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FUTEBOL
Finalmente
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Finalmente , a seleção do
Luxemburgo perdeu uma
partida das eliminatórias.
Não que eu estivesse torcendo
para isso acontecer -não sou
masoquista e quero ver sempre
um bom jogo de futebol. E gosto,
instintivamente, do sucesso daqueles que falam a minha língua
(a sociologia explica).
Mas, como se diz por aí, "demorou".
Todas as vitórias e empates até
aqui tiveram sabor de derrota,
pela pobreza do espetáculo. Contra o Paraguai, eu achava mais
importante convencer do que
vencer -um 0 a 0 superdisputado, com defesas brilhantes do
Chilavert, seria mais interessante
do que o resto da campanha. Mas
erramos o cravo e a ferradura.
E agora, a casa caiu? Matematicamente, ainda não -foram disputados 15 pontos; ainda há 13 jogos. O problema é que a casa nunca esteve de pé. Há quanto tempo
o Brasil não joga bem?
Esse time que representa o país
só tem dado desgosto, mas muitas
bobagens têm sido ditas.
Alguns jornais destacaram que
a zaga formada por Roque Júnior
e Edmílson era inexperiente. Eles
podem ser novos ainda com a camisa amarela, mas em seus clubes
já tiveram todo tipo de experiências, nacionais ou internacionais.
Se o jogador é bom mesmo, e na
seleção supõe-se que ele seja muito bom, não pode "tremer" de
maneira alguma, seja no teste para o clube do bairro ou na estréia
no time grande. Assim como o piloto de avião não pode se distrair,
o cirurgião não pode hesitar...
São profissionais que têm de estar acostumados aos desafios da
carreira escolhida. Claro que podem ter um dia menos inspirado
ou momentos ruins -embora recebam salários de semideuses, são
humanos. Mas não podem ter
medo de um novo desafio, dos gritos da torcida ou dos olhos da televisão.
Luxemburgo sempre foi criticado por jogar com três volantes ou
"um monte de cabeças de área".
Zé Roberto não é volante, é
meia! Não é um jogador "com características defensivas", como dizem. Eu gosto dele. É corajoso,
parte para cima do rival, entra na
área, cria jogadas interessantes.
Mas entendo que muitos não
gostem, porque nada disso tem
acontecido.
Como todos os outros, ele tem
errado os passes, perdido os dribles e criado nada. De qualquer
jeito, não acho que seja titular da
"melhor seleção do mundo"(?).
Os verdadeiros volantes, Flávio
Conceição e César Sampaio, não
são brucutus sem habilidade, mas
já foram bem melhores.
Dizer que a seleção jogou com
"cinco no meio-de-campo" também não é verdade -eram cinco
jogadores "de" meio-de-campo,
com o Djaminha improvisado no
ataque, podendo se revezar com o
Rivaldo na armação das jogadas.
Isso era a bobagem -se o Rivaldo não tem trabalhado bem
como "homem de ligação", por
que não deixar o Djalminha "fixo" nesse papel e o Rivaldo mais à
frente (ou no banco)?. Essa história do revezamento funcionaria
com o time em um estágio superior de rendimento, naquele estado de graça em que tudo dá certo.
É impossível concordar com o
Luxemburgo quando ele diz que
montou um time sem um "construtor" porque "não existe mais
quem dê aquela bola bonita". Essa história de "não existe mais isso e aquilo" é meio furada -nada é como antes!-, mas nesse caso específico é uma injustiça.
Os dois Ricardinhos, do Corinthians e do Cruzeiro, têm o toque
de categoria que o cargo exige.
Vampeta é um volante de boas
bolas "verticais". Vágner, ex-São
Paulo, em merecido exílio -ele
tem toda razão em não querer jogar sem contrato, mas podia ter se
esforçado por um acordo para jogar as finais da Copa do Brasil-,
é outro jogador "de defesa" que
apavora os defensores adversários. Não é bem um construtor,
mas é muito bom de bola.
O próprio Djalminha é o homem da "bola bonita".
Ainda falando dos convocados,
o banco tinha um jogador de talento que acrescenta beleza e inteligência às jogadas: Alex, um reserva de luxo. Não merece a fama
de "dorminhoco", que tem mais a
ver com seu jeito pacífico fora de
campo (ou "sonso", para os detratores). Pode não ser onipresente e
brigador, mas tem talento demais
para ficar fora.
Luxemburgo deve ser substituído? Não acho que a situação seja
tão dramática ou apocalíptica.
Ele pode tentar mais um pouco,
mas o negócio é simplificar.
Os jogadores precisam acertar
passes, finalizações, posicionamento. Precisam driblar, fintar,
jogar o que sabem, sem tanta
"cautela" e sem mágoas e ressentimentos.
Em um campeonato mais concentrado, uma boa partida seria
suficiente para reverter o ciclo,
mas um jogo é tão longe do outro...
Quem sabe contra a Argentina
teremos um belo jogo, como
aquele de Porto Alegre? (Poliana
ataca novamente!)
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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