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FUTEBOL
A hora de a onça beber água
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Começa amanhã o segundo
Nacional por pontos corridos
da história do futebol brasileiro.
Já é um avanço que a fórmula tenha sido mantida e que mais dois
clubes passem à Série B, para que
se reduzam os participantes a 22
no ano que vem e a 20 em 2006.
Como se viu no ano passado,
um campeonato desse tipo exige
planejamento, fôlego, regularidade e bom elenco. O Cruzeiro esbanjou essas virtudes em 2003. E,
apesar de ter perdido Wanderley
Luxemburgo, sem dúvida fundamental para a conquista, já provou que poderá repetir a dose.
Não por acaso, o Cruzeiro aparece em todas as listas de favoritos. Em algumas, ao lado do Santos, em outras também acompanhado pelo São Paulo. A Folha,
como se pode conferir em caderno
especial nesta edição, escolheu
apenas a Raposa e o Peixe para
contemplar com cinco estrelas.
Um pouco mais abaixo, com
quatro estrelas, vêm São Caetano
e São Paulo. É um bom chute. O
São Paulo ainda parece muito sujeito a altos e baixos, com dificuldades de armar e decidir, embora
conte com um grande centroavante e alguns bons jogadores.
Quanto ao São Caetano, bastaria o histórico dos últimos anos
para recomendar sua inclusão
entre os favoritos. Mas agora tem
mais: a conquista do Paulista poderá dar ao Azulão a moral e o
status que antes não possuía. E
não esqueçamos que a conquista
do título paulista foi obtida com
vitórias inquestionáveis sobre São
Paulo e Santos.
Numa competição tão longa,
porém, com tantos competidores
e tão sujeita a troca de jogadores e
técnicos, uma certa cautela é recomendável. Mesmo porque, a
mídia do Rio e de São Paulo não
acompanha tão de perto assim o
que se passa em todas as plagas.
Uma nota decepcionante é o fato de que o grande palco carioca,
e também nacional, que é o Maracanã, será praticamente deixado às moscas.
O Flamengo, de quem o Maraca
deveria ser a casa, pois assim sempre foi, vai disputar 16 das suas 23
partidas em Volta Redonda. O
motivo são as elevadas taxas.
O estádio é arcaico e caro, essa é
a verdade. Mas algum tipo de entendimento poderia ter sido feito.
Como não foi, resta lamentar que
o campeão do Estado vá se apresentar apenas sete vezes diante da
torcida de sua cidade.
Entre os cariocas, a lógica indica
que o Flamengo, campeão estadual com todos os méritos, é o melhor. Mesmo sem contar com um
grande time, o Flamengo está recuperando aquilo que o Corinthians vai perdendo: sua alma. O
mesmo Júnior que abandonou o
Parque São Jorge conseguiu, com
Abel, imprimir uma marca de seriedade e dedicação no time, algo
que há muito tempo não se via.
É isso aí. A bola começa a rolar
no Brasileirão. Chegou a hora de
a onça beber água!
Ronaldo cervejeiro
É o fim da picada o Ronaldo Fenômeno fazer anúncio de bebida alcoólica. Um cara que vive a
cultivar sua imagem para crianças e adolescentes, com a grana
que tem, não precisava pagar
esse mico. Não tem desculpa.
Talvez esse tipo de coisa seja reflexo de uma atitude cada vez
mais marqueteira e alienada de
algumas megaestrelas do futebol mundial, muitas das quais,
aliás, se reúnem no Real Madrid, time que tem decepcionado a todos.
Leão nega favoritismo
Pode ser onda do Leão, mas em
reportagem na revista "Lance a
Mais", ele diz que o Santos só é
favorito para quem vê de longe.
E explica: "No meio do ano,
acabam os contratos de Renato,
Paulo Almeida, Alcides e Alex"
-os dois últimos, já vendidos.
E-mail mag@folhasp.com.br
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