São Paulo, terça-feira, 20 de julho de 2004

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FUTEBOL

Futebol concentrado

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Reportagem publicada ontem pela Folha alertava para a possibilidade de aumentar o fosso entre paulistas e cariocas no Campeonato Brasileiro. Se caem dois clubes do Rio para a Série B (Flamengo e Botafogo estão se esforçando para isso) e sobem dois paulistas para a Série A, no ano que vem teríamos nove times da Paulicéia na primeira divisão e apenas dois do balneário.
A questão não diz respeito, no entanto, apenas a paulistas e cariocas. Hoje, percorrendo a lista dos times que disputam o Brasileirão, verificamos que, dos 24, apenas Goiás, Vitória e Paysandu não são do eixo Sudeste-Sul.
É exatamente o Sul a região que vem ganhando representatividade, com a ascensão dos clubes do Paraná e de Santa Catarina. Se antes a concentração do futebol ficava no eixo Rio-São Paulo, com a participação de Minas e Rio Grande, hoje o Rio corre o risco de ficar atrás de Estados anteriormente pouco presentes em competições nacionais.
Num contexto em que alguns grandes clubes entram em decadência, abrem-se espaços para que clubes mais modestos, mas relativamente bem administrados e sem grandes esqueletos escondidos no armário, possam se tornar mais competitivos e ganhar projeção nacional.
 
Meu querido Flamengo, o lanterna do campeonato, verdadeiro "Flacasso", como insistem os detratores, acabou, como era previsível, demitindo o treinador Abel. Embora eu seja daqueles que prefeririam ver os técnicos brasileiros atuando no longo prazo, com mais estabilidade e condições de trabalho, também acredito que em certas circunstâncias o melhor mesmo é mudar.
No caso de Abel, depois do papelão que foi aquela espécie de derrota voluntária para o Santo André, a situação tornou-se crítica. Além do mais, a torcida nunca o considerou realmente o treinador ideal para a equipe. Aceitava, mas não se entusiasmava.
A chacoalhada pode ser positiva, assim como a chegada de Dimba. Há tempos o Flamengo padece, entre outros, de um terrível mal: a incapacidade de dar sentido à essência do futebol, que é fazer a bola entrar no gol. O time até que chega às vizinhanças, mas na hora de fazer a pelota beijar a rede é um Deus nos acuda.
Ainda temos muito campeonato pela frente e há tempo para o Flamengo sair do sufoco. Mas é bom começar a reagir o quanto antes, porque essa é uma competição especialmente equilibrada, cuja fórmula, além do mais, costuma punir no futuro os que cometeram erros aparentemente pequenos no passado. E o Flamengo já cometeu erros enormes.
 
Foi bem a seleção contra o México -e com grande atuação de dois ex-jogadores do Flamengo que deixaram o clube a preço de banana: o zagueiro Juan e o centroavante Adriano. Outro muito bem na partida, foi Alex, que, por sua vez, deve ter deixado babando a torcida do Cruzeiro.

O peso da camisa
O seleção B do Brasil é melhor do que a seleção A do México -e provavelmente de muitos outros países. E há um fator que nunca deve ser desprezado, por mais que pareça etéreo: a força da camisa. E isso nós brasileiros sabemos bem o que é quando vamos enfrentar a esquadra do Uruguai -o próximo adversário na Copa América. Pouco importa que time eles vão colocar em campo, se tem muitos ou poucos bons jogadores. O que nós sabemos muito bem é que aquela camisa azul é sempre uma encrenca.

Sem Love
Melhor ataque e melhor defesa, o Palmeiras vai se mantendo no topo do Brasileiro mesmo sem Vágner Love. Pelo visto, não era assim tão dependente do artilheiro quanto se pensava.

E-mail mag@folhasp.com.br

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