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Suspeita de fraude na arbitragem atinge Série B
Santa Cruz diz que membro da CBF, já afastado, pedia dinheiro por ajuda de juízes
Presidente da federação
pernambucana pedirá, se
comprovada a fraude,
anulação do torneio, que já
definiu acesso e descenso
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma denúncia da diretoria
do Santa Cruz pôs sob suspeita
a arbitragem da Série B e pode
até atingir a Comissão de Arbitragem da CBF. Foi encaminhado dossiê à confederação
em que há indícios de que um
membro do grupo, que está
afastado, aceitou receber dinheiro para tentar manipular
resultados de partidas.
Baseado neste documento, a
Federação Pernambucana de
Futebol pretende pedir a anulação da Série B se a fraude for
comprovada. Nessa competição, que no sábado realiza sua
última rodada, o Santa Cruz já
foi rebaixado à Série C.
No dossiê, a federação enviou
à CBF e-mails trocados com o
presidente do Santa Cruz, Edson Nogueira, por um suposto
intermediário da confederação,
que se identificava como sendo
Paulo Jorge Alves.
Esse é o nome do membro da
Comissão de Arbitragem que
está afastado no momento. Segundo Sérgio Corrêa, que dirige
a comissão, Alves deixou o grupo no dia 22 de outubro. A Folha apurou que sua saída foi
motivada por atitudes que contrariam a cúpula da CBF, sem
relação com as acusações.
Em mensagens a partir de 26
de outubro, Alves oferece "uma
mãozinha" para que o Santa
Cruz não seja derrotado no torneio: "(...) na reta final é muito
importante a soma de pontos,
não importa se é 1 ou 3 pontos,
o importante é pontuar".
No dia 29, véspera do duelo
com o Ceará, Alves pede R$
6.000 por jogo. "Essa quantia
será paga após todos os jogos
com o objetivo alcançado com
empate ou vitória e seja onde
for. (...) Faça a parte de vocês
que, com certeza, faremos a
nossa. Seu time [sic] onde quer
que jogue, estará lá uma pessoa
nossa. Isso quando eu mesmo
não puder ir. Portanto, passe as
instruções aos seus jogadores,
que agora eles serão acompanhados de perto. Muita cautela
para não levantar suspeitas",
afirma um dos e-mails.
O presidente do Santa Cruz
admite que fez um depósito de
R$ 2.300, a pedido do Ministério Público de Pernambuco,
antes do jogo com o Ceará -o
dinheiro seria usado para comprar passagens aéreas ao grupo
que negociaria com os árbitros.
A verba foi depositada numa
conta do Bradesco indicada por
Alves, em nome de Francisco
Gaspar Neto, "o homem forte
da comissão" -supostamente
de arbitragem-, segundo o intermediário. O time, entretanto, foi derrotado por 3 a 0.
No dia 3 de novembro, os
pernambucanos empataram
com o Avaí em dois gols. Três
dias depois, em um novo e-mail, o suposto representante
da CBF faz referência aos dois
jogos e disse que "(...) quando o
dinheiro entrou [para a partida
contra o Ceará], já era tarde,
não tive como segurar". E afirmou que usou a verba para obter um ponto contra o Avaí.
Porém, desde o início das negociações, o Santa Cruz não ganhou nenhuma partida. Foram
dois empates e três derrotas.
O presidente do clube diz
que fez o depósito com o intuito de confirmar a extorsão. Negou oportunismo na denúncia.
Disse que informou a federação há 20 dias. "Foi questão de
timing", disse o presidente da
federação, Carlos Alberto de
Oliveira. A Folha ligou para
Jorge Alves e Gaspar Neto, mas
ninguém atendeu.
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