São Paulo, sexta, 20 de novembro de 1998

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FUTEBOL
Norte e Nordeste reagem à movimentação de clubes do Sul e do Sudeste e saem em apoio ao presidente da CBF
Federações lançam ofensiva anti-Farah

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Fortaleza

Presidentes de federações do Norte e do Nordeste decidiram formar um grande bloco, com maior poder de barganha, que possa ter peso mais decisivo nas eleições para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol, que acontecem no final de 1999.
Liderada por Fares Cândido Lopes, presidente da Federação Cearense de Futebol, a união das federações do Norte e do Nordeste tenta enfraquecer a iniciativa dos grandes times do Sul e do Sudeste, que estão começando a trabalhar contra a reeleição de Ricardo Teixeira e sinalizam uma aproximação a Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol e provável candidato ao cargo máximo da CBF.
Conforme revelou a Folha anteontem, no Rio, onde fica a sede da CBF, os dois clubes cariocas mais populares, Flamengo e Vasco, já se posicionaram contra um novo mandato de Teixeira.
Eurico Miranda, vice-presidente de futebol do Vasco, e Márcio Braga, candidato favorito à sucessão de Kleber Leite no Flamengo, anunciaram que "vão trabalhar na oposição" no próximo ano.
Em São Paulo, Farah deverá ter apoio de todos os grandes clubes.
Como resposta, anteontem, antes do amistoso da seleção, as federações do Norte e do Nordeste lançaram um manifesto de apoio ao atual presidente da CBF, que deverá ser confirmado em janeiro, após nova reunião que será realizada entre elas.
Mais do que reiterar o apoio ao atual presidente, a idéia da nova frente é marcar posição de força, para que os interesses do futebol do Norte e do Nordeste também sejam atendidos.
Na pauta de reivindicações, está a valorização da Copa do Brasil e das Séries B e C do Brasileiro, que contam com muitos clubes da região, além de mais amistosos da seleção e pelo menos três jogos das eliminatórias para a Copa de 2002 em capitais das duas regiões.
Mas, pelo menos por enquanto, não existe consenso em torno do número de participantes da Série A do Brasileiro -24, em 1998, 22, em 1999. Algumas federações defendem o aumento do número de times na principal divisão do campeonato, como sugeriu Farah. Outras, não.
A maioria, porém, reclama da ênfase que Farah dá aos torneios estaduais ou mesmo regionais, que atravessam dificuldades financeiras na maior parte do país.
Elas têm também o temor de que o dirigente passe a administrar para os clubes, deixando a seleção brasileira em segundo plano.
Um dos dirigentes que estiveram em Fortaleza para o amistoso, mas que pediu para não ser identificado, lembrou que Farah chegou a cogitar, há alguns anos, a realização do Brasileiro como se fosse uma Copa do Mundo, isto é, em uma única sede, durante um período não superior a um mês.
O dirigente que emitiu tal comentário afirmou acreditar que a idéia prejudicaria os clubes do Norte e do Nordeste, pois, ao enfraquecer o Campeonato Brasileiro, afastaria-os ainda mais do restante do país.
Nas eleições para a CBF votam, além dos 27 presidentes de federações estaduais, todos os clubes da Série A do Brasileiro -atualmente são 24, o que resultaria, se a eleição acontecesse hoje, num universo de 51 votantes, com pesos semelhantes para todos.
Em Fortaleza, estiveram presentes representantes das federações de Ceará, Piauí, Maranhão, Sergipe, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte e Pernambuco para discutir a questão.
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Apoio condicionado
O único que admitia abertamente a hipótese de apoiar Farah era Carlos Alberto Oliveira, presidente da Federação Pernambucana.
Apesar de elogiar a administração de Ricardo Teixeira e de dizer que "ainda é cedo para falar em eleição", fazia questão de dizer que é amigo dos dois.
"Gosto muito do Farah também, mas vamos decidir em quem votar só depois de janeiro", afirmou.
Mas, para ter seu voto e de outros representantes da região, Oliveira deixa claro que um jogo das eliminatórias terá que ser em Recife. "E de preferência um Brasil e Argentina", disse.
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Com a Reportagem Local


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