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Protesto fecha o Parapan no Rio
Cadeirantes e ex-atletas são barrados da festa de encerramento na Vila e criticam organizadores
Com faixas, cerca de 30 manifestantes reclamam da ausência de público; para Co-Rio, evento era apenas "congraçamento de atletas"
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Menos de duas horas após os
organizadores e o ministro do
Esporte, Orlando Silva Jr., terem feito balanço elogioso do
evento, o Parapan foi encerrado ontem à noite com protestos
de cadeirantes, entidades ligadas aos deficientes e ex-atletas.
Sem poder entrar na Vila,
que abrigou o show de encerramento, o grupo de cerca de 30
manifestantes realizou um
protesto com faixas e discursos
inflamados contra o fechamento do evento ao público.
O ato contou até com a presença de Luiz Cláudio Pereira,
dono de seis medalhas de ouro
paraolímpicas e um recorde
mundial no atletismo. Na festa
de abertura, na semana passada, Pereira acendeu a pira.
"É um grande absurdo. Isso
mostra que o país ainda discrimina e não dá oportunidade a
todos", disse o ex-atleta.
O Parapan foi um sucesso esportivo para o país e de público.
O Brasil foi o vencedor dos Jogos. O país ficou com 228 medalhas, sendo 83 de ouro. O Canadá ficou em segundo, com
112 medalhas e 49 ouros. O México foi o terceiro, com uma
medalha de prata a mais que os
Estados Unidos. No total, 20
recordes mundiais foram quebrados. O Co-Rio estimou ontem que cerca de 280 mil pessoas assistiram aos eventos do
Parapan, gratuitos.
Na manifestação de ontem,
dezenas de filiados ao IBDD
(Instituto Brasileiro de Defesa
dos Direitos das Pessoas com
Deficiência), sediado no Rio,
participaram do ato. A entidade
serve de local de treinamento
para vários atletas que se destacaram no Parapan, como o nadador André Brasil, sete medalhas de ouro nos Jogos, e o judoca Antônio Tenório da Silva,
que também venceu no Rio e
foi porta-bandeira ontem.
"A dignidade que foi dada aos
atletas nos foi esquecida. Isso
mostra bem com o será a nossa
vida depois deste Parapan",
disse o cadeirante João Carlos
Farias, 48, que segurava próximo da entrada da Vila dos atletas a faixa com a frase: "Barrados no baile".
Além de o evento ter sido fechado ao público, os manifestantes criticaram também a escolha do condomínio que abrigou os atletas para receber a cerimônia de encerramento. A
abertura dos Jogos foi realizada
na Arena Multiuso, com capacidade para 12 mil pessoas. Já o
show de ontem na zona internacional da Vila foi assistido
por 1.500 pessoas.
O protesto surpreendeu os
organizadores. O secretário-geral do Co-Rio, Carlos Roberto
Osório, tentou amenizar a situação, mas não teve sucesso.
De acordo com Osório, o evento de ontem "seria um congraçamento dos atletas promovido
pela APC [Comitê Paraolímpico das Américas]". Até o encerramento desta edição, o APC
não havia se pronunciado sobre
a manifestação na Vila.
Pouco antes, o presidente do
Co-Rio, Carlos Arthur Nuzman, e o ministro do Esporte
haviam dado uma entrevista
coletiva com elogios ao desempenho dos atletas e a organização. "Escrevemos uma das páginas mais importantes do esporte brasileiro. Isso foi reconhecido por atletas, mídia e dirigentes", disse Nuzman.
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