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BASQUETE
Indy 3
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
A escolha de Indianápolis
foi sensata. A cidade situa-se
no coração do Meio-Oeste norte-americano, região que respira o
esporte -nas zonas urbanas e,
sobretudo, nas rurais (é difícil encontrar um celeiro em Indiana
sem uma cesta pendurada).
Mas, a dez dias da primeira rodada, os EUA mantêm-se alheios
ao primeiro Mundial de basquete
organizado pelo país.
O desprestígio está refletido no
fraquíssimo movimento das bilheterias. Dos 215 mil ingressos, a
organização até agora só vendeu
135 mil -incluindo pacotes adquiridos por empresas para presentear os clientes "vips", que não
raramente desprezam o convite e
deixam o assento às moscas.
A Indiana Sports Corp., preocupada com um rombo que pode alcançar US$ 10 milhões, programou uma injeção de US$ 500 mil
em publicidade nesta semana para ver se a competição "pega".
Não foi, aliás, outro o motivo
que levou a USA Basketball, a
confederação norte-americana, a
sondar o superastro Michael Jordan. A iniciativa não vingou. O
diagnóstico, contudo, era correto.
Falta brilho e apelo popular à seleção convocada para o torneio.
Craques extraordinários como
Shaquille O'Neal, Kobe Bryant,
Tim Duncan, Tracy McGrady, Jason Kidd e Ray Allen alegaram
contusão, fadiga ou puro desinteresse e declinaram o convite.
O grupo escolhido não conta
com nenhum dos cinco eleitos para a seleção do campeonato 01/02
da NBA. Nem com nenhum dos
cinco suplentes. Entrará em quadra com apenas três nomes homenageados nessa temporada, lembrados só para o time de "bronze"
da liga. Ou seja, com 3 dos 15 melhores jogadores do momento.
Por isso, muitos já interpretam
a apatia do público como um
presságio do primeiro revés de
uma seleção dos EUA formada
por profissionais da NBA.
Analisada individualmente, a
equipe norte-americana não assusta mesmo, não merece o apelido de "Dream Team" consagrado
pelas versões anteriores.
A começar pela massa bruta
(no basquete, tamanho é documento, sim senhor). Só cinco convocados ostentam mais de 2,01 m
(6-7 pés) de altura. A Iugoslávia,
principal rival, chamou oito.
Dos 12 norte-americanos, apenas 3 conciliam a ginga, a explosão e a técnica que caracterizam o
basquete "um-contra-um" admirado pelo planeta: os armadores
Baron Davis e Andre Miller e o
ala Paul Pierce. Deles, só o último
parece maduro para "assumir" a
partida em momentos críticos.
Os demais são jogadores de perfil "tático". São reboteiros bitolados, Ben Wallace e Antonio Davis. São alas "fazem-de-tudo-um-pouco", Michael Finley e Shawn
Marion. Há um pivô que prefere
atuar longe da tabela, Raef LaFrentz. E há alas-pivôs que nada
sabem fazer longe da tabela, Jermaine O'Neal e Elton Brand. E
Reggie Miller, conhecido pelo instinto assassino, já não é mais
aquele -veterano, usam-no para
despistar a defesa adversária.
Ainda assim, os EUA têm uma
baita seleção, homogênea, bem
equilibrada nos fundamentos. A
comissão técnica se diz confiante
e prevê que a aparente falta de
lustre individual dará coesão e foco ao time. Não se deve desconsiderar esse argumento. Basta recordar o semidesastre da formação superestrelada da Olimpíada-2000, que bocejou diante da
Lituânia e quase perdeu.
Mas que dá uma coceirinha, dá.
Pré-Mundial 6
Depois do canadense Steve Nash, que pediu dispensa por razões financeiras, outro armador da NBA desfalcará a competição. O espanhol Raúl López, recém-contratado pelo Utah, sofreu, domingo,
uma ruptura parcial de ligamento no joelho direito. O Brasil deve
pegar as duas seleções no segundo "round" da primeira fase.
Pré-Mundial 7
O Brasil faz amanhã, em Araraquara, o último teste antes de viajar.
Pré-Mundial 8
O técnico José Medalha reviverá em Indianápolis a gloriosa conquista do ouro do Pan-87. Da arquibancada, comentará as rodadas
do Mundial para o seu site (www.josemedalhabasketball.com).
Pré-Mundial 9
O site oficial (www.2002worldbasketball.com) segue abandonado.
E-mail melk@uol.com.br
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