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Irlanda quer novo jogo com a França
Fifa recebe pedido para anular partida das eliminatórias com gol irregular, mas se cala por enquanto sobre o episódio
Governo irlandês defende os interesses de sua seleção perante a entidade máxima do futebol, mas nem técnico acha possível novo duelo
DA REPORTAGEM LOCAL
A eliminação da Irlanda pela
França nas eliminatórias da
Copa com um gol irregular gerou uma série de protestos nos
dois países e um pedido formal
de anulação do jogo de anteontem, em que o atacante Henry
conduziu a bola com a mão na
jogada que definiu o empate de
1 a 1 e a classificação francesa.
No gol decisivo de Gallas, na
dramática prorrogação no Stade de France, além do toque de
mão de Henry, dois jogadores
franceses já estavam em posição de impedimento -um deles participou da jogada.
Em comunicado, a Associação de Futebol da Irlanda disse
que "a decisão grosseiramente
incorreta do árbitro de validar
o gol feriu a integridade do esporte" e solicitou à Fifa que o
jogo seja disputado novamente.
Os irlandeses argumentaram
ainda que "o toque de mão foi
reconhecido pelo comissário
da Fifa, pelo observador da arbitragem, pelos árbitros da partida e pelo próprio jogador".
A associação relembrou que
há precedente em Copas. Em
2005, a Fifa anulou confronto
das eliminatórias asiáticas entre o Uzbequistão e o Bahrein
por um erro de arbitragem,
atendendo a pedido uzbeque.
Uma repetição do confronto,
no entanto, parece improvável.
À agência Associated Press a
Fifa disse que o pedido foi recebido e está em análise, mas que
as regras do esporte não preveem a reversão de resultados.
O italiano Giovanni Trapattoni, treinador da Irlanda, parece não esperar muito do apelo da associação: "Sei que isso é
impossível. Quando um juiz decide, para mim, é o fim do jogo".
As queixas não se restringiram ao âmbito esportivo. O ministro da Justiça da Irlanda,
Dermot Ahern, disse que a manutenção do resultado "reforçará a ideia de que quem trapaceia vence". E o primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen,
prometeu levar a discussão ao
presidente francês em um encontro da União Europeia.
"Já disse ao Cowen que sinto
por eles, mas não me peçam para ocupar o lugar do árbitro
nem das instâncias do futebol.
Me deixem em meu lugar",
brincou Nicolas Sarkozy.
O protesto ecoou no governo
francês. A ministra dos Esportes, Roselyne Bachelot, criticou
o futebol dos "Bleus" e reconheceu que o país obteve a vaga
"graças a um grosseiro erro".
Ainda na França, o sindicato
de professores de esportes e
educação física definiu a jogada
de Henry como "um mau
exemplo para as crianças", que
reflete "a espiral descendente
que afeta o futebol hoje".
As redes sociais na internet
também reagiram. No Facebook, centenas de grupos foram formados -irlandeses
chamaram Henry de "trapaceiro". Seu ato, de "a mão do sapo".
Para muitos franceses, o jogador recriou a "mão de Deus".
Na Wikipedia, a enciclopédia
colaborativa, o termo "cheating" ("trapacear" em inglês)
foi alterado para incluir o polêmico lance da partida.
"Henry é um malandro hipócrita, que manchou sua reputação. Para mim, será sempre um
hipócrita", disse Tony Cascarino, ex-atacante e ídolo irlandês.
A Fifa, em seu site, destaca as
classificações obtidas nos outros jogos de anteontem -a última foi a do Uruguai, após empate com a Costa Rica, que ficou sem o técnico René Simões- e não chama a atenção
para o polêmico triunfo francês. O sorteio dos grupos da Copa será em 4 de dezembro, na
África do Sul. Em tese, se a Fifa
atender ao pedido irlandês e
marcar novo duelo, esse deveria ocorrer antes dessa data.
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