São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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Fogo amigo fere paulistas às vésperas do Brasileiro

Fernando Santos/Folha Imagem
O colombiano Muñoz, pivô da recente crise no clube após dar um soco no goleiro Marcos, domina bola em treino do Palmeiras


Palmeiras, São Paulo, Santos e Corinthians se esforçam para controlar crises criadas por atletas, técnicos, cartolas e torcedores antes de estréias

RICARDO PERRONE
EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na reta de largada do Brasileiro-04, conflitos internos minam os grandes clubes paulistas.
Os principais times do Estado se preocupam mais em resolver crises geradas por jogadores, técnicos, dirigentes e torcedores do que com seus rivais na rodada inaugural do Nacional, amanhã.
São incêndios como os causados pela briga entre os palmeirenses Marcos e Muñoz, no sábado.
Ontem, o presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, repreendeu os dois. "Ele nos alertou para que isso não volte a acontecer", contou o jogador colombiano.
A bronca do dirigente foi em vão. Ambos trocaram farpas nas entrevistas à tarde e não pretendem selar a paz agora.
"A gente perdia o rachão. O Marcos me chutou, e eu só reagi", disse Muñoz, que tirou sangue do colega com um soco no nariz.
"Quem dá um soco na cara tem que falar alguma coisa. É duro um homem de 1,93 m levar um soco de um cara que tem um metro e meio", retrucou o camisa um.
O goleiro pensou em pegar o atacante no vestiário. "Existem duas maneiras de você provar que é homem. Uma é revidando, a outra é perdoando. Se eu pegar o Muñoz, vou fazer um estrago muito maior. Preferi perdoá-lo."
Nos corredores do clube, atribui-se os ânimos exaltados à eliminação no Paulista. Na semana que antecedeu a queda, Vágner, Diego Souza e Lúcio foram vistos em uma casa noturna, provocando atrito entre os jogadores.
Na semana passada, Élson se rebelou contra Jair Picerni por perder a posição para Diego Souza.
No mesmo dia do entrevero entre Marcos e Muñoz, no CT vizinho ao do Palmeiras, o presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, tentou desfazer um mal-estar criado na véspera.
O dirigente foi ao lançamento do livro de Wanderley Luxemburgo e irritou Cuca, técnico de seu time, com os elogios feitos ao treinador desempregado.
"Estou diante do melhor técnico do Brasil. Vamos ver como as coisas vão se encaminhar no futuro", declarou Gouvêa no evento.
Cuca não reclamou publicamente, mas integrantes da diretoria ouviram suas queixas e também consideraram inconveniente a atitude de Gouvêa na sexta.
Antes, o São Paulo por pouco também não viu uma briga.
No último dia 5, Rogério teve uma ríspida discussão com o auxiliar Omar Feitosa, que apitava o rachão no gramado do Morumbi.
Na Vila Belmiro, o clima entre o técnico Emerson Leão e a diretoria é ainda mais tenso. O treinador quase deixou o time ao discordar em público dos afastamentos de Doni e Robson, determinados pelo presidente do clube, Marcelo Teixeira.
A permanência do treinador no Santos só foi acertada após uma reunião entre os dois.
"Disse ao Leão que, se ele estivesse preocupado com a multa rescisória, não precisaria dar certas declarações para acabar saindo. Ele respondeu que não quer isso, nós também não queremos que ele saia", afirmou Teixeira.
No Corinthians, o fogo amigo vem da torcida. Um mês depois de a Gaviões da Fiel acertar ovos e tapas nos atletas, torcedores apedrejaram o carro em que estavam Rincón, Fábio Costa e Valdson, na saída do Pacaembu.


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