São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

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SS fará teste de droga que nem Pequim viu

Prova terá seus exames enviados para laboratório no Canadá, que flagra Cera

Medicamento, lançado para tratar insuficiência renal, foi detectado pela 1ª vez na Volta da França e motivou "recall" em testes olímpicos


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Droga não testada nos Jogos de Pequim, em agosto, o Cera (Ativador Contínuo do Receptor de Eritropoietina, na sigla em inglês) será um dos alvos do antidoping da São Silvestre.
A droga, lançada comercialmente com o nome de Mircera pelo laboratório Roche no ano passado, estimula a produção de glóbulos vermelhos, melhorando a oxigenação no sangue.
Na medicina, a substância é utilizada para o tratamento de anemia em pacientes com insuficiência renal crônica. No esporte, passou a ser flagrada a partir da Volta da França de ciclismo, realizada em julho.
"Vamos enviar os testes para Montréal, que já conta com tecnologia de detecção do Cera", diz Rafael Trindade, coordenador médico da Anad (Agência Nacional Antidoping), responsável pelos testes da prova.
"A droga é nova, mas hoje, pela internet, os atletas podem ter acesso a ela", acrescenta.
Segundo Trindade, as amostras não seguirão para o Ladetec, no Rio, único laboratório do país credenciado pela Agência Mundial Antidoping, porque o local estará em recesso.
O Ladetec possui, desde 2007, tecnologia para detectar a EPO (eritropoietina), da qual o Cera é derivado. "Eles implantaram essa análise para o Pan do Rio [em 2007], mas nunca houve nenhum caso."
A EPO surgiu em 1985. Acredita-se que a substância tenha sido usada desde então para o aumento artificial de glóbulos vermelhos, favorecendo atletas de provas de resistência.
Para obter status de prova internacional, a São Silvestre necessita, entre outras obrigações, realizar ao menos oito testes. A regra é da Iaaf (entidade que comanda o atletismo).
"Mas ainda não definimos o número total de testes que serão feitos. É possível que sejam mais, se a CBAt [Confederação Brasileira de Atletismo] achar necessário", diz Thomaz Mattos de Paiva, presidente da Anad, que é vinculada à CBAt.
Sem tecnologia disponível no Centro de Controle de Doping da China, os Jogos de Pequim não fizeram testes para o Cera.
A ausência de análise para a nova droga obrigou o Comitê Olímpico Internacional a promover o primeiro "recall" de antidoping -as amostras são armazenadas por oito anos.
Para encontrar possíveis fraudadores da última Olimpíada, haverá 400 novos testes de sangue no Laboratório Suíço de Análise de Doping, em Lausanne. Outras cem amostras de urina passarão por reavaliação no Instituto de Bioquímica de Colônia, na Alemanha. Além do Cera, nova espécie de insulina também é alvo dos novos controles promovidos pelo COI.


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