São Paulo, segunda-feira, 20 de julho de 2009

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Para capitão da Davis, união faz a força

Francisco Costa propõe que brasileiros se juntem para contratar um técnico que os acompanhe em torneios no exterior

Sem condições para bancar viagem de treinador, muitos tenistas do país disputam competições internacionais sem orientação técnica

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Capitão do Brasil na Copa Davis, Francisco Costa defende que os tenistas do país deixem "o individualismo de lado" para alcançar melhores posições no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
O técnico sugere que os brasileiros poderiam formar grupos de até quatro atletas, contratar um técnico para acompanhá-los em alguns torneios e, assim, economizar recursos em turnês na Europa, por exemplo.
"É uma coisa que vai depender muito de abrir mão de uma coisa pequena para uma coisa maior", afirmou Costa.
Muitos brasileiros, sem condições para bancar a companhia de um técnico, acabam viajando sozinhos muitas vezes. "A dureza do circuito hoje não permite isso", disse Costa.
Na avaliação dele, 80% das partidas equilibradas são decididas nos detalhes. E é nesse quesito que a presença de um técnico faria a diferença.
Limitados por questões orçamentárias, os tenistas do país, com ranking intermediários, optam por jogar challengers (eventos de segunda linha) a enfrentar os qualifyings de torneios da série ATP ou Masters 1.000, que só perdem em importância para os Grand Slams.
Isso porque torneios maiores só custeiam a hospedagem dos jogadores da chave principal.
"Temos muitos jogadores abaixo de 300 que têm dificuldade de fazer calendários mesclando challengers com qualis de ATP e de Masters 1.000 porque são jogadores fazendo cada um por si e pensando muito na parte financeira."
O problema é que a mudança do sistema de pontuação, ocorrida no início da temporada, privilegiou os grandes torneios.
"O nível [entre challenger e os ATP menores] não é tão diferente. É questão de ajustar algumas coisas", disse Costa, que defende que, sem um técnico, o tenista não consegue se desenvolver suficientemente e ganhar a quantidade de jogos parelhos para ir ao próximo nível.
Ex-técnico de Fernando Meligeni e ex-capitão do Brasil na Copa Davis, Ricardo Acioly afirma que o conceito de um grupo compartilhando um técnico em uma viagem é bom, mas de difícil execução.
"É preciso ter afinidade profissional e pessoal entre o técnico e os atletas", disse Acioly.
Acioly também afirma que o tenista é um ser super-individualista. "E quando um estiver em quadra e um outro também for jogar. Quem o técnico vai acompanhar?", questiona.
Caio Zampieri, 268º do ranking e citado por Costa como um dos que poderiam ser beneficiados com a ideia, recebeu um e-mail do capitão da Copa Davis com a sugestão.
"É uma proposta interessante, já que nos challengers os pontos não estão tão bons quanto nos ATP", afirmou Zampieri, que também apontou alguns problemas para a execução da ideia.
"Mas às vezes se torna complicado por causa de gostos", falou o tenista. "Gosto bastante de quadra rápida. Thiago Alves, também. Só que ele está com um ranking [88º] que é impossível viajar para os mesmos torneios", afirmou ele, que, sem técnico, caiu na estreia no Challenger de Bogotá.


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