São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010 |
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JOSÉ GERALDO COUTO Mala branca ou preta
MALA BRANCA, mala preta, não se fala em outra coisa nesta reta final do Brasileirão, em que alguns clubes que não têm nada a perder enfrentam outros que têm tudo a ganhar. Quanto à mala preta -suborno para que um time faça corpo mole ou entregue o jogo ao adversário-, parece não haver divergências. Pelo menos da boca para fora, todos a condenam. A dúvida, no caso, é: ela existe ou não? Já em torno da mala branca, o incentivo financeiro suplementar dado por terceiros para que os jogadores desempenhem seu máximo contra um "inimigo comum", não existe consenso nem entre jogadores, nem entre torcedores. Para o capitão do Corinthians, William, a prática não tem nada demais. Assemelha-se, no seu entender, aos prêmios de produtividade dados a vendedores que têm uma boa performance. A diferença, acrescento eu, é que tais prêmios são dados pela própria firma em que os vendedores trabalham. Já para o também zagueiro Edcarlos, do Cruzeiro, rival direto do Corinthians na luta pelo título nacional, a mala branca é algo que não faz sentido quando se trata de times grandes. Segundo ele, o Vasco, por exemplo, adversário cruzeirense de amanhã, entrará em campo motivado apenas pela tradição do clube e pelo profissionalismo de seus atletas. Será? Em resumo: no mundo do futebol, a mala preta é sacanagem pura. Mais que um crime, é uma aberração ética que, se existe, deve ser extirpada. Mas e a mala branca? É ilegal? Imoral? Vicia o cidadão? Sugiro uma pesquisa Datafolha para saber a opinião dos torcedores e dos jogadores brasileiros sobre a questão. Com base nas mensagens que recebo dos leitores, suspeito que a maioria dos entrevistados dirá que os atletas já ganham dinheiro suficiente de seus clubes para defender suas cores com o máximo de empenho, em qualquer circunstância. Isso é verdade no plano ideal. Mas a vida real, em especial o mundo da bola, é um lugar muito mais feio e problemático do que gostaríamos. Certa vez, o saudoso Ernesto Varela (repórter encarnado por Marcelo Tas) fez a seguinte pergunta a vários astros internacionais da F-1: "Um piloto de corridas corre atrás de quê?". Uns responderam: "Da glória". Outros: "De superar limites". Até que veio Nelson Piquet e disse, na lata: "De grana, cara. Todo mundo corre atrás de grana". Será que no futebol é muito diferente? jgcouto@uol.com.br Texto Anterior: Cruzeiro: Montillo e Fabrício treinam separados, mas devem jogar Próximo Texto: Matemática é entrave para marmelada Índice | Comunicar Erros |
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