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cofre cheio
Esporte enche o bolso, mas não gasta
Ministério aproveita Pan e anuncia verba recorde em 2007; no ano passado, pasta não conseguiu usar todo o dinheiro
Orçamento aprovado é de R$ 934,3 milhões, mas o governo federal deve fazer
cortes; metade dos recursos do Pan será pago em 2007
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério do Esporte
anunciou a aprovação de orçamento inicial recorde para
2007: R$ 934,3 milhões foram
destinados ao setor pelo Congresso. Mas dados do governo
federal indicam que esse total
não deve chegar, efetivamente,
ao esporte neste ano.
Primeiro, a União já prepara
corte na previsão de despesas
de todos os ministérios, como
fez em 2006. Segundo, a pasta
do Esporte tem gastado só uma
fatia dos recursos para o setor.
No ano passado, foi cortada
mais da metade dos cerca de R$
900 milhões destinados ao ministério. Posteriormente, a
pasta recuperou o dinheiro
perdido ao receber dotações orçamentárias extras feitas pelo
governo federal, principalmente para o Pan. Assim, o Esporte
teve em torno de R$ 1 bilhão
disponível no final do ano.
Só que, do total desses recursos, 35% já foram perdidos. Explica-se: o Ministério do Esporte não empenhou (escolheu onde iria investir) esse percentual
da verba até o final do ano. Com
isso, não poderá usá-la.
Do restante do dinheiro, menos da metade já foi efetivamente liberada para projetos
de esporte. Até o meio de janeiro, a pasta tinha pago 26,1% dos
recursos disponíveis -isto é,
R$ 266 milhões. Foi o quarto
ministério que menos gastou,
percentualmente, entre 23 listados pelo site Contas Abertas.
"A execução orçamentária
não é considerada baixa pelo
Ministério do Esporte. Devido
a aspectos legais dos contratos
de convênios, o montante será
pago ao longo do ano de 2007",
informa a assessoria da pasta.
A demora da liberação da
verba explica-se pela necessidade de respeitar cronograma
de pagamentos de convênios,
justifica a pasta.
Isso afeta programas prioritários como o "Rumo ao Pan",
que receberá boa parte da verba
quase em cima dos Jogos.
Em 2006, o governo federal
deveria investir mais de R$ 400
milhões na competição. Mas
apenas R$ 123 milhões saíram,
de fato, dos cofres da União no
ano passado. Uma parte foi perdida, pois não foi empenhada
pelo ministério.
Assim, sobram R$ 142 milhões a serem investidos no
Pan referentes aos restos a pagar de 2006. A esse valor, somam-se R$ 270 milhões previstos no orçamento deste ano.
Com medida provisória, o
presidente Lula disponibilizou
mais R$ 313,5 milhões para o
torneio. Em resumo, o governo
federal vai liberar cerca de R$
700 milhões para o Pan em
2007. Isso é, metade do total
destinado pela União ao evento
deve ser gasto em apenas sete
meses, prazo até o final do Pan,
que larga em 13 de julho.
É preciso levar em conta que
houve pedidos de verbas da
prefeitura e do Estado do Rio.
Fora dos Jogos, o programa
"Esporte e Lazer na Cidade"
responde pela maior fatia do
orçamento para 2007. São R$
437 milhões para quadras.
Só que, como pôde ser observado em 2006, há dificuldade
para que as verbas deste programa se tornem concretas. Só
7,26% tinham sido liberados do
total até janeiro. Na maior parte, esses recursos são fruto de
emendas de parlamentares que
querem beneficiar suas prefeituras. As emendas responderam por mais da metade do orçamento do Esporte.
Os outros programas relevantes do ministério, "Segundo
Tempo" e "Esporte de Alto
Rendimento", tiveram pequenas alterações na dotação orçamentária de 2006 para 2007.
Destinado aos atletas de alto
nível, o "Esporte de Alto Rendimento", que inclui o Bolsa-Atleta, exibiu maior eficiência
do que os outros. Quase o total
do dinheiro foi empenhado e
será pago aos esportistas.
Ao anunciar o orçamento de
2007, o ministro Orlando Silva
Jr. mostrou otimismo. "A pasta
tem só quatro anos e vem ampliando seu orçamento ano a
ano." Sua assessoria promete
"promover alterações dos procedimentos buscando uma gestão mais eficiente a cada ano".
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