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Juventus e Nacional vão juntos ao fundo do poço
Pequenos são rebaixados para séries onde nunca estiveram na era profissional
Diretoria da Mooca quer abrir as portas do clube para parceiros, enquanto rival diz que se livrou de "droga" agora ao vetar empresários
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O fundo do poço, em suas
longas histórias, os une. A fórmula para sair dele, os separa.
Juventus e Nacional, os mais
tradicionais clubes pequenos
paulistanos, foram rebaixados
na semana passada para divisões onde nunca estiveram antes na era profissional do futebol brasileira, iniciada em 1933.
O clube da Mooca caiu para a
terceira divisão pela primeira
vez -se despediu da Série A-2
ontem com novos protestos da
torcida na Rua Javari, que foi
palco de atos violentos nesta
temporada. A equipe da Comendador Souza foi rebaixada
para a quarta e última divisão
do futebol paulista.
Histórias tristes, com explicações e sonhos diferentes para
voltar aos bons tempos.
O Juventus se queixa da falta
de parceiros no seu futebol. O
Nacional quer distância deles.
"Eu passei quatro, cinco anos
viciado numa droga. Agora estou limpo. Não quero nunca
mais saber de empresários", diz
Ayrton Franco Santiago, o presidente do Nacional, apontando as parcerias que o clube fez
nos últimos anos, que levaram
o time da segunda divisão, onde
estava em 2007, para a quarta,
onde estará no ano que vem.
Queda meteórica também teve o Juventus. No ano passado,
o clube estava na elite. Agora, é
um time de terceira divisão que
sonha em driblar o rígido estatuto do clube e levar para lá
gente interessada em investir
no futebol. "Temos que abrir as
portas do clube para quem quer
investir e ganhar dinheiro", fala
Armando Raucci, o presidente
da equipe da zona leste.
As derrocadas de Juventus e
Nacional têm capítulos, no mínimo, inusitados.
Para explicar a péssima campanha na terceira divisão deste
ano -só venceu 3 dos 18 jogos
que fez até agora- e também
justificar sua aversão a empresários e parceiros, Santiago, o
presidente, conta o que aconteceu com o time do Nacional.
"No ano passado, recebemos
uma proposta de uma parceria
que tinha o aval de alguém muito importante [ele não cita os
nomes]. Montamos um time
forte, baseado no dinheiro que
iríamos receber. Fizemos até
pré-temporada. Mas chegou janeiro e nada de dinheiro. O
mesmo em fevereiro. Aí mandei todo mundo embora, no
meio do campeonato, ficando
só com a garotada", explica.
O Juventus se queixa do que
aconteceu entre 2006 e 2008,
quando estava na primeira divisão do futebol paulista.
"Existia uma lei [mudada
agora pelo prefeito Gilberto
Kassab] que acabava com a
isenção de IPTU aos clubes que
estavam na primeira divisão.
Assim, tivemos que gastar R$
1,2 milhão por ano com o imposto", diz o presidente Raucci,
que tem R$ 100 mil mensais para gastar com o futebol, ou cerca de 10% das receitas do clube,
que tem a parte social como
ponto forte. Diz que teve pouco
dinheiro, mas também atribui
ao "azar" o fato de o time cair
pelo segundo ano seguido.
O técnico do time, Nelsinho,
lateral do São Paulo e da seleção brasileira na década de 80,
foi contratado no meio da competição. Diz que em nenhum
momento os salários ficaram
atrasados. Mas aponta erros.
"A coisa não foi bem estruturada no início. E depois fica difícil correr atrás." No fundo do
poço com seus clubes, Santiago
e Raucci nem pensam em acabar com o futebol e vender seus
acanhados estádios, localizados em áreas valorizadas e desejados por construtoras.
"Nem podemos vender o
campo por nosso estatuto. E
nunca vou acabar com o futebol", diz Santiago. "O Juventus
nasceu com o futebol. Vamos
continuar com ele", promete o
juventino Raucci.
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