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São Paulo, terça-feira, 21 de janeiro de 2003

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FUTEBOL

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JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Uma das coisas de mais mau gosto no esporte são os nomes de clubes misturados ao do patrocinador. Isso já aconteceu no futebol, com o Etti Jundiaí, e é mais comum ainda no basquete e no vôlei, onde você pode ouvir um diálogo mais ou menos assim:
- Para que time você torce?
- Santo André-Shopping ABC. E você?
- Sou São José-Intelbrás.
E isso sem falar nos times que têm só os nomes dos patrocinadores, como o Banespa-Mastercard.
Creio que estas junções não ajudam a ninguém. O torcedor não vai se apaixonar por um clube que vive mudando de nome, e o patrocinador não conquistará a simpatia da torcida, pois ficará como um apêndice mutável e não como parte de uma entidade sempiterna, o clube esportivo.
É claro que a marca será citada muitas vezes, mas é uma citação esquisita, mistura de mercado e esporte que está longe de ser simpática. Mas não sejamos moralistas. A propaganda faz parte do nosso dia-a-dia e não há como negá-la. Pelo contrário. Devemos é aproveitá-la ao máximo. Explorá-la e sermos explorados por ela.
Por exemplo, por que deixar os patrocinadores apenas nos nomes dos clubes? Isso é de uma timidez constrangedora, uma pueril falta de visão mercadológica. Não paremos nos clubes. Ousemos! Acrescentemos a marca dos patrocinadores ao nome dos atletas!
Alguns puristas podem achar a proposta cínica, mas ela está adaptada aos nossos tempos. Pensem bem, quanto não teriam lucrado os palmeirenses Luís Chevrolet e Beto Fuscão se a regra estivesse em vigor? Quanto a GM e a Volks não devem a estes involuntários garotos-propaganda?
E há outros precursores, como Aymoré, Grapete, Mococa, Palhinha, Nasa e Paulinho McLaren. Eles fizeram uma ótima divulgação gratuita, mas nestes tempos de ultraprofissionalismo não se pode perder nenhuma oportunidade de engordar a conta.
Creio que seria aconselhável unir as características do produto às do atleta. Por exemplo, Dida, um goleiro que não deixa passar nada, poderia ter seu nome mudado para Dida Jontex.
Anderson Polga, um bom zagueiro no jogo aéreo, trocaria seu nome para Anderson Boeing.
Roberto Carlos, veloz como poucos, passaria a chamar-se Roberto Speedy Carlos. Ou Virtua.
Tinga, um volante pegador, daqueles que marca homem-a-homem, poderia se chamar Tinga Tenaz. E o santista Renato poderia ser Renato Superbonder.
Os artilheiros matadores poderiam ter nomes como Ronaldo Winchester ou Luizão Smith & Weston. E um reserva que entra no segundo tempo e faz o time render mais poderia se chamar Melhoral. Ou Viagra.
Expandindo a idéia, poderíamos pensar em aglutinações. Teríamos coisas como Nikedson, Rhummelvaldo e Bombrilson, "o craque das mil e uma utilidades".
E nem vou falar em Diego Acnase, Léo Sedex, Robinho Caloi, Dodô Yoki, Pedrinho Band-Aid, Ronaldinho Colgate Gaúcho, Júlio Biotônico Fontoura Baptista, Fábio Vitasay Simplício, Romário Jacuzzi, Alex Probel, Fábio Capiloton Júnior, Evair Duracel, Diego Dona Benta Maradona e Bebeto Pompom com Protex.
Enfim, não sejamos pudicos. Já se foram os dias em que o nome de alguém era sua honra. Os novos tempos chegaram! É isso ou não me chamo José Roberto Torero! Ou melhor, José Roberto Grecin 2000 Torero.

Injustiça
Olhando o texto ao lado, vi que cometi uma grave injustiça. Esqueci de incluir os dirigentes e técnicos como possíveis garotos-propaganda. Acho que Emerson L'Oréal Leão e Mustafá Porcão Contursi fariam muito sucesso.

Sansão
O leitor Conrado Giacomini, de Mogi-Guaçu (SP), enviou uma seleção formada por jogadores que se sagraram campeões no Santos e no São Paulo. Os 11 sansões, escalados num ousado 4-2-4, são: Zetti; Nelsinho, Mauro Ramos de Oliveira, Ronaldão e Gilberto Sorriso; Aílton Lira e Pita; Toninho Guerreiro (que começou a carreira na ponta-direita), Serginho Chulapa, Araken (campeão de 1931 pelo São Paulo da Floresta e de 35 pelo Santos) e Zé Sérgio. O técnico seria Pepe, que, como técnico, foi campeão paulista em 73 pelo Santos e Brasileiro em 86 pelo São Paulo.

E-mail torero@uol.com.br


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