São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Sem taça, Adriano quase se banca com camisas

A 10 do atacante teve 44 mil unidades vendidas em seu período de São Paulo

Número representa 70,4% do que o clube gastou em salários do jogador, numa média de 280 exemplares vendidos diariamente

MÁRVIO DOS ANJOS
RICARDO VIEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Na sala de troféus do Morumbi, o atacante Adriano não trouxe nenhum impacto para justificar seu investimento, mas o torcedor de fato "bancou" o jogador, como disse Juvenal Juvêncio em entrevista à Folha no início deste ano.
Se a sua passagem relâmpago no clube tricolor serviu apenas para reposicioná-lo profissionalmente no mercado da bola e nos critérios de Dunga, prejuízo não houve: só a venda de camisas diretamente relacionada a ele pagou 70,4% dos salários do centroavante.
Recuperado para o futebol em alto nível e convocado para quatro malfadados jogos da seleção de Dunga, o atacante, apelidado de "Imperador", "vendeu" cerca de 44 mil camisas tricolores número 10 até 31 de maio, segundo o clube.
Mesmo sendo a camisa 10 um símbolo de tremendo apelo junto aos torcedores, os números ainda são respeitáveis. Sozinho, o jogador, que retorna agora à Inter de Milão, representou um aumento de 30% nas vendas de material esportivo como um todo, conforme apurado pela reportagem.
Como o São Paulo recebe da Reebok 10% de royalties sobre cada camiseta vendida, no valor de R$ 160, o clube recebeu em torno de R$ 704 mil. De 23 de dezembro, data do seu anúncio, até o 31 de maio, segundo os dados, Adriano "vendeu", em média, 280 unidades por dia.
No mesmo período, o goleiro Rogério, tradicional campeão de merchandising entre os são-paulinos, vendeu 26 mil, mesmo tendo a seu favor o lançamento de um modelo novo.
"Trata-se de um case de sucesso, tanto no âmbito esportivo quanto no marketing", afirma Júlio Casares, diretor de marketing do clube do Morumbi, ainda que desprezando o fato de Adriano não ter levantado qualquer taça no seu semestre são-paulino. Caiu com o São Paulo nas semifinais do Paulista, diante do Palmeiras, e nas quartas-de-final da Libertadores, diante do Fluminense.
Em salários do jogador nesses quase seis meses, o investimento foi de R$ 1 milhão. A Inter pagava a maior parte dos vencimentos, enquanto o São Paulo comportava o restante -em torno de R$ 160 mil.
"A parceria foi positiva porque contribuímos na recuperação dele como atleta, e ele teve como recompensa a volta à seleção brasileira. E a Inter teve seu patrimônio protegido", afirma João Paulo de Jesus Lopes, diretor de futebol do São Paulo, entendendo que a benfeitoria foi boa para ambas as partes -caso único, já que outros dois também chegaram ao clube em condições parecidas.
O meia Carlos Alberto chegou emprestado por seis meses de graça pelo Werder Bremen (ALE) e esperava reencontrar no CT da Barra Funda a grande fase que viveu no Porto, quando foi campeão europeu. Não conseguiu e se envolveu em confusão com outro emprestado por seis meses, o volante Fábio Santos, do francês Lyon.
O entrevero abreviou seu empréstimo, e hoje Carlos Alberto já atua pelo Botafogo. Já Fábio Santos teve seu contrato rescindido anteontem, a fim de voltar rapidamente à França. Admitiu que saiu devendo.
Quaisquer que sejam as últimas palavras de Adriano no sábado, quando deve ser homenageado antes do jogo contra o Sport, ele sai com um débito bem menor. Faltaram só taças.


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