São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

Texto Anterior | Índice

BASQUETE

Indy 3

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

A escolha de Indianápolis foi sensata. A cidade situa-se no coração do Meio-Oeste norte-americano, região que respira o esporte -nas zonas urbanas e, sobretudo, nas rurais (é difícil encontrar um celeiro em Indiana sem uma cesta pendurada).
Mas, a dez dias da primeira rodada, os EUA mantêm-se alheios ao primeiro Mundial de basquete organizado pelo país.
O desprestígio está refletido no fraquíssimo movimento das bilheterias. Dos 215 mil ingressos, a organização até agora só vendeu 135 mil -incluindo pacotes adquiridos por empresas para presentear os clientes "vips", que não raramente desprezam o convite e deixam o assento às moscas.
A Indiana Sports Corp., preocupada com um rombo que pode alcançar US$ 10 milhões, programou uma injeção de US$ 500 mil em publicidade nesta semana para ver se a competição "pega".
Não foi, aliás, outro o motivo que levou a USA Basketball, a confederação norte-americana, a sondar o superastro Michael Jordan. A iniciativa não vingou. O diagnóstico, contudo, era correto. Falta brilho e apelo popular à seleção convocada para o torneio.
Craques extraordinários como Shaquille O'Neal, Kobe Bryant, Tim Duncan, Tracy McGrady, Jason Kidd e Ray Allen alegaram contusão, fadiga ou puro desinteresse e declinaram o convite.
O grupo escolhido não conta com nenhum dos cinco eleitos para a seleção do campeonato 01/02 da NBA. Nem com nenhum dos cinco suplentes. Entrará em quadra com apenas três nomes homenageados nessa temporada, lembrados só para o time de "bronze" da liga. Ou seja, com 3 dos 15 melhores jogadores do momento.
Por isso, muitos já interpretam a apatia do público como um presságio do primeiro revés de uma seleção dos EUA formada por profissionais da NBA.
Analisada individualmente, a equipe norte-americana não assusta mesmo, não merece o apelido de "Dream Team" consagrado pelas versões anteriores.
A começar pela massa bruta (no basquete, tamanho é documento, sim senhor). Só cinco convocados ostentam mais de 2,01 m (6-7 pés) de altura. A Iugoslávia, principal rival, chamou oito.
Dos 12 norte-americanos, apenas 3 conciliam a ginga, a explosão e a técnica que caracterizam o basquete "um-contra-um" admirado pelo planeta: os armadores Baron Davis e Andre Miller e o ala Paul Pierce. Deles, só o último parece maduro para "assumir" a partida em momentos críticos.
Os demais são jogadores de perfil "tático". São reboteiros bitolados, Ben Wallace e Antonio Davis. São alas "fazem-de-tudo-um-pouco", Michael Finley e Shawn Marion. Há um pivô que prefere atuar longe da tabela, Raef LaFrentz. E há alas-pivôs que nada sabem fazer longe da tabela, Jermaine O'Neal e Elton Brand. E Reggie Miller, conhecido pelo instinto assassino, já não é mais aquele -veterano, usam-no para despistar a defesa adversária.
Ainda assim, os EUA têm uma baita seleção, homogênea, bem equilibrada nos fundamentos. A comissão técnica se diz confiante e prevê que a aparente falta de lustre individual dará coesão e foco ao time. Não se deve desconsiderar esse argumento. Basta recordar o semidesastre da formação superestrelada da Olimpíada-2000, que bocejou diante da Lituânia e quase perdeu.
Mas que dá uma coceirinha, dá.

Pré-Mundial 6
Depois do canadense Steve Nash, que pediu dispensa por razões financeiras, outro armador da NBA desfalcará a competição. O espanhol Raúl López, recém-contratado pelo Utah, sofreu, domingo, uma ruptura parcial de ligamento no joelho direito. O Brasil deve pegar as duas seleções no segundo "round" da primeira fase.

Pré-Mundial 7
O Brasil faz amanhã, em Araraquara, o último teste antes de viajar.

Pré-Mundial 8
O técnico José Medalha reviverá em Indianápolis a gloriosa conquista do ouro do Pan-87. Da arquibancada, comentará as rodadas do Mundial para o seu site (www.josemedalhabasketball.com).

Pré-Mundial 9
O site oficial (www.2002worldbasketball.com) segue abandonado.

E-mail melk@uol.com.br



Texto Anterior: Futebol - José Roberto Torero: Três clausos, digo, causos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.