São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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Anelka acirra crise na seleção francesa

Atleta é cortado da equipe depois de jornal divulgar que ele xingou técnico no intervalo da derrota para o México

Reprodução/Lequipe.fr
Capa do diário francês "L’Équipe", com Anelka e Domenech

DE SÃO PAULO

"Vá tomar no cu, sujo filho da puta", disse, em bom francês, Nicolas Anelka, 31, ao técnico da França, Raymond Domenech, na quinta, no intervalo da derrota para o México, segundo o "L'Équipe".
O xingamento, estampado sem asteriscos na capa do jornal francês, revelou não só a insubordinação do atleta ante seu treinador como também a crise na qual se afundaram os Bleus (Azuis) após a derrota por 2 a 0. De quebra, o caso escandalizou a sociedade francesa e culminou no corte do atacante da Copa.
Da ministra do Esporte aos craques franceses do passado, todos condenaram a atitude de Anelka, elegendo-o o "enfant terrible" de uma seleção que periga cair ainda na primeira fase da Copa.
Os xingamentos foram o ápice da falta de coesão de um time isolado em seus estrelismos. O próprio Anelka e o maior astro francês, Ribéry, impuseram na última semana uma espécie de bullying (perseguição) a um colega.
Temendo serem ofuscados pelo meia Yoann Gourcuff, 23, estrela ascendente da equipe, os veteranos o isolaram do grupo e, na estreia contra o Uruguai, evitaram passar a bola para ele.
Com Gourcuff solitário e inoperante, Domenech não teve solução senão deixá-lo no banco no segundo jogo.
E foi justo contra o México que a situação fugiu ao controle. Segundo o "L'Équipe", no intervalo do jogo, no vestiário, Domenech criticou a inoperância de Anelka. O atacante não hesitou em xingá-lo. "Está bem, saia", retrucou o treinador. "Sim, claro", afirmou Anelka, que acabou substituído por Gignac.
A divulgação no L'Équipe da atitude do atacante surtiu efeito imediato na federação francesa, que ontem mesmo o excluiu do Mundial. Anelka admitiu a discussão, mas negou os xingamentos. "Quero esclarecer que as palavras que saíram na imprensa não são minhas", declarou ele, ao jornal "France-Soir".
O zagueiro e capitão Evra disse que algum jogador delatou à imprensa a discussão no vestiário. "Este traidor deve ser eliminado do grupo."
A ministra do Esporte, Roselyne Bachelot, clamou por comedimento. "Os jogadores devem se lembrar de que representam as cores da França e são considerados um modelo por muitos jovens."
Os Azuis voltam a campo na terça, precisando de uma combinação de resultados para prosseguir na Copa.
Em um momento em que a França parece prestes a dar adeus à África do Sul, Bachelot pediu apenas que a equipe mantenha a "dignidade".


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