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Inquérito sobre Rebeca termina sem indiciados
Punida pela Odepa com a perda das medalhas obtidas no Pan, nadadora se livra de acusação de fraudar antidoping
Delegado que cuidou do caso afirma que não ficou "convencido" de que atleta teria manipulado urina
em controles feitos no Rio
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a
Saúde Pública do Rio, o delegado Marcos Cipriano não denunciou ninguém no inquérito
sobre o doping da nadadora Rebeca Gusmão no Pan do Rio.
A conclusão de Cipriano foi
enviada na semana passada ao
Ministério Público do Estado
do Rio. O órgão terá até a semana que vem para pedir o arquivamento do caso ou determinar novas investigações.
Anteontem, Rebeca teve cassadas suas quatro medalhas obtidas nos Jogos do Rio, em julho. Ela foi condenada por doping pela Odepa (Organização
Desportiva Pan-Americana).
Rebeca havia conquistado
dois ouros (50 m e 100 m livre),
uma prata (4 x 100 m livre) e
um bronze (4 x 100 m medley).
A atleta havia se tornado a primeira brasileira campeã pan-americana na natação.
""Não fiquei convencido de
que ela manipulou a urina.
Além disso, a coleta também foi
muito contestada. Por isso, decidi não denunciar ninguém",
afirmou o delegado, que, no início do inquérito, havia dito que
estava ""comprovada a fraude"
no exame antidoping da nadadora, realizado no dia 13 de julho, data da abertura do Pan.
Em novembro, Rebeca foi
suspensa preventivamente
após a Fina (Federação Internacional de Natação) ter divulgado alto nível de testosterona
no exame antidoping da atleta.
A análise da contraprova teria sido realizada anteontem,
no Canadá. O resultado, porém,
só deve ser divulgado amanhã.
Se o teste comprovar doping,
a atleta ainda teria direito a
duas instâncias de julgamento.
A primeira em um painel da Fina e, em seguida, na Corte de
Arbitragem do Esporte. Ela podo ser punida por até dois anos.
Logo após a divulgação do resultado positivo no teste feito
no Canadá, nova fraude foi descoberta em outro teste realizado pela atleta em julho. Depois
de solicitação de Eduardo de
Rose, coordenador do antidoping no Pan, o exame de DNA
feito em duas amostras de urina da nadadora constatou que
houve mais de um doador.
A coleta fora analisada pelo
Ladetec, laboratório do Rio responsável pelos exames do Pan.
O resultado configuraria indício de fraude e, tecnicamente, é considerado doping.
""Agora, vou aguardar a manifestação do Ministério Público", comentou Cipriano, que
ouviu Rebeca, De Rose, o presidente da CBDA (Confederação
Brasileira de Desportos Aquáticos), Coaracy Nunes, e a médica Renata Castro, entre outros
envolvidos no imbróglio.
Ex-nadadora olímpica do
Brasil e que atuou como voluntária no Pan, Adriana Salazar
afirmou, em depoimento, que
não teve permissão para cumprir sua função durante a coleta
da urina da nadadora. Adriana,
que era escolta de Rebeca, contou que foi proibida de entrar
no banheiro por administradores do parque aquático.
O inquérito foi aberto a pedido do presidente do Co-Rio
(comitê organizador dos Jogos), Carlos Arthur Nuzman.
Ontem, ele informou, por meio
de sua assessoria de imprensa,
que não comentaria a decisão
do delegado. Nuzman disse que
aguardava comunicado oficial
sobre a conclusão do inquérito.
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