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Plano de Rio-2016 é lanterna no uso de verba privada
Candidatura brasileira à Olimpíada diz que efeito Copa poderá atrapalhar a captação de recursos com marketing
Favoritas aos Jogos prevêem obter pelo menos o dobro de investimentos particulares do que o Brasil, que planeja arrecadar US$ 750 milhões
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Mais centrada no investimento público do que os seus
concorrentes, a Comissão de
Candidatura Rio-2016 declarou o menor orçamento privado entre as favoritas aos Jogos,
segundo informações fornecidas ao COI (Comitê Olímpico
Internacional). Chicago, Madri
e Tóquio prevêem arrecadações pelo menos duas vezes superiores a dos brasileiros.
Em seu dossiê, os dirigentes
do país dizem pela primeira vez
que o efeito Copa-2014 atrapalharia o projeto olímpico. O documento informa que a estimativa para marketing é ""conservadora" e alega que não apostou em crescimento das receitas do setor porque reconhece
que "a Copa de 2014 também
estará ativa"" no mercado.
Pelo questionário brasileiro,
entregue neste mês, em Lausanne, na Suíça, o futuro comitê organizador dos Jogos pretende levantar US$ 750 milhões com a iniciativa privada.
No estudo, a maior parte do
montante seria conseguida
com a obtenção de patrocínios
e venda de ingressos. Pelo trabalho do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), os brasileiros
pretendem obter US$ 370 milhões em patrocínios e US$ 290
milhões em bilhetes.
Chicago, por exemplo, estima arrecadar US$ 2,5 bilhões
para seu comitê organizador
com particulares. Com marketing, os norte-americanos prevêem ganhar o triplo do que o
Rio: US$ 1,76 bilhão -cerca de
US$ 500 milhões, no entanto,
deverão ser destinados ao Comitê Olímpico Internacional.
A diferença pode ser notada
também pelo modelo de financiamento das candidaturas.
Chicago declara que reservou
US$ 49 milhões até a escolha da
cidade-sede, em 2009. Toda
verba será do setor privado.
Já o Rio-2016 quer gastar
US$ 42 milhões de dinheiro público nesta fase, dividido em
partes iguais por União, governo do Estado e prefeitura.
Em seus dossiês, Madri e Tóquio planejam conseguir com o
setor privado cerca de US$ 1,6
bilhão cada uma.
A cidade japonesa, que também tem "estimativa conservadora", diz que a intenção é obter 26 patrocinadores e 30 fornecedores locais. O comitê organizador será inteiramente
bancado por esses recursos.
As duas cidades também prevêem verba pública. A prefeitura de Tóquio separou US$ 3,7
bilhões para construir sedes de
competições. Na Espanha, governo federal e prefeitura bancarão a maior parte do orçamento do comitê organizador.
Mesmo assim, a dependência
dos recursos públicos dessas
candidaturas é menor em relação ao Rio. Até agora, nenhuma
das cidades divulgou quanto
uma eventual Olimpíada custará aos seus cofres.
Há duas semanas, o COB informou que os ""custos preliminares" do evento são US$ 3,13
bilhões ou R$ 5,49 bilhões, o
que inclui instalações esportivas e transportes. Obras milionárias como a despoluição da
Baía de Guanabara e a montagem do esquema de segurança
para o evento ficaram de fora.
Baseada em projeções de especialistas internacionais, o governo federal estima que uma
Olimpíada de nível médio consumiria US$ 10 bilhões.
Os Jogos de Pequim custarão
US$ 31 bilhões (R$ 54 bilhões).
Sede da Olimpíada seguinte,
Londres gastará cerca de US$
20 bilhões (R$ 35 bilhões).
Se ganhasse os Jogos, o Rio
receberia recursos do COI por
conta de direitos de TV. Mas,
ainda assim, para atingir o valor
total dos Jogos seria necessário
que o setor público entrasse
com a maior parte do dinheiro,
como aconteceu Pan-2007.
Com custos preliminares, a
Olimpíada já está 48% mais cara que o evento continental. E,
no Pan, o orçamento inicial foi
multiplicado por nove.
A outras cidades-candidatas
a 2016 são Doha, Praga e Baku.
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