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FUTEBOL
Correr sem afobação
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Ricardo Gomes utilizou no
Pré-Olímpico muitos jogadores e vários esquemas táticos. A
seleção atuou com dois ou três volantes, dois ou três atacantes, um
meia de ligação, um armador de
cada lado sem o meia de ligação
(no último jogo), com ou sem centroavante, com ou sem ponta esquerda e outras variações.
Hoje, o time deve ter uma nova
formação tática. O treinador disse que time-base é uma cultura
brasileira e que na Europa as
equipes são bastante modificadas
de um jogo para outro. Ricardo
Gomes deveria se espelhar nos
treinadores brasileiros, que são
melhores do que os europeus. Felizmente, em qualquer time, a
qualidade dos jogadores é muito
mais importante do que o técnico
e o esquema tático.
Gostaria de ver a equipe atuar
como na Copa Ouro -o que deu
certo. O time jogaria com dois volantes (o da direita avançaria
mais), Robinho mais recuado pela esquerda (e não Daniel Carvalho) e Diego na ligação com os
dois atacantes (Daniel Carvalho e
um centroavante). Robinho e Daniel Carvalho se revezariam nas
jogadas pela esquerda.
Robinho, que necessita de mais
espaço para usar a sua habilidade, velocidade e mobilidade, que é
capaz de, numa fração de segundos, passar de uma intermediaria
à outra, que é mais um desarticulador de defesas do que um finalizador, que deveria iniciar as jogadas mais de trás, atuou em todas
as partidas no ataque, pelo meio e
perto do centroavante.
Daniel Carvalho, que é um jogador agressivo, que cruza e finaliza muito bem, que não tem velocidade para recuar até o seu campo e chegar rapidamente ao ataque e que deveria atuar mais
adiantado pela meia e/ou ponta
esquerda, jogou contra a Colômbia recuado, perto dos volantes.
A principal função do técnico é
dar boas condições para que os
atletas joguem tudo o que sabem.
Brasil e Argentina são muito
melhores do que as oito outras
equipes. Porém, como é freqüente
um time inferior ganhar em casa
do superior, não foi tão surpreendente o empate do Chile contra o
Brasil e nem será uma grande zebra se o time chileno se classificar
e sobrar Argentina ou Brasil.
Diferentemente do Brasil, a Argentina atuou em todas as partidas com o mesmo esquema tático,
que é o da seleção principal. O time joga com três zagueiros, dois
alas, dois armadores pelo meio
(um mais recuado) e três atacantes, sendo dois pelos lados e um
centroavante (Tévez). Os "pontas" atacam e defendem.
A Argentina é bastante ofensiva, já que marca mais na frente e
tem quase sempre seis ou sete jogadores no ataque. Porém o time
deixa muitos espaços na defesa.
Os zagueiros correm muito atrás
dos atacantes nas laterais. Isso é
bastante arriscado.
A Argentina e as outras seleções, menos o Brasil, possuem um
estilo mais amador, juvenil e passional, próprio dos jovens. Os jogadores correm muito e são afobados. O Brasil tem um número
maior de excelentes e experientes
atletas e um estilo mais profissional, maduro e racional. Dá, em
alguns momentos, a impressão de
que não tem pressa para vencer o
jogo, como a seleção principal.
Mas dizer que os jogadores brasileiros não se importam com o
resultado porque já estão ricos e
famosos, que não têm ambição e
garra como os do passado, é uma
inverdade e um desrespeito.
Quando jogava, me sentia ofendido com esse tipo de crítica.
Mudou pouco
Começaram os Estaduais. Cruzeiro e Santos, as duas principais
equipes brasileiras foram as que
melhor se reforçaram. O Cruzeiro
contratou mais um craque (Rivaldo). O Santos trouxe um bom
lateral-direito (Paulo César) e um
artilheiro (Robgol) para as posições mais carentes.
O São Paulo contratou vários
bons jogadores, mas o único excelente reforço é o lateral Cicinho.
Os outros estão no mesmo nível
dos que atuaram em 2003. O Corinthians trouxe vários atletas
medianos e um veteraníssimo
(Rincón). Como o time era muito
fraco, deve ficar menos ruim.
No Rio, o time dos amigos do
Romário foi o único que se reforçou e se igualou a outros grandes.
Não espero boas atuações de Edmundo e Romário, mas Edmundo e Ramon são muito melhores
do que os titulares anteriores.
Algumas equipes mantiveram
quase todos jogadores, como Palmeiras e Botafogo. A maioria perdeu muitos atletas e contratou
outros do mesmo nível. Mudou
pouco. Apenas aumentou a esperança ou a ilusão dos torcedores.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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