São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

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Inquérito sobre Rebeca termina sem indiciados

Punida pela Odepa com a perda das medalhas obtidas no Pan, nadadora se livra de acusação de fraudar antidoping

Delegado que cuidou do caso afirma que não ficou "convencido" de que atleta teria manipulado urina em controles feitos no Rio


SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde Pública do Rio, o delegado Marcos Cipriano não denunciou ninguém no inquérito sobre o doping da nadadora Rebeca Gusmão no Pan do Rio.
A conclusão de Cipriano foi enviada na semana passada ao Ministério Público do Estado do Rio. O órgão terá até a semana que vem para pedir o arquivamento do caso ou determinar novas investigações.
Anteontem, Rebeca teve cassadas suas quatro medalhas obtidas nos Jogos do Rio, em julho. Ela foi condenada por doping pela Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana).
Rebeca havia conquistado dois ouros (50 m e 100 m livre), uma prata (4 x 100 m livre) e um bronze (4 x 100 m medley). A atleta havia se tornado a primeira brasileira campeã pan-americana na natação.
""Não fiquei convencido de que ela manipulou a urina. Além disso, a coleta também foi muito contestada. Por isso, decidi não denunciar ninguém", afirmou o delegado, que, no início do inquérito, havia dito que estava ""comprovada a fraude" no exame antidoping da nadadora, realizado no dia 13 de julho, data da abertura do Pan.
Em novembro, Rebeca foi suspensa preventivamente após a Fina (Federação Internacional de Natação) ter divulgado alto nível de testosterona no exame antidoping da atleta.
A análise da contraprova teria sido realizada anteontem, no Canadá. O resultado, porém, só deve ser divulgado amanhã.
Se o teste comprovar doping, a atleta ainda teria direito a duas instâncias de julgamento. A primeira em um painel da Fina e, em seguida, na Corte de Arbitragem do Esporte. Ela podo ser punida por até dois anos.
Logo após a divulgação do resultado positivo no teste feito no Canadá, nova fraude foi descoberta em outro teste realizado pela atleta em julho. Depois de solicitação de Eduardo de Rose, coordenador do antidoping no Pan, o exame de DNA feito em duas amostras de urina da nadadora constatou que houve mais de um doador.
A coleta fora analisada pelo Ladetec, laboratório do Rio responsável pelos exames do Pan.
O resultado configuraria indício de fraude e, tecnicamente, é considerado doping.
""Agora, vou aguardar a manifestação do Ministério Público", comentou Cipriano, que ouviu Rebeca, De Rose, o presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Coaracy Nunes, e a médica Renata Castro, entre outros envolvidos no imbróglio.
Ex-nadadora olímpica do Brasil e que atuou como voluntária no Pan, Adriana Salazar afirmou, em depoimento, que não teve permissão para cumprir sua função durante a coleta da urina da nadadora. Adriana, que era escolta de Rebeca, contou que foi proibida de entrar no banheiro por administradores do parque aquático.
O inquérito foi aberto a pedido do presidente do Co-Rio (comitê organizador dos Jogos), Carlos Arthur Nuzman. Ontem, ele informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria a decisão do delegado. Nuzman disse que aguardava comunicado oficial sobre a conclusão do inquérito.


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