São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 2006

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Após três tombos, Muricy afasta sina

Técnico sepulta fado de perder taça em momentos cruciais

Ranzinza e de estilo simples, treinador se consagra como o primeiro ex-atleta do São Paulo a ganhar um título Nacional com a prancheta

DA REPORTAGEM LOCAL

Foram três vices no ano. Mas no fim, o grito de campeão saiu. E da melhor maneira. Dentro de casa e com um Morumbi botando gente pelo ladrão.
O jogo de ontem, que abreviou o Brasileiro deixando as duas rodadas restantes apenas para cumprir tabela em relação ao título, coroou um trabalho que foi nivelado por cima.
São 25 jornadas como o melhor time -num total de 26- e recorde absoluto de uma equipe no topo desde que o Brasileiro voltou a ser disputado com pontos corridos.
Termina também o campeão com mais vitórias (22) e mais gols marcados (64).
E quem comandou tudo isso? Muricy Ramalho, 50, o novo técnico campeão brasileiro.
Dono de um estilo ranzinza, porém autêntico, resgata uma linhagem que andara sufocada por etiquetas, marketing e palavreado difícil.
"Sempre que o time perde a culpa é do técnico. Já estou acostumado. Agora, só tenho a agradecer a minha mulher [Roseli], que me ajudou a superar os momentos difíceis", disse.
Ontem, após o empate que rendeu ao São Paulo seu quarto título nacional, ele mais uma vez fez valer o seu jeito simplório. "Vou comemorar com os jogadores. Vou para o vestiário. Agora a festa é nossa", falou ainda no gramado do Morumbi.
Técnico que usa uniforme do clube na beira do campo e não se preocupa com aparência -ostenta uma protuberante barriga-, Muricy inaugura uma lista de profissionais são-paulinos que ganharam títulos importantes dentro e fora de campo, quebrando uma incômoda sina para ex-atletas do clube que assumiram o comando técnico do time.
O maior treinador da história da equipe foi Telê Santana, que não tinha vestido a camisa tricolor como atleta.
Rubens Minelli, o primeiro a tornar o time campeão nacional, também não defendeu a equipe como jogador.
Dos ""boleiros" são-paulinos que viraram ""professores" no clube, José Poy e Nelsinho Baptista eram os que tinham títulos mais significativos. Cada um ganhou apenas um Paulista na carreira.
Muricy já havia ganho duas competições internacionais como técnico no São Paulo.
Venceu a Copa Conmebol comandando o "Expressinho" -nome pelo qual era conhecido o grupo com jovens atletas postulantes ao time titular- em 1994 e, depois, conquistou a Supercopa da Conmebol, disputa que teve só uma edição, em 1996.
Porém essas duas conquistas não ajudaram o treinador a ganhar muito prestígio no clube.
Muricy era visto como um discípulo de Telê sem a devida experiência. Foi liberado pela diretoria para ""rodar" o Brasil, como o próprio Muricy afirma.
Ontem, com a missão cumprida de dar ao São Paulo um título importante na temporada, ele desabafou. "Sou campeão. Agora posso falar que sou campeão." (TONI ASSIS E RODRIGO BUENO)


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