São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2011

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ENTREVISTA PAULO CÉSAR CARPEGIANI

Tenho contrato e não sou homem de pedir para sair

MANTIDO NO CARGO, TÉCNICO DO SÃO PAULO EVITA RECLAMAR DE CRÍTICOS, ATACA APATIA DO TIME E DIZ QUE NÃO QUIS HUMILHAR RIVALDO

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

Paulo César Carpegiani, por enquanto, sobrevive à sua primeira crise no São Paulo. Mas sabe que as eliminações do Paulista e da Copa do Brasil colocaram fortes dúvidas sobre o seu trabalho.
Acredita que não é hora de arriscar, de fazer desafetos e de fortalecer inimizades. Por isso, é cauteloso.
Em entrevista concedida ontem à Folha, mostrou nítida preocupação em evitar críticas aos dirigentes que defenderam sua demissão, explicou-se sobre assuntos que nem foram questionados e só reclamou mesmo da apatia mostradas pelo seu elenco nos momentos decisivos.

Folha - Por que você foi mantido pelo São Paulo?
Paulo César Carpegiani - Fomos os melhores da primeira fase do Paulista e perdemos para os melhores do Estado. Lancei jovens. Alguma coisa deve ter pesado. Não deve ter sido por questão financeira. Não tenho como entrar na cabeça deles [dirigentes]. O que tem que ser discutido é que mudamos de cara quando ficamos em desvantagem. Não gostaria de falar publicamente sobre isso. Mas o São Paulo tem se caracterizado por trazer jogadores de talento. E talvez isso não seja o suficiente. Você precisa de competitividade.


O time parece apático em alguns momentos.
Essa é a conclusão a que a gente chega. Precisamos de um futebol que seja mais competitivo. A equipe campeã mundial [em 2005] não tinha tanta técnica. Mas era extremamente competitiva.


Você falou com algum membro da diretoria entre sexta, quando sua possível demissão veio à tona, e segunda, data da reapresentação?
Não, não houve nenhum contato até a reunião das 14h de segunda. Meu telefone é o do clube, todos têm o número, e ninguém me ligou.


Como foi sua conversa com o presidente Juvenal Juvêncio?
Quando cheguei, ele falou para eu colocar um ponto final na discussão com o Rivaldo. Depois, o Rivaldo veio aqui e escutei o que ele tinha a dizer. Foi conversa rápida.


E vocês voltaram a se falar?
Hoje [ontem], ele estava no departamento médico. Fui lá e perguntei como ele estava.


O Reffis anda cheio, não?
Isso já aconteceu em um momento decisivo no ano passado. Quero crer que é por causalidade, acredito que seja por isso. Não tem reparo a fazer na parte física.


Acredita que errou ao barrar o Rivaldo contra o Avaí?
Não. Naquele momento, não teria como reverter com a entrada do Rivaldo. Ele poderia ajudar com a experiência, mas coloquei o Willian José e o Henrique porque precisava de gente de área. Só errei por não ter voltado com os jogadores de Florianópolis [após a eliminação, foi para Balneário Camboriú].


O Rivaldo não seria punido, mas foi multado em 20% do salário. Você pediu isso?
Não. Isso é um problema da direção. Só não gostei quando ele disse que seria mais útil que os meninos. Falei para o Rivaldo pedir desculpa ao Willian e ao Henrique. Nunca quis humilhá-lo.


Pensou em pedir demissão?
Sou funcionário do clube e tenho contrato. Não sou homem de pedir para sair.


Acha que entra no Brasileiro com o cargo ameaçado?
Não tenho nenhuma preocupação com isso. Dependo apenas dos resultados.


Como será trabalhar em um clube em que várias pessoas queriam sua demissão?
Respeito a opinião de todo mundo, mas tenho que mostrar trabalho. É com resultados que posso responder.


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