São Paulo, domingo, 20 de novembro de 2005

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FUTEBOL

No clássico, melhor do mundo comanda show do time catalão, que faz maior placar no rival em Madri em 20 anos

Até Real aplaude Ronaldinho e Barcelona

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ronaldinho ofuscou Ronaldo. Messi ofuscou Robinho. Frank Rijkaard ofuscou Vanderlei Luxemburgo. O resultado: maior vitória do Barcelona sobre o arqui-rival Real em Madri em 20 anos. A imagem: a torcida do time da capital aplaude o show de Ronaldinho, que comandou a festa catalã.
O placar de 3 a 0 para o visitante não era visto desde a temporada 1984/1985. E, pelo que jogou o atual campeão espanhol, saiu barato para a equipe "galáctica". Se havia alguma dúvida sobre a condição de melhor do mundo e da Europa de Ronaldinho acabou ontem -ele deve faturar nas próximas semanas a "Bola de Ouro" e o seu segundo troféu da Fifa.
Havia grande expectativa no Santiago Bernabéu pelo duelo entre Robinho e Messi, chamados de "novo Pelé" e "novo Maradona", mas o gaúcho roubou a cena no final -até sair de campo na metade do segundo tempo, a promessa argentina ameaçava o protagonismo do melhor do mundo.
O jovem atacante do Barça (18 anos) começou a jogada do primeiro gol. Se livrou de um adversário e, quando se preparava para invadir a área do Real Madrid, Eto'o ficou com a bola e fuzilou Casillas aos 15min. O jogador mais odiado pelos madrilenos na atualidade -o camaronês, ex-Real Madrid, provocou o clube merengue após o título passado- calava os torcedores locais.
Ronaldo voltou após sua contusão no tornozelo esquerdo, mas estava bastante discreto em campo. Robinho também esteve apático -tentou simular pênalti e foi advertido com cartão amarelo. Roberto Carlos agrediu pelo menos uma vez Eto'o na área, mas o árbitro não apontou pênalti.
O time de Rijkaard dominou amplamente a equipe de Luxemburgo, que viu alguns de seus principais atletas em condições físicas inadequadas -Raúl saiu contundido, e Guti e Júlio Baptista entraram sem o ritmo ideal.
A defesa do Real Madrid sofria com a velocidade e a movimentação do adversário. A liberdade dada a Ronaldinho, em especial, determinou a derrota histórica.
No segundo tempo, aos 15min, Ronaldinho deu arrancada pela esquerda, onde se posiciona mais no Barcelona, livrou-se de Sergio Ramos e Helguera em grande estilo e fez um golaço: 2 a 0. A torcida do Real não se calou. Ao contrário, aplaudiu o rival brasileiro.
Em uma das poucas jogadas boas do time da casa, Zidane deixou Ronaldo livre para marcar, mas o atacante estava impedido.
Para impedir de vez qualquer reação do Real Madrid, Ronaldinho fez outro belo gol em outra bela arrancada pela esquerda, em outro lance em que o zagueiro Sergio Ramos foi vencido antes de Casillas. Mais aplausos no Santiago Bernabéu para Ronaldinho, para o Barcelona. Histórico.
"Me parece perfeito receber o carinho da torcida do maior rival. Em poucos momentos da carreira isso ocorre", disse o craque.
Na temporada passada, o Barça havia aplicado um 3 a 0 no time da capital, mas tinha sido no Camp Nou. Agora, Madri se rendeu à superioridade do rival, novo líder do Espanhol -com o empate do Osasuna com o Getafe ontem, o Barcelona assumiu a ponta com 25 pontos e saldo de 19 gols.
O time catalão, que chegou a 30 gols, recebe o Real, que está quatro pontos atrás, no segundo turno para levar o bi. Luxemburgo prometeu o título para Madri, mas esta já aplaude o Barcelona.


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