São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 2006

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Mundial consagra o futebol de resultados

Fazer primeiro gol na Copa tem peso decisivo, o que não se via desde 1990

Viradas são raras, e média de gols após duas rodadas é uma das três mais baixas da história do torneio, em que os juízes têm mostrado rigor


LUÍS FERRARI
TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que a Fifa adotou os três pontos por vitória em Copas, em 1994, nunca marcar o primeiro gol foi tão importante quanto na atual edição.
Após duas rodadas de disputa, o Mundial da Alemanha exibe a volta do "futebol de resultado", no qual assegurar o triunfo a todo custo é mais importante do que tentar ampliar a vantagem no placar.
Nos gramados alemães, nada menos do que em 22 dos 32 jogos até agora (68,75%) os times que abriram o placar acabaram vencedores. Nas últimas quatro Copas, esse número só é superado pelos 79,16% de 1990, na Itália, último Mundial em que vitória valia só dois pontos.
Outro fator que ilustra a importância de sair em vantagem é o reduzido número de viradas neste Mundial: apenas três. A segunda rodada, por exemplo, teve que aguardar sua 16ª e última partida para registrar uma reação (Espanha 3x1 Tunísia).
Outra semelhança entre esta Copa e a da Itália-90 é a queda da produção ofensiva.
A atual edição conta com 75 gols em 32 jogos, média de 2,34 -a terceira pior da história considerando as duas rodadas iniciais. O índice é superior só aos das Copas de 1986 (2,16 gols por jogo) e 1990 (2,20).
E agora nem os juízes, tradicionais bodes expiatórios, podem ser culpados. Hoje, mais do que nunca, os cartões têm sido mostrados -a Fifa indicou punição severa ao antijogo.
O Mundial alemão é o que apresenta a mais alta média de advertências da história: são 152 cartões amarelos (média de 4,75) e dez vermelhos (0,31). A então mais rigorosa Copa era a dos EUA-1994, com média de 4,52 cartões amarelos por jogo.
A profusão fará com que esta Copa tenha o amarelo número 1.500 da história dos Mundiais.
Faltam só nove para a marca. O rigor das advertências pode fazer até com que um dos astros do futebol moderno abrevie sua carreira: suspenso por duas amarelos, Zinedine Zidane está fora da partida em que a França jogará sua permanência na Copa, contra o Togo. Se a França não vencer e for eliminada, o empate com a Coréia do Sul entra para a história como o último jogo da carreira do meia, cuja aposentadoria pós-Copa foi anunciada em abril.


Colaborou FABIO TURA, do Datafolha

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