São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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FÁBIO SEIXAS

Meu diário


Pilotos criticando o asfalto, Schumacher emocionado, Alonso tenso. O resultado? Imprevisível como estes dias


SEGUNDA-FEIRA. O pit lane é um depósito de caixas. Nos boxes, Renault e Ferrari parecem adiantadas. Um desavisado imaginaria a Williams como desfalque: os carros estão abandonados no fundo dos boxes e não há um mecânico por perto. Funcionários da McLaren almoçam sanduíches de mortadela com tomate sentados sobre os carros. O assunto é o asfalto. Um passeio a pé pela Reta dos Boxes e é fácil constatar o estrago causado pelos "zerinhos" feitos por categorias que arrendam o autódromo por preços irrisórios durante o ano. A Red Bull surpreende todo mundo e anuncia uma demonstração de F-1 pela cidade na madrugada de quarta-feira.
Terça. O trabalho segue pesado em Interlagos, mas a correria é maior ainda pela cidade. Entocados até então, Massa e Barrichello aparecem em eventos aqui e ali. O ferrarista diz que não é um piloto sujo, descartando a possibilidade de tirar Alonso da pista no domingo. Barrichello destila rancor sobre sua saída da Ferrari, mas diz que não quer ver Schumacher na sarjeta. Fico sabendo, no almoço, que a Red Bull só anunciou o evento em cima da hora porque enfrentava resistências na prefeitura. No fim da tarde, chega o comunicado: devido ao "mau tempo", o passeio foi cancelado. Algo cheira mal.
Quarta. Chove em Interlagos. Na sala de imprensa ainda vazia, uma goteira pinga perto de onde estou sentado. No banheiro masculino, uma minicascata. Os ingleses provocam: "O tempo em Silverstone estava melhor". Fico quieto, estava mesmo. O único piloto a pintar no circuito é De la Rosa, talvez procurando emprego para 2007. A Globo enche o paddock de atletas olímpicos para alavancar seu Pan. Na internet, pipoca a história de que Schumacher visitou o túmulo do Senna. Cascata. O alemão passou o dia jogando bola em Botucatu e fazendo compras na Daslu. A caixa de e-mails entope com mensagens de torcedores bravos porque acordaram cedo e não viram carro da Red Bull na rua.
Quinta. Acordo com o som de um F-1 sob a janela e solto um palavrão. Inacreditável: sem avisar ninguém, a equipe, enfim, colocou seu carro na 23 de Maio. No Transamérica, Massa e Schumacher riem com Sílvio e Vesgo. O alemão ganha uma tartaruga de plástico de presente e coloca o boné sobre ela. Diz, ainda, que não esteve em nenhum cemitério. Massa e Barrichello se abraçam diante das câmeras e dizem que Interlagos é como o quintal de suas casas. Diante dos boxes, a McLaren faz treino de pit stop. Alonso chega e tira fotos com crianças. Um repórter croata xinga tudo, diz que no Brasil nada funciona. Pergunto por que ele não volta para casa.
Sim, isso tudo também é GP Brasil. Hoje, sábado e domingo? Pilotos reclamando do asfalto, Schumacher emocionado, Alonso tenso. O resultado? Tão imprevisível como uma semana maluca desse jeito.

FUTURO 1
Em meio à loucura do fim de campeonato, uma informação passou despercebida. A Ferrari renovou o primeiro contrato do seu "dream team". Byrne segue como consultor até o fim de 2009. Em dois meses, ou antes, segundo a assessoria da escuderia, deve ser divulgado o organograma para 2007.

FUTURO 2
A BAT anunciou ontem que será mais uma a se despedir da F-1 em Interlagos. É a maior marca do declínio tabagista na categoria. De dona de equipe e patrocinadora a ex-patrocinadora foram oito anos. Outra marca que sai é a Mild Seven.

FUTURO 3
Agora ferrarista, Raikkonen já escolheu onde vai morar: Milão. A balada lá é melhor que em Bolonha. Adriano que o diga.

fseixas@folhasp.com.br


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