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São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2003

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AUTOMOBILISMO

Em relatório divulgado nesta semana, entidade que comanda a categoria diz que já contratou empresa

Cheia de dívidas, Indy se coloca à venda

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Cart, entidade que dirige a Indy, está atrás de um comprador. Em relatório endereçado a seus investidores divulgado nesta semana, a empresa afirma que até já contratou uma firma de Wall Street, a Bear Stearns & Company, para cuidar da negociação.
Atolada em dívidas, que segundo a imprensa americana passam dos US$ 100 milhões, e sem conseguir sair da pior crise da história, a Cart admite até que não sabe se haverá campeonato em 2005.
"Esperamos que o dinheiro que temos em caixa, o que ganharemos e os empréstimos bancários sejam suficientes para nossas necessidades durante 2004", afirma o documento. "Mas antecipamos que até o final de 2004 nossas reservas estarão esgotadas."
Para ter uma idéia, as ações da Cart na Bolsa de Valores de Nova York, que chegaram a ser cotadas a US$ 33 em 1998, ontem, por exemplo, foram vendidas a US$ 2,66, desvalorização de 92%.
Um dos possíveis compradores seria o inglês Bernie Ecclestone, homem-forte da F-1, que no último final de semana se encontrou com Chris Pook, presidente da Cart, em Montréal. Também estava na reunião Craig Pollock, ex-dirigente da BAR, que atualmente é dono da PK Racing, na Indy.
No ano passado, Ecclestone já havia confirmado que tinha interesse em comprar parte das ações da Cart para transformar a Indy numa "categoria escola" da F-1, no lugar da decadente F-3000.
A compra da Indy seria ainda uma manobra política de Ecclestone. Pressionado pelas montadoras da F-1, que descontentes com a distribuição de verbas na categoria ameaçam criar um campeonato paralelo, Ecclestone teria mais margem de manobra para negociar com as empresas.
Pollock também aparece como possível comprador, mas a probabilidade é que ele seja alçado a principal dirigente da Indy, caso Ecclestone assuma o controle.
No relatório, a Cart busca explicar as razões de estar sucumbindo à crise financeira. Segundo a entidade, o principal motivo de não conseguir gerar receita é o fato de que suas principais fontes de renda não têm produzido resultados: os direitos de TV, os patrocinadores e o dinheiro ganho nas corridas. Como não teve êxito ao negociar com as TVs a exibição das suas provas, a Cart arrumou uma outra solução. Comprou o espaço e tem arcado com todos os custos de produção. E tenta agora lucrar com a publicidade.
Além disso, os organizadores de corridas começaram a desistir de receber provas da Indy por causa do alto custo. Para manter mercados importantes, a entidade assumiu também a organização de alguns eventos. Nos que promoveu em 2003 (Inglaterra e Alemanha), teve prejuízo de US$ 3,1 milhões.
Como se não bastasse, a Cart ainda se viu obrigada a oferecer dinheiro para que as equipes colocassem carros no grid, caso contrário não alcançaria um número mínimo de competidores. Ficou acertado que a entidade paga, por corrida, até US$ 42.500 por carro.


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