, além de inúmeros desdobramentos judiciais que atormentarão a vida do clube ainda por um longo e torturante período.
Fica claro, portanto, que com dinheiro a rodo até você, raro leitor, e eu, que somos mais bobos, comandaríamos times vencedores, seja na sala da presidência, seja no banco do treinador.
O problema é como as coisas ficam depois da ressaca dos títulos. O Palmeiras pós-Parmalat caiu para a segunda divisão, igual ao Corinthians pós-MSI, realidades que o Santos bicampeão mundial e o São Paulo tri simplesmente desconhecem, orgulhosamente.
Dinheiro ajuda, é óbvio, mas está longe de resolver todos os problemas se o modelo não mudar.

blogdojuca@uol.com.br


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