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Para capitão da Davis, união faz a força
Francisco Costa propõe que brasileiros se juntem para contratar um técnico que os acompanhe em torneios no exterior
Sem condições para bancar
viagem de treinador, muitos
tenistas do país disputam
competições internacionais
sem orientação técnica
FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL
Capitão do Brasil na Copa
Davis, Francisco Costa defende
que os tenistas do país deixem
"o individualismo de lado" para
alcançar melhores posições no
ranking da ATP (Associação
dos Tenistas Profissionais).
O técnico sugere que os brasileiros poderiam formar grupos de até quatro atletas, contratar um técnico para acompanhá-los em alguns torneios e,
assim, economizar recursos em
turnês na Europa, por exemplo.
"É uma coisa que vai depender muito de abrir mão de uma
coisa pequena para uma coisa
maior", afirmou Costa.
Muitos brasileiros, sem condições para bancar a companhia de um técnico, acabam
viajando sozinhos muitas vezes. "A dureza do circuito hoje
não permite isso", disse Costa.
Na avaliação dele, 80% das
partidas equilibradas são decididas nos detalhes. E é nesse
quesito que a presença de um
técnico faria a diferença.
Limitados por questões orçamentárias, os tenistas do país,
com ranking intermediários,
optam por jogar challengers
(eventos de segunda linha) a
enfrentar os qualifyings de torneios da série ATP ou Masters
1.000, que só perdem em importância para os Grand Slams.
Isso porque torneios maiores
só custeiam a hospedagem dos
jogadores da chave principal.
"Temos muitos jogadores
abaixo de 300 que têm dificuldade de fazer calendários mesclando challengers com qualis
de ATP e de Masters 1.000 porque são jogadores fazendo cada
um por si e pensando muito na
parte financeira."
O problema é que a mudança
do sistema de pontuação, ocorrida no início da temporada,
privilegiou os grandes torneios.
"O nível [entre challenger e
os ATP menores] não é tão diferente. É questão de ajustar algumas coisas", disse Costa, que
defende que, sem um técnico, o
tenista não consegue se desenvolver suficientemente e ganhar a quantidade de jogos parelhos para ir ao próximo nível.
Ex-técnico de Fernando Meligeni e ex-capitão do Brasil na
Copa Davis, Ricardo Acioly
afirma que o conceito de um
grupo compartilhando um técnico em uma viagem é bom,
mas de difícil execução.
"É preciso ter afinidade profissional e pessoal entre o técnico e os atletas", disse Acioly.
Acioly também afirma que o
tenista é um ser super-individualista. "E quando um estiver
em quadra e um outro também
for jogar. Quem o técnico vai
acompanhar?", questiona.
Caio Zampieri, 268º do ranking e citado por Costa como
um dos que poderiam ser beneficiados com a ideia, recebeu
um e-mail do capitão da Copa
Davis com a sugestão.
"É uma proposta interessante, já que nos challengers os
pontos não estão tão bons
quanto nos ATP", afirmou
Zampieri, que também apontou alguns problemas para a
execução da ideia.
"Mas às vezes se torna complicado por causa de gostos", falou o tenista. "Gosto bastante
de quadra rápida. Thiago Alves,
também. Só que ele está com
um ranking [88º] que é impossível viajar para os mesmos torneios", afirmou ele, que, sem
técnico, caiu na estreia no Challenger de Bogotá.
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