São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2007

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Tiro com arco confina seleção em sede militar e vira pioneiro

Sem instalações prontas, Deodoro abriga até amanhã treino de 12 atiradores

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

As instalações esportivas de tiro com arco para o Pan-2007 ainda estão cruas, mas a modalidade comemora hoje o fato de ser a primeira e única dos esportes dos Jogos a treinar e a conviver na sede das provas.
Como parte da preparação para o evento de julho, a CBTarco (Confederação Brasileira de Tiro com Arco) mantém confinados até amanhã 12 atiradores, seis homens e seis mulheres, no Complexo Esportivo Deodoro. "Estrutura da competição ainda não tem. Mas montamos um bom local. E o barulho, as obras e o vaivém do pessoal até ajudam, pois exigem mais do atleta para manter a concentração", diz Eros Fauni, diretor técnico da CBTarco.
Ao todo, serão cumpridos 13 dias de concentração e treinos no local dos Jogos, ação que, segundo o Co-Rio (Comitê Organizador do Pan-07), é pioneira.
Para os atletas, que usam a estrutura do Exército, o confinamento é válido. "Aqui, esquecemos os problemas e focamos só o tiro com arco. É diferente de voltar para casa e ter que lidar com contas a pagar", diz a paulista Petra Sanches Ruocco.
Os atletas -metade recebe entre R$ 250 e R$ 500 mensais da CBTarco e nenhum tira sustento do esporte- treinam em dois períodos. Pela manhã, no campo de pólo, até 12h, quando às vezes almoçam com militares. E à tarde, no campo ou na academia, até o pôr-do-sol.
Entre as vantagens de estar em Deodoro está a aclimatação. "Aqui tem muita árvore, o que muda o vento e a luz. É importante identificar a condição climática, porque a prova não pára nem com chuva. E, por atuar em casa, o trunfo nosso é conhecer o local", diz o mineiro Leonardo Lacerda de Carvalho.
A seleção de tiro com arco também identificou problemas que vão além das obras inacabadas. "O som dos carros na av. Brasil é audível. Eles até gritam: "Acerta o alvo", "Treina, porque nada aí ficará pronto". É engraçado. No Pan, creio que a organização deva reduzir o fluxo dos veículos", diz Petra.
Outro entrave é lidar com a falta nas aulas e no trabalho. "Minha faculdade não entende a ausência. Devia ser como nos EUA, onde estudante esportista tem respaldo", diz Leonardo, que cursa o último ano de medicina. A seleção, que abriga fisioterapeuta, jornalista, biólogo, designer gráfica, mecânico e arquiteta, tem três estudantes.
A modalidade, que ganhou R$ 456.683,40 de verba da Lei Piva em 2005 (foi a 23ª entre as que mais receberam no último balanço divulgado), até chamou a atenção de militares. Alguns buscaram informações sobre o tiro com arco. "Com R$ 500, é possível começar, pois não requer, de cara, material top", afirma Joana Blumenschein, diretora da CBTarco.
Este é o segundo contato da seleção com o Exército. Em março, o treino foi no Círculo Militar de São Paulo. Como naquele confinamento, amanhã, último dia de treino, dois atletas serão cortados do time, que voltará a Deodoro em maio. "É nosso "Big Brother'", fala Petra.
A seleção terá seis atletas no Pan -o país, em jejum há 24 anos, soma quatro bronzes nos Jogos- e fará em julho duas decisões. "Para nós, o Mundial, do dia 8 a 13, vale mais, pois dá vaga na Olimpíada. Mas um pódio no Pan [do dia 24 a 28] terá mais visibilidade", diz Eros.


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