|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministro vê síndrome de vira-lata do TCU
Orlando Silva Júnior, titular do Esporte, critica relator do tribunal por ter dito que obras do Pan são exageradas para Jogos
Membro do governo fala em "acompanhamento on-line" dos preparativos e pede mesmo procedimento para todas as áreas do governo
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
O ministro Orlando Silva Júnior, do Esporte, responde em
um tom próximo da ironia e do
desafio ao Tribunal de Contas
da União, que critica sua pasta
no último relatório sobre o Pan.
Em entrevista à Folha, o ministro sugere que o órgão seja
tão minucioso também ao investigar ações dos outros ministérios. Sempre lembrando
respeitar o TCU como um parceiro, ele insinua que Marcos
Vinicios Vilaça, autor do relatório, pensou pequeno ao sacramentar que as obras do Pan
são exageradas para o evento.
"É importante esse acompanhamento em tempo real, on-line, do TCU. Todos os projetos, em todas as áreas, deveriam ser acompanhados assim.
Essa experiência que o Pan tem
gerado poderia ser estendida a
todos os setores", disse Silva Jr.
A afirmação dá a entender
que o ministro vê exagero no
monitoramento. Ele nega. "Jamais vou achar exagerado um
trabalho que nos ajuda."
O relatório divulgado por Vilaça na última quarta-feira foi o
mais duro em relação ao Ministério do Esporte.
Porém o item que provoca
uma das reações mais indignadas de Silva Jr. é o de que bastavam arenas mais modestas, já
existentes no Rio. "Temos que
acabar com nossa síndrome de
vira-lata [inferioridade]. Não
podemos nos conformar com
instalações acanhadas, não podemos passar a vergonha de
chover no ginásio", rebateu.
O episódio vexaminoso a que
se refere é o do Mundial feminino de basquete em São Paulo,
em 2006. Goteiras no Ibirapuera atrapalharam o torneio.
Para justificar o que Vilaça
considera megalomania, o ministro diz que a intenção foi capacitar o Brasil para participar
do circuito internacional de
competições importantes.
Só o fato de o TCU apontar
que há o risco de algumas instalações não estarem prontas a
tempo para a abertura parece
incomodar mais o ministro.
"Prefiro conversar sobre isso
no dia 13 de julho [data da abertura dos Jogos]. Vamos ver."
Em seguida, completou: "Anote aí, todas as obras estarão
prontas com muito sucesso".
A declaração contraria o relatório, que vê risco de algumas
instalações serem finalizadas
com tamanho improviso a ponto de serem recusadas pelas federações internacionais. Outro
golpe no ministro, pois Vilaça
encaixa nessa situação o Complexo de Deodoro, sob responsabilidade do governo federal.
Diz que um atraso na importação do piso para a pista em
que serão disputadas provas de
hipismo pode impedir a homologação pela federação internacional. Isso porque será utilizado material nacional.
O ministro do Esporte contesta dizendo que foi feita a opção pelo piso nacional por ser
mais barato. E que a federação
já aprovou a escolha.
Em crítica mais direta ainda
ao Esporte, Vilaça diz ser curioso notar que a pasta, queixosa da dificuldade de obter dados da prefeitura e do governo
estadual do Rio, não fornece
informações sobre a única obra
sob sua responsabilidade direta. A resposta: "Prestamos todas as informações, às vezes o
tempo é curto, e solicitamos
mais. Não é por falta de tempo
que vamos deixar de cumprir
com as nossas obrigações".
Ao ser questionado se concordava com as críticas feitas
pelo tribunal de contas à prefeitura e ao governo estadual, o
ministro saiu-se com essa:
"Não sou pago para criticar".
E, ao comentar a citada falta
de harmonia entre os governos,
Silva Jr. relembrou os problemas de relacionamento que teve, principalmente com o prefeito Cesar Maia. Mas ao seu
estilo, sem citar nomes. "Não
foram poucas as vezes em que
fomos gentis com quem não
nos ofereceu gentileza. Fizemos de tudo pela harmonia."
Texto Anterior: Juca Kfouri: A seleção desprezada Próximo Texto: Aditamento: "Estouro foi dentro da lei" Índice
|