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Nova geração investe em preparação diferenciada
FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Florianópolis
Psicólogo, nutricionista, médico
ortomolecular, preparador físico,
massagista, professor de ioga.
Na tentativa de melhorar seu desempenho na água e facilitar a vida
fora dela, a nova geração de surfistas do país passa a recorrer ao trabalho desses profissionais.
O objetivo, mesmo que velado, é
evitar casos como os de Fábio Silva
e Neco Padaratz, que deixaram a
elite do surfe profissional alegando saudades de casa e problemas
de relacionamento.
Um exemplo foi o que aconteceu
na última sexta, durante o Maresia
Surf Floripa, em Florianópolis
(SC). Como alunos comportados,
os outrora rebeldes surfistas lotaram um auditório para assistir ao
debate "A Preparação do Campeão Mundial Brasileiro de Surfe".
"Cada um tem um tipo de problema, mas acho que fica mais difícil sentir saudades de casa com
esse tipo de ajuda", diz o catarinense Marco Polo Fonseca, 17.
Em 97, foi campeão panamericano júnior. Em outubro, disputa o
Mundial amador, em Portugal, e,
em novembro, o Mundial pró-júnior, no Havaí (EUA).
Fonseca, de Araranguá, mora há
três anos em Florianópolis, com
um irmão e um amigo. Como outros 30 jovens surfistas, ele recorre
aos conselhos de Marco Schultz,
que se autodefine como "preparador e mentor" de atletas.
"Trabalho não só o condicionamento físico, mas também a integração corpo, mente e espírito",
diz. "Queremos transformar o
surfista em um atleta de surfe."
Segundo Schultz, a preparação
visa justamente evitar que outros
surfistas brasileiros venham a
abandonar o circuito no momento
em que estiverem sob pressão.
"Não julgo o Fábio, não julgo o
Neco. O problema é que o atleta
brasileiro tem um limitador muito
forte, que é seu lado emocional."
Schultz é formado em educação
física e passou oito anos nos EUA,
especializando-se em ioga e na
"preparação mental" de esportistas. Trabalha com uma equipe de
duas massagistas, um nutricionista, um instrutor de natação e um
médico especializado em esporte.
Teco Padaratz, campeão do
WQS em 92, diz crer que o trabalho de Schultz pode render benefícios que sua geração não teve.
"Ele trabalha muito o lado psicológico. Acorda seu corpo, não
só para o surfe, como também para a vida fora da água", afirma.
"Não necessariamente vai fazer você ganhar a bateria, mas vai
deixar você mais tranquilo."
O carioca Yuri Sodré, 20, é o estereótipo do surfista profissional.
Carrega consigo um "staff" muito parecido aos de pilotos que tentam a sorte no automobilismo.
"Tenho um preparador físico,
um médico ortomolecular, um
psicólogo esportivo e pratico natação na Academia da Praia, no
Rio", diz. "Isso tudo é fundamental, ajuda a focalizar os objetivos."
Um problema no joelho esquerdo o obrigou, há seis meses, a iniciar uma rotina diária de exercícios de hidroginástica. "Se não
fortalecer os músculos da coxa,
vou voltar a sentir dor."
Diferentemente de parte de seus
colegas, Yuri completou o segundo grau e chegou a cursar faculdade no Rio. "Parei por causa das
viagens, mas quero terminar."
O repórter
Fábio Seixas viaja a convite da organização do Maresia Surf Floripa
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