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Mundial consagra o futebol de resultados
Fazer primeiro gol na Copa tem peso decisivo, o que não se via desde 1990
Viradas são raras, e média de gols após duas rodadas é uma das três mais baixas da história do torneio, em que os juízes têm mostrado rigor
LUÍS FERRARI
TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde que a Fifa adotou os
três pontos por vitória em Copas, em 1994, nunca marcar o
primeiro gol foi tão importante
quanto na atual edição.
Após duas rodadas de disputa, o Mundial da Alemanha exibe a volta do "futebol de resultado", no qual assegurar o
triunfo a todo custo é mais importante do que tentar ampliar
a vantagem no placar.
Nos gramados alemães, nada
menos do que em 22 dos 32 jogos até agora (68,75%) os times
que abriram o placar acabaram
vencedores. Nas últimas quatro
Copas, esse número só é superado pelos 79,16% de 1990, na
Itália, último Mundial em que
vitória valia só dois pontos.
Outro fator que ilustra a importância de sair em vantagem
é o reduzido número de viradas
neste Mundial: apenas três. A
segunda rodada, por exemplo,
teve que aguardar sua 16ª e última partida para registrar uma
reação (Espanha 3x1 Tunísia).
Outra semelhança entre esta
Copa e a da Itália-90 é a queda
da produção ofensiva.
A atual edição conta com 75
gols em 32 jogos, média de 2,34
-a terceira pior da história
considerando as duas rodadas
iniciais. O índice é superior só
aos das Copas de 1986 (2,16 gols
por jogo) e 1990 (2,20).
E agora nem os juízes, tradicionais bodes expiatórios, podem ser culpados. Hoje, mais
do que nunca, os cartões têm sido mostrados -a Fifa indicou
punição severa ao antijogo.
O Mundial alemão é o que
apresenta a mais alta média de
advertências da história: são
152 cartões amarelos (média de
4,75) e dez vermelhos (0,31). A
então mais rigorosa Copa era a
dos EUA-1994, com média de
4,52 cartões amarelos por jogo.
A profusão fará com que esta
Copa tenha o amarelo número
1.500 da história dos Mundiais.
Faltam só nove para a marca.
O rigor das advertências pode fazer até com que um dos astros do futebol moderno abrevie sua carreira: suspenso por
duas amarelos, Zinedine Zidane está fora da partida em que a
França jogará sua permanência
na Copa, contra o Togo. Se a
França não vencer e for eliminada, o empate com a Coréia do
Sul entra para a história como o
último jogo da carreira do meia,
cuja aposentadoria pós-Copa
foi anunciada em abril.
Colaborou FABIO TURA, do Datafolha
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