São Paulo, quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

O bom senso


Bem mais inteligente do que "adaptar o nosso calendário ao internacional" é tornar as disputas do país simultâneas

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O TEMA é importante e atual, o que me obriga a voltar a ele.
Não vi ainda ninguém discutir mesmo um meio-termo para a adaptação do calendário brasileiro ao mundial, europeu ou de parte da Europa (a das ligas mais importantes). Há quem defenda mudanças, e você que lê a coluna sabe que estou nesse time. E há, claro, quem quer deixar tudo como está. Filtre as opiniões desse segundo time, pois alguns dos que são contra a mudança do calendário brasileiro são mais do que suspeitos por razões comerciais. Sabemos, todos, quem faz a maior oposição a mudanças e tem medo.
A criação da Copa do Brasil foi uma acertada adaptação ao calendário mundial e europeu. Quase todos os países têm seu campeonato e sua copa. Hoje, ninguém discute se a Copa do Brasil é boa ou ruim, apenas há os que querem melhorá-la,
como eu.
A implantação do Brasileiro por pontos corridos foi outra acertada adaptação ao calendário mundial e europeu. Hoje, são imensa minoria os que ainda criticam a fórmula mais simples e justa de se apontar o campeão do torneio mais nobre do país.
Quem é mais antigo vai se lembrar de Brasileiros que, além de inchados e bagunçados, começavam num ano e terminavam no outro. De certa forma, não seria tão novidade assim um campeão brasileiro 2010/2011.
Mas o que quero mostrar aqui é que dá para fazer o Brasileiro num ano só, sem "problemas maiores".
Basta usar o bom senso e tornar todas as disputas do país simultâneas. É assim que funciona no tal "calendário mundial" ou da elite europeia.
Neste meio de semana, por exemplo, temos uma rodada bem bacana do Brasileiro. Se o campeonato fosse esticado e tomasse nove/dez meses, praticamente todos os jogos aconteceriam nos finais de semana. Às terças, quartas e quintas teríamos uma Copa do Brasil turbinada (com TODOS os clubes do país) e Estaduais enxutos, com jogos sempre decisivos, ótimos para a televisão. Imagine como seria legal para uma TV mostrar todo fim de semana um Brasileiro robusto e todo meio de semana, além de Libertadores/Sul-Americana, um mata-mata (os Estaduais poderiam funcionar como a Copa da Liga da Inglaterra, o terceiro torneio do país). Dá para desafogar o calendário em junho/julho, adequando-se a Mundial, Olimpíada, Copa América, Copa das Confederações ou só aos torneios de verão europeu (e ao nosso inverno, que reduz o público), e manter as férias dos jogadores para dezembro/janeiro. Mas e o êxodo dos atletas brasileiros, agora um livro essencial do PVC? Isso não cairá substancialmente com um novo calendário, pois os boleiros ainda vão querer sair, os clubes ainda vão precisar vender e há mercados alternativos com outros calendários. Não acho, porém, que o maior motivo para mudar seja esse. Devemos mudar porque é mais lógico, é o bom senso.

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br


Texto Anterior: Volta aos eixos: Mano vincula bom desempenho da equipe a Elias
Próximo Texto: O que ver na TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.