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FUTEBOL
Norte e Nordeste reagem à movimentação de clubes do Sul e do Sudeste e saem em apoio ao presidente da CBF
Federações lançam ofensiva anti-Farah
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Fortaleza
Presidentes de federações do
Norte e do Nordeste decidiram
formar um grande bloco, com
maior poder de barganha, que
possa ter peso mais decisivo nas
eleições para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol,
que acontecem no final de 1999.
Liderada por Fares Cândido Lopes, presidente da Federação Cearense de Futebol, a união das federações do Norte e do Nordeste tenta enfraquecer a iniciativa dos
grandes times do Sul e do Sudeste,
que estão começando a trabalhar
contra a reeleição de Ricardo Teixeira e sinalizam uma aproximação a Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol e provável candidato ao cargo máximo da CBF.
Conforme revelou a Folha anteontem, no Rio, onde fica a sede
da CBF, os dois clubes cariocas
mais populares, Flamengo e Vasco, já se posicionaram contra um
novo mandato de Teixeira.
Eurico Miranda, vice-presidente
de futebol do Vasco, e Márcio Braga, candidato favorito à sucessão
de Kleber Leite no Flamengo,
anunciaram que "vão trabalhar na
oposição" no próximo ano.
Em São Paulo, Farah deverá ter
apoio de todos os grandes clubes.
Como resposta, anteontem, antes do amistoso da seleção, as federações do Norte e do Nordeste lançaram um manifesto de apoio ao
atual presidente da CBF, que deverá ser confirmado em janeiro, após
nova reunião que será realizada
entre elas.
Mais do que reiterar o apoio ao
atual presidente, a idéia da nova
frente é marcar posição de força,
para que os interesses do futebol
do Norte e do Nordeste também
sejam atendidos.
Na pauta de reivindicações, está
a valorização da Copa do Brasil e
das Séries B e C do Brasileiro, que
contam com muitos clubes da região, além de mais amistosos da
seleção e pelo menos três jogos das
eliminatórias para a Copa de 2002
em capitais das duas regiões.
Mas, pelo menos por enquanto,
não existe consenso em torno do
número de participantes da Série
A do Brasileiro -24, em 1998, 22,
em 1999. Algumas federações defendem o aumento do número de
times na principal divisão do campeonato, como sugeriu Farah. Outras, não.
A maioria, porém, reclama da
ênfase que Farah dá aos torneios
estaduais ou mesmo regionais, que
atravessam dificuldades financeiras na maior parte do país.
Elas têm também o temor de que
o dirigente passe a administrar para os clubes, deixando a seleção
brasileira em segundo plano.
Um dos dirigentes que estiveram
em Fortaleza para o amistoso, mas
que pediu para não ser identificado, lembrou que Farah chegou a
cogitar, há alguns anos, a realização do Brasileiro como se fosse
uma Copa do Mundo, isto é, em
uma única sede, durante um período não superior a um mês.
O dirigente que emitiu tal comentário afirmou acreditar que a
idéia prejudicaria os clubes do
Norte e do Nordeste, pois, ao enfraquecer o Campeonato Brasileiro, afastaria-os ainda mais do restante do país.
Nas eleições para a CBF votam,
além dos 27 presidentes de federações estaduais, todos os clubes da
Série A do Brasileiro -atualmente
são 24, o que resultaria, se a eleição
acontecesse hoje, num universo de
51 votantes, com pesos semelhantes para todos.
Em Fortaleza, estiveram presentes representantes das federações
de Ceará, Piauí, Maranhão, Sergipe, Alagoas, Bahia, Rio Grande do
Norte e Pernambuco para discutir
a questão.
²
Apoio condicionado
O único que admitia abertamente a hipótese de apoiar Farah era
Carlos Alberto Oliveira, presidente
da Federação Pernambucana.
Apesar de elogiar a administração de Ricardo Teixeira e de dizer
que "ainda é cedo para falar em
eleição", fazia questão de dizer que
é amigo dos dois.
"Gosto muito do Farah também,
mas vamos decidir em quem votar
só depois de janeiro", afirmou.
Mas, para ter seu voto e de outros
representantes da região, Oliveira
deixa claro que um jogo das eliminatórias terá que ser em Recife. "E
de preferência um Brasil e Argentina", disse.
²
Com a Reportagem Local
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