|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após três tombos, Muricy afasta sina
Técnico sepulta fado de perder taça em momentos cruciais
Ranzinza e de estilo simples, treinador se consagra como o primeiro ex-atleta do São Paulo a ganhar um título Nacional com a prancheta
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram três vices no ano. Mas
no fim, o grito de campeão saiu.
E da melhor maneira. Dentro
de casa e com um Morumbi botando gente pelo ladrão.
O jogo de ontem, que abreviou o Brasileiro deixando as
duas rodadas restantes apenas
para cumprir tabela em relação
ao título, coroou um trabalho
que foi nivelado por cima.
São 25 jornadas como o melhor time -num total de 26- e
recorde absoluto de uma equipe no topo desde que o Brasileiro voltou a ser disputado com
pontos corridos.
Termina também o campeão
com mais vitórias (22) e mais
gols marcados (64).
E quem comandou tudo isso?
Muricy Ramalho, 50, o novo
técnico campeão brasileiro.
Dono de um estilo ranzinza,
porém autêntico, resgata uma
linhagem que andara sufocada
por etiquetas, marketing e palavreado difícil.
"Sempre que o time perde a
culpa é do técnico. Já estou
acostumado. Agora, só tenho a
agradecer a minha mulher [Roseli], que me ajudou a superar
os momentos difíceis", disse.
Ontem, após o empate que
rendeu ao São Paulo seu quarto
título nacional, ele mais uma
vez fez valer o seu jeito simplório. "Vou comemorar com os
jogadores. Vou para o vestiário.
Agora a festa é nossa", falou
ainda no gramado do Morumbi.
Técnico que usa uniforme do
clube na beira do campo e não
se preocupa com aparência
-ostenta uma protuberante
barriga-, Muricy inaugura
uma lista de profissionais são-paulinos que ganharam títulos
importantes dentro e fora de
campo, quebrando uma incômoda sina para ex-atletas do
clube que assumiram o comando técnico do time.
O maior treinador da história
da equipe foi Telê Santana, que
não tinha vestido a camisa tricolor como atleta.
Rubens Minelli, o primeiro a
tornar o time campeão nacional, também não defendeu a
equipe como jogador.
Dos ""boleiros" são-paulinos
que viraram ""professores" no
clube, José Poy e Nelsinho Baptista eram os que tinham títulos mais significativos. Cada
um ganhou apenas um Paulista
na carreira.
Muricy já havia ganho duas
competições internacionais como técnico no São Paulo.
Venceu a Copa Conmebol comandando o "Expressinho"
-nome pelo qual era conhecido o grupo com jovens atletas
postulantes ao time titular-
em 1994 e, depois, conquistou a
Supercopa da Conmebol, disputa que teve só uma edição,
em 1996.
Porém essas duas conquistas
não ajudaram o treinador a ganhar muito prestígio no clube.
Muricy era visto como um
discípulo de Telê sem a devida
experiência. Foi liberado pela
diretoria para ""rodar" o Brasil,
como o próprio Muricy afirma.
Ontem, com a missão cumprida de dar ao São Paulo um título importante na temporada,
ele desabafou. "Sou campeão.
Agora posso falar que sou campeão."
(TONI ASSIS E RODRIGO BUENO)
Texto Anterior: Juca Kfouri: Muricy Ramalho, o Telezinho Próximo Texto: Entrevista: Técnico chora e pede proposta para continuar Índice
|