São Paulo, sábado, 20 de março de 2010

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MOTOR

Ego


Não é coincidência que vários campeões da F-1 tenham sido ególatras notórios. Chega a ser uma necessidade


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

"É TUDO uma questão de ego." Moss, um dos maiores pilotos da história, define assim a relação entre companheiros de equipe no automobilismo. Em um artigo para o site da ESPN, publicado em janeiro, o inglês faz uma leitura que flerta, mas vai além do batido "meu parceiro é meu primeiro adversário na pista".
Moss escreve que os maiores companheiros que teve foram Brooks e Gurney, porque eram "excepcionalmente rápidos", o que o motivava a acelerar ainda mais, forçar o limite.
"Você não quer ser superado por alguém que está sentado na mesma máquina. É tudo uma questão de ego. E de como alimentar esse ego."
Som de ficha caindo?
Pois é, não parece coincidência que vários dos maiores campeões da F-1 tenham sido ególatras notórios.
Senna, Schumacher, Fangio, Prost, Piquet, Clark... Todos ficavam loucos da vida quando algo saía errado, quando se mostravam vulneráveis.
Ah, sim: inclua Alonso nessa lista.
Mônaco, 2004. O espanhol estava em segundo na corrida, atrapalhou-se ao tentar dar uma volta em Ralf, bateu, abandonou. Este colunista estava no motorhome da Renault quando o espanhol chegou. Gritando, esmurrando as paredes, derrubando um biombo. Frustração com o abandono? Também. Mas o foco da irritação era outro: Trulli, o patinho feio da equipe, estava em primeiro, a caminho de vencer justamente a corrida mais badalada do campeonato, encerrando uma série de oito triunfos seguidos da Ferrari.
Acelere para Melbourne, 2007.
Raikkonen estreia na Ferrari com vitória. Massa é o sexto colocado. Ao fim do ano, o finlandês foi campeão.
Avance mais um pouco. Bahrein, 2010. Na estreia na Ferrari, Alonso ultrapassa o companheiro no início do GP e vence. Massa é segundo.
O brasileiro é veloz, tem aquela inexplicável "estrela", mas isso não basta. Não é preciso declarar guerra ao companheiro ou dar chilique diante de jornalistas, mas um pouco mais de altivez lhe faria bem. Piloto amiguinho é um perfil que não funciona na F-1, está lá um exemplo recente que não me deixa mentir.

RANCOR
No tal artigo, Moss -que caiu num fosso de elevador no dia 7 e ainda se recupera das fraturas- não cita Fangio como um de seus melhores companheiros. Egolatria é pouco... O texto, em inglês, está aqui: http://bit.ly/mossf1.

RECEITA
O GP do Bahrein foi chato, e os últimos dias viram uma enxurrada de sugestões para melhorar o espetáculo. Só há duas soluções, e a F-1 sabe disso. Correr em circuitos bons -Melbourne será melhor, pode esperar. E mudar radicalmente os carros, para que não gerem a turbulência que inviabiliza as ultrapassagens. Mas isso só para 2011.

fabioseixas.folha@uol.com.br


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