São Paulo, sexta-feira, 20 de março de 2009

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Mata-mata da Superliga coloca crise em evidência

Após perder patrocinador e jogadoras, Banespa enfrenta o poderoso Osasco

Problemas econômicos afetam outras equipes do país e já provocam medidas para conter gastos nos ricos torneios da Itália e da Rússia

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banespa entrou na Superliga de vôlei com uma equipe mediana. No fim do ano, perdeu seu principal patrocinador por causa da crise mundial.
Sem salário, três importantes jogadoras debandaram. Apertado, o clube dispensou as juvenis que completavam o elenco. Sobraram dez atletas no grupo, com uma levantadora novata que não tem reserva.
Parecia ser o fim das ambições da equipe no torneio. A situação do time era o mais agudo retrato da crise mundial que começa a atingir o vôlei.
Nem o técnico Alexandre Rivetti acreditou quando o Banespa confirmou a vaga nos mata-matas. O adversário de hoje, às 21h, no início da busca pelas semifinais será o Osasco, clube do qual a crise econômica ainda não se aproximou.
A equipe abriga boa parte das campeãs olímpicas, como a atacante Paula Pequeno e a central Thaísa, os salários estão em dia, e o clube está construindo até um centro de treinamento para suas categorias de base.
"Não dá nem para comparar o poderio deles com o nosso. Mas, depois de tudo que passamos, o Osasco será só mais um obstáculo", afirma Rivetti, que conta apenas com Ananda, 19, como levantadora da equipe. Se ela se machucar, uma atacante ou uma líbero terá de ser improvisada na posição.
Outro percalço superado pelo grupo foi a falta de jogadoras para compor dois times nos coletivos. A solução saiu do suor da comissão técnica. Literalmente. Para atuar nos treinos, os sete integrantes do grupo intensificaram a malhação.
"Tínhamos de participar e estar em bom nível para não atrapalhar. Todos ficaram mais preocupados com o físico, tinha gente treinando mais que as jogadoras", declara Rivetti.
A crise que levou a comissão técnica de volta à quadra começou no fim do ano passado. Sem patrocinador e com salários atrasados, quatro jogadoras rescindiram contratos. O clube diz que quitou as dívidas. Pessoas ligadas à equipe, no entanto, afirmam que a expectativa é que tudo seja acertado pelo menos até o fim da Superliga.
E não é só o Banespa que dá sinais de problemas. O patrocínio de Brusque balança. No masculino, a Ulbra atravessa crise financeira, e Bento Gonçalves também pode não aparecer na próxima Superliga.
São reflexos no Brasil das turbulências que já afetam o vôlei no principal torneio do mundo. A liga italiana sugeriu redução de 15% dos salários superiores a 30 mil na Série A e 20 mil na Série B. Também quer reduzir para um o número de equipes que caem e sobem de divisão em 2009/2010.
Até na Rússia, país que investiu quantias vultosas na contratação de estrelas mundiais, as equipes começam a cortar os gastos. O Iskra Odintsovo, que tem o ponta Giba no elenco, trocou as viagens em seu avião particular por voos comerciais.



NA TV - Banespa x Osasco Sportv, ao vivo, às 21h



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