São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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peso nos ombros

Alonso surta às vésperas da decisão

Normalmente agressivo, espanhol terá que adotar estilo cauteloso no GP Brasil para confirmar o bicampeonato na F-1

Campeão no ano passado em Interlagos, piloto revela ansiedade e diz que pensa várias vezes em como será se ganhar ou perder o título

FÁBIO SEIXAS
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

No início da decisão mais aguardada dos últimos seis Mundiais, cautela. Num circuito que deve amanhecer molhado, cautela. Na vigília para um bi ou para um octo, cautela. E em meio a tanta precaução, um piloto que começa a surtar.
Campeão em 2005 no autódromo de Interlagos, em São Paulo, Fernando Alonso, 25, revelou ontem que começa a ter problemas para digerir sua tarefa neste fim de semana. Normalmente agressivo, o espanhol terá que negar o sangue quente para não pôr em risco um título quase conquistado.
"Foi uma semana difícil. Não paro de pensar no final da corrida. Já pensei milhares de vezes em como será se eu ganhar e já pensei milhares de vezes em como será se eu perder", declarou o espanhol, que chegou a mudar radicalmente a forma de preparação para a corrida.
"A parte da preparação física ficou meio em segundo plano. Não fiz esporte nenhum para não correr o risco de me machucar. Não fiz mountain bike, não joguei tênis nem futebol."
Haveria, ainda, uma outra razão para o cuidado de Alonso com este fim de semana. Na última terça, um jornal alemão, o "Bild-Zeitung", publicou reportagem em que um integrante da Renault revelava que o espanhol teme Interlagos desde o acidente que sofreu no circuito em 2003, o mais forte de sua carreira no automobilismo.
Até Michael Schumacher, que precisa arriscar tudo neste final de semana, deve adotar a cautela como norma para os treinos livres de hoje, que abrem a programação oficial do GP Brasil, a última etapa do Mundial -as sessões, com uma hora de duração cada uma, começam às 11h e às 14h, com TV.
Como a previsão é de pista molhada hoje e de tempo seco amanhã e no domingo, não há razão para os pilotos completarem grande número de voltas.
O ensaio, afinal, ocorreria num cenário bem diferente daquele dos eventos principais, o treino classificatório e a prova. Pior: consumindo motor. Uma eventual quebra de propulsor custará ao piloto-vítima a perda de dez posições no grid.
Dessa forma, o torcedor que for a Interlagos hoje deve ver muito pouco de Alonso e Schumacher enquanto o asfalto estiver úmido. O trabalho deve ficar concentrado nas mãos dos pilotos de testes, gente desconhecida do grande público, como o venezuelano Ernesto Viso, da Spyker-Midland, e o suíço Neel Jani, da Toro Rosso.
Desde 2000, quando Michael Schumacher bateu Mika Hakkinen no GP do Japão, em Suzuka, e encerrou um jejum de 21 anos da Ferrari sem títulos do Mundial de Pilotos, a F-1 não esperava -e não discutia- tanto uma simples corrida.
Desta vez, a disputa pelo título é um dos atrativos. O outro, a despedida de Schumacher.
"Não estou pensando muito nisso agora, mas sei que vou pensar nos próximos dias", disse o ferrarista, ontem.
Para ser bicampeão, independentemente do resultado do alemão, Fernando Alonso só precisa de um oitavo lugar no GP brasileiro. Já o ferrarista tem que vencer e esperar que o rival abandone ou seja, no máximo, nono colocado.


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