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Ele é o bom
Polêmico
em campo,
Drogba tem vida discreta
fora dele, investe em caridade
e ajuda a pacificar a Costa do Marfim
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO
Existem hoje jogadores
melhores do que Didier Drogba, 32. Mas é difícil o futebol
atual ter alguém tão interessante fora de campo quanto o
atacante da Costa do Marfim,
adversária do Brasil hoje.
Em tempos de pregação religiosa nos gramados, atletas
apolíticos, escândalos sexuais e muita opulência, o jogador do Chelsea esbanja tolerância religiosa, envolve-se
em questões políticas, tem
uma vida pessoal "normal" e
faz caridade com o próprio
dinheiro, não só emprestando seu prestígio pessoal.
No ano passado, Drogba
acertou contrato de patrocínio com a Pepsi de cerca de
US$ 4,5 milhões. O dinheiro
foi todo para a construção de
um hospital em Abidjã, a
principal cidade da Costa do
Marfim. A obra deve ficar
pronta no ano que vem e hoje
é a prioridade do atacante.
"Visitei um hospital em
Abidjan e fiquei chocado
com as condições terríveis.
Nós ouvimos coisas sobre
doenças horríveis, mas os garotos que estavam ali morriam de diabete porque não
havia insulina disponível",
disse Drogba à imprensa inglesa quando da decisão de
investir na construção do
hospital, que terá 200 leitos.
O marfinense ainda é embaixador da ONU, função em
que tem como prioridade a
divulgação de campanhas
contra a Aids -em uma delas
tem como parceiro Bono
Vox, vocalista da banda irlandesa de rock U2.
O atacante também faz
ações contra o racismo.
Drogba teve papel importante na pacificação da Costa
do Marfim após guerra civil
que devastou o país africano.
Quando o país se classificou para sua primeira Copa,
a da Alemanha-2006, após
jogo contra o Sudão, Drogba
procurou as câmeras que filmavam o jogo e mandou recado aos compatriotas, então
divididos entre cristãos e muçulmanos e norte e sul.
E fez um discurso que foi
repetido por anos e virou célebre em seu país.
"Povo da Costa do Marfim,
por favor coloque suas armas
no chão, organize eleições, e
as coisas vão ficar melhores", declarou o atacante,
que forçou o presidente do
país a marcar jogo da seleção
na região Norte, onde estavam seus opositores.
Com esse perfil, Drogba foi
incluído na última lista da revista "Time" que aponta as
cem pessoas mais importantes do mundo. Foi um dos escolhidos para estar na capa e
também era o único jogador
de futebol relacionado.
Intimidade com a fotografia não é novidade para o atacante. Ele posou de cueca para ensaio da revista "Vanity
Fair". Apareceu na capa ao
lado de Cristiano Ronaldo, o
que teria provocado ciúme
no atacante português.
Sobram empresas interessadas em patrocinar Drogba.
Além da imagem de ativista
social, conta a seu favor o fato de não ser personagem de
escândalos sexuais, bastantes comuns no futebol inglês.
Drogba é casado há quase
dez anos com mulher nascida no Mali, que conheceu em
Paris. Com Alla, muçulmana,
tem quatro filhos.
(EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO
COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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