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Rachado, tapetão vai ao tapetão
Embate cria dois tribunais máximos do futebol, alça dois presidentes ao topo da Justiça
esportiva, leva um dos lados a recorrer à Justiça comum e lança sombra sobre o Brasileiro
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O tribunal encarregado de julgar atletas e clubes no futebol brasileiro rachou e se transformou
em dois. Um dos lados apelou à
Justiça comum -justamente a
esfera que o próprio tribunal esportivo tem por missão manter
afastada do gramado.
A confusão jurídica pode, em
tese, ameaçar a continuidade do
Brasileiro. Não há hoje certeza legal sobre a qual tribunal um clube
deve recorrer e nem sobre quem
julgará atletas envolvidos em problemas disciplinares.
Duas pessoas se autoproclamam presidentes da principal
instância da Justiça desportiva:
Luiz Zveiter, que comandou o tribunal até sábado, data do último
dia do mandato dos antigos integrantes do tribunal, e Nelson
Thomaz Braga.
Zveiter chegou a recorrer à Justiça comum para fazer valer a sua
vontade. No final da tarde de ontem, os advogados do Vasco, que
apóiam o grupo de Zveiter, obtiveram uma liminar na 4ª Vara Regional da Barra da Tijuca para
cancelar a sessão que garantiu a
eleição de Braga, que havia sido
realizada pela manhã.
"Estou lutando pela legitimidade. Por isso, digo que presido por
mais quatro anos o STJD", disse
Zveiter, que também é desembargador do Tribunal de Justiça do
Rio. Ele foi indicado para ocupar
um assento no STJD pelo vice-presidente da Federação Nacional
dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf), Rinaldo Martorelli.
Já Braga foi nomeado pela
maioria dos presidentes de clubes
da primeira divisão do Brasileiro
para integrar o STJD.
"Fui eleito pelos integrantes da
comissão e entendo que vou comandar a Justiça esportiva a partir de agora", disse Braga, que
também preside o TRT (Tribunal
Regional do Trabalho) do Rio.
A confusão teve início no sábado, quando Zveiter decidiu realizar a eleição para o novo mandato
dos integrantes do órgão. Com o
apoio apenas dos auditores nomeados pela OAB -Rubens Approbato Machado e Octávio Gomes- e de outro nome indicado
pelos atletas -Luiz Geraldo Lanfredi-, ele foi eleito presidente
do STJD até 2008.
Ontem, foi a vez do grupo liderado por Braga realizar a sua eleição. Pela manhã, eles se reuniram
e escolheram o presidente do
TRT-RJ para encabeçar o STJD.
"Fui escolhido pela maioria dos
integrantes da comissão. Por isso,
digo que presido o tribunal. Se o
assunto tiver que ser discutido pelo Supremo Tribunal Federal
[STF] ou pela Justiça do Rio, que
seja. Onde isso vai parar, eu não
sei. Alguém vai ter que dizer
quem tem razão", disse Braga.
Os auditores que integram o
grupo de Braga disseram ontem
que vão recorrer à Justiça comum
para validar o pleito de ontem.
Eles alegam que Zveiter foi indicado para o STJD sem a autorização do presidente da Fenapaf, Ivo
Amaral. A nomeação foi feita por
Martorelli, vice da entidade.
Na tarde de ontem, o sindicato
dos atletas profissionais do Distrito Federal e do Paraná contestavam a decisão da Fenapaf. "A eleição para a indicação do nosso
presidente não aconteceu. Foi
uma escolha apenas dos representantes do Rio, de São Paulo e
do Rio Grande do Sul. Queremos
uma nova indicação", disse Fábio
Aguayo, superintendente do sindicato paranaense. Ele não concorda com a nomeação de Luiz
Zveiter feita pela Fenapaf.
Zveiter tornou-se um dos mais
polêmicos personagens do futebol nacional. O Brasileiro do ano
passado ficou marcado pelos asteriscos na classificação, fruto das
mudanças na tabela por causa de
punições no STJD.
Ele diz que presidirá uma sessão
no tribunal depois de amanhã. O
grupo de Braga afirma que o STJD
está em recesso ao menos até a
próxima semana.
Delegacia
A confusão é tão grande na Justiça desportiva que os funcionários do STJD foram obrigados por
Zveiter a prestar queixa na 5ª Delegacia de Policia contra o grupo
liderado por Braga.
"Foi uma violência. Eles tomaram de assalto o STJD para realizar a sessão deles", disse Zveiter,
que trocou até a fechadura da sede do tribunal.
Ele acusa a CBF de estar pressionando pela sua saída. "A entidade
quer influir novamente no tribunal, mas estou aqui para manter a
independência deste órgão."
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