|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Futebol concentrado
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Reportagem publicada ontem pela Folha alertava para
a possibilidade de aumentar o
fosso entre paulistas e cariocas no
Campeonato Brasileiro. Se caem
dois clubes do Rio para a Série B
(Flamengo e Botafogo estão se esforçando para isso) e sobem dois
paulistas para a Série A, no ano
que vem teríamos nove times da
Paulicéia na primeira divisão e
apenas dois do balneário.
A questão não diz respeito, no
entanto, apenas a paulistas e cariocas. Hoje, percorrendo a lista
dos times que disputam o Brasileirão, verificamos que, dos 24,
apenas Goiás, Vitória e Paysandu
não são do eixo Sudeste-Sul.
É exatamente o Sul a região que
vem ganhando representatividade, com a ascensão dos clubes do
Paraná e de Santa Catarina. Se
antes a concentração do futebol
ficava no eixo Rio-São Paulo,
com a participação de Minas e
Rio Grande, hoje o Rio corre o risco de ficar atrás de Estados anteriormente pouco presentes em
competições nacionais.
Num contexto em que alguns
grandes clubes entram em decadência, abrem-se espaços para
que clubes mais modestos, mas
relativamente bem administrados e sem grandes esqueletos escondidos no armário, possam se
tornar mais competitivos e ganhar projeção nacional.
Meu querido Flamengo, o lanterna do campeonato, verdadeiro
"Flacasso", como insistem os detratores, acabou, como era previsível, demitindo o treinador Abel.
Embora eu seja daqueles que prefeririam ver os técnicos brasileiros
atuando no longo prazo, com
mais estabilidade e condições de
trabalho, também acredito que
em certas circunstâncias o melhor
mesmo é mudar.
No caso de Abel, depois do papelão que foi aquela espécie de
derrota voluntária para o Santo
André, a situação tornou-se crítica. Além do mais, a torcida nunca
o considerou realmente o treinador ideal para a equipe. Aceitava,
mas não se entusiasmava.
A chacoalhada pode ser positiva, assim como a chegada de
Dimba. Há tempos o Flamengo
padece, entre outros, de um terrível mal: a incapacidade de dar
sentido à essência do futebol, que
é fazer a bola entrar no gol. O time até que chega às vizinhanças,
mas na hora de fazer a pelota beijar a rede é um Deus nos acuda.
Ainda temos muito campeonato pela frente e há tempo para o
Flamengo sair do sufoco. Mas é
bom começar a reagir o quanto
antes, porque essa é uma competição especialmente equilibrada,
cuja fórmula, além do mais, costuma punir no futuro os que cometeram erros aparentemente
pequenos no passado. E o Flamengo já cometeu erros enormes.
Foi bem a seleção contra o México -e com grande atuação de
dois ex-jogadores do Flamengo
que deixaram o clube a preço de
banana: o zagueiro Juan e o centroavante Adriano. Outro muito
bem na partida, foi Alex, que, por
sua vez, deve ter deixado babando a torcida do Cruzeiro.
O peso da camisa
O seleção B do Brasil é melhor
do que a seleção A do México
-e provavelmente de muitos
outros países. E há um fator que
nunca deve ser desprezado, por
mais que pareça etéreo: a força
da camisa. E isso nós brasileiros
sabemos bem o que é quando
vamos enfrentar a esquadra do
Uruguai -o próximo adversário na Copa América. Pouco
importa que time eles vão colocar em campo, se tem muitos
ou poucos bons jogadores. O
que nós sabemos muito bem é
que aquela camisa azul é sempre uma encrenca.
Sem Love
Melhor ataque e melhor defesa,
o Palmeiras vai se mantendo no
topo do Brasileiro mesmo sem
Vágner Love. Pelo visto, não
era assim tão dependente do artilheiro quanto se pensava.
E-mail mag@folhasp.com.br
Texto Anterior: Basquete - Melchiades Filho: Os Germans Próximo Texto: Futebol: Contra o 23º, São Paulo ataca com um só Índice
|