São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2006

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Parreira sai, e CBF fica sem nome ideal

Entidade quer um linha-dura à la Scolari para treinar seleção, mas se vê sem candidato à altura e não descarta usar tampão

Cargo tem de ser preenchido até o mês que vem, quando a equipe nacional terá convocação para amistoso do dia 16 contra a Noruega


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

A Confederação Brasileira de Futebol confirmou ontem oficialmente a saída de Carlos Alberto Parreira do comando da seleção, mas ainda não divulgou o nome do novo treinador.
Agora a entidade quer um técnico linha-dura, com coragem para barrar do time nacional astros como Ronaldo e disposição para controlar excessos dos atletas fora de campo.
Com Luiz Felipe Scolari em Portugal pelo menos até 2008, Ricardo Teixeira terá de se conformar com um treinador que não se encaixe como uma luva no perfil exigido por ele.
Paulo Autuori e Vanderlei Luxemburgo são as principais opções. O presidente da CBF planeja uma operação rápida, já que a equipe volta se reunir em agosto para o amistoso contra a Noruega, no dia 16, em Oslo.
Luxemburgo, o preferido de Teixeira, tem habilidade para domar estrelas, apesar do recente fracasso no Real Madrid. Mas não conta com a discrição exigida pelo cartola. Vive às voltas com polêmicas e problemas na Justiça. Atualmente, é acusado por Edmundo de lhe passar um cheque sem fundo.
Já Autuori está longe de ser o "sargentão" que a CBF julga precisar para comandar uma renovação no time Nacional.
Disciplinador e centralizador, como quer Teixeira, Leão, do São Caetano, é carta fora do baralho. Desde que foi demitido da seleção em 2001, ele se tornou desafeto do cartola.
Não está descartada a possibilidade de um técnico tampão, que ficaria até o final do ano. Quem assumir terá de conviver com a sombra de Scolari, que ficará livre do compromisso com Portugal ainda em tempo de comandar o Brasil em parte das eliminatórias para a Copa da África do Sul. O técnico campeão mundial em 2002 chegou a ser sondado pela CBF, mas o contato não passou de jogo de cena, pois a entidade sabia que a contratação era inviável.
Até ontem à noite, assessores de Autuori e Luxemburgo negavam que os treinadores tivessem recebido convite oficial da confederação brasileira.
As características que exige do novo treinador são as que Teixeira julga terem faltado a Parreira. Ainda durante a Copa, enquanto o time jogava mal, reclamava que o técnico demorava a fazer substituições, não tinha pulso para sacar veteranos e se preocupava só com a parte tática do time, deixando de lado o comportamento festeiro de alguns jogadores, como Ronaldo e Roberto Carlos.
Nada disso, porém, foi discutido ontem de manhã, quando o técnico se reuniu com o presidente da CBF. Ficou decidido que ele não ocupará nenhum outro cargo na entidade.
A saída dele estava decidida pelo cartola desde a eliminação do Brasil, diante da França, nas quartas-de-final da Copa.
Parreira não deu entrevista após o comunicado, mas, segundo a assessoria de imprensa da confederação, declarou que quer dedicar um tempo à família após três anos e meio à frente da seleção. Depois da reunião, foi para sua casa, na Barra da Tijuca, para descansar. Deverá viajar para Angra dos Reis.
Em nota, Teixeira declarou respeito ao treinador, campeão do mundo em 1994, da Copa América, em 2004, e da Copa das Confederações, em 2005.


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