São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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FUTEBOL

A hora de a onça beber água

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Começa amanhã o segundo Nacional por pontos corridos da história do futebol brasileiro. Já é um avanço que a fórmula tenha sido mantida e que mais dois clubes passem à Série B, para que se reduzam os participantes a 22 no ano que vem e a 20 em 2006.
Como se viu no ano passado, um campeonato desse tipo exige planejamento, fôlego, regularidade e bom elenco. O Cruzeiro esbanjou essas virtudes em 2003. E, apesar de ter perdido Wanderley Luxemburgo, sem dúvida fundamental para a conquista, já provou que poderá repetir a dose.
Não por acaso, o Cruzeiro aparece em todas as listas de favoritos. Em algumas, ao lado do Santos, em outras também acompanhado pelo São Paulo. A Folha, como se pode conferir em caderno especial nesta edição, escolheu apenas a Raposa e o Peixe para contemplar com cinco estrelas.
Um pouco mais abaixo, com quatro estrelas, vêm São Caetano e São Paulo. É um bom chute. O São Paulo ainda parece muito sujeito a altos e baixos, com dificuldades de armar e decidir, embora conte com um grande centroavante e alguns bons jogadores.
Quanto ao São Caetano, bastaria o histórico dos últimos anos para recomendar sua inclusão entre os favoritos. Mas agora tem mais: a conquista do Paulista poderá dar ao Azulão a moral e o status que antes não possuía. E não esqueçamos que a conquista do título paulista foi obtida com vitórias inquestionáveis sobre São Paulo e Santos.
 
Numa competição tão longa, porém, com tantos competidores e tão sujeita a troca de jogadores e técnicos, uma certa cautela é recomendável. Mesmo porque, a mídia do Rio e de São Paulo não acompanha tão de perto assim o que se passa em todas as plagas.
 
Uma nota decepcionante é o fato de que o grande palco carioca, e também nacional, que é o Maracanã, será praticamente deixado às moscas.
O Flamengo, de quem o Maraca deveria ser a casa, pois assim sempre foi, vai disputar 16 das suas 23 partidas em Volta Redonda. O motivo são as elevadas taxas.
O estádio é arcaico e caro, essa é a verdade. Mas algum tipo de entendimento poderia ter sido feito. Como não foi, resta lamentar que o campeão do Estado vá se apresentar apenas sete vezes diante da torcida de sua cidade.
 
Entre os cariocas, a lógica indica que o Flamengo, campeão estadual com todos os méritos, é o melhor. Mesmo sem contar com um grande time, o Flamengo está recuperando aquilo que o Corinthians vai perdendo: sua alma. O mesmo Júnior que abandonou o Parque São Jorge conseguiu, com Abel, imprimir uma marca de seriedade e dedicação no time, algo que há muito tempo não se via.
 
É isso aí. A bola começa a rolar no Brasileirão. Chegou a hora de a onça beber água!

Ronaldo cervejeiro
É o fim da picada o Ronaldo Fenômeno fazer anúncio de bebida alcoólica. Um cara que vive a cultivar sua imagem para crianças e adolescentes, com a grana que tem, não precisava pagar esse mico. Não tem desculpa. Talvez esse tipo de coisa seja reflexo de uma atitude cada vez mais marqueteira e alienada de algumas megaestrelas do futebol mundial, muitas das quais, aliás, se reúnem no Real Madrid, time que tem decepcionado a todos.

Leão nega favoritismo
Pode ser onda do Leão, mas em reportagem na revista "Lance a Mais", ele diz que o Santos só é favorito para quem vê de longe. E explica: "No meio do ano, acabam os contratos de Renato, Paulo Almeida, Alcides e Alex" -os dois últimos, já vendidos.

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