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Prefeitura banca sucesso de sensação da Superliga
Com R$ 550 mil de verba pública, Montes Claros surpreende rivais estrelados
Cidade investe cerca de R$ 2 milhões para reformar ginásio que sedia os jogos da equipe e abriga o maior público do competição
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um intruso vem dando trabalho aos principais times da
Superliga masculina. Trata-se
do Montes Claros, que, mesmo
sem estrelas da seleção, já desbancou nesta temporada o
atual campeão, o Florianópolis,
e o supertime do Pinheiros, de
Giba, Gustavo e Rodrigão.
Hoje, às 20h, o time do interior mineiro volta à quadra para tentar surpreender o líder
Cruzeiro, em Itabira.
Estreante na Superliga, o
Montes Claros foi criado em junho pela prefeitura da cidade
mineira para "alavancar a autoestima da população local". A
iniciativa parece ter dado certo,
uma vez que o time possui a
maior média de público do torneio: 5.326 pessoas por jogo.
"Nossa ideia era colocar
Montes Claros em evidência
em nível local, nacional e internacional", comentou Jaime Tolentino, secretário-adjunto de
Esporte do município situado a
442 km de Belo Horizonte.
Pelo menos no "mapa" do vôlei nacional a equipe está bem
situada. Após 12 rodadas da Superliga, o Montes Claros acumula nove vitórias, só uma derrota e 19 pontos, dois a menos
do que o líder. Ocupa uma
quinta posição "virtual", uma
vez que tem menos jogos disputados do que as quatro equipes
que estão acima na tabela.
Para montar um time competitivo, a prefeitura injetou R$
550 mil, o que corresponde a
18% do orçamento dedicado à
secretaria de Esportes. E ainda
se dispôs a reformar, por quase
R$ 2 milhões, o ginásio Tancredo Neves, o segundo maior de
Minas Gerais, com capacidade
para 12 mil pessoas.
A principal parceria articulada pela prefeitura foi com a Coteminas, maior companhia têxtil do país, que pertence à família do vice-presidente da República, José Alencar.
Juntando todas as receitas, a
equipe conta com cerca de R$
1,5 milhão para a temporada,
orçamento considerado médio
para os padrões da Superliga.
Estima-se que o supertime do
Pinheiros, por exemplo, disponha de R$ 5 milhões para esta
edição da competição.
Curiosamente, o nome da
equipe é associado a uma instituição ligada à educação, a Funadem (Fundação de Apoio ao
Desenvolvimento Educacional
de Montes Claros).
"Não ligamos o nome do time
à prefeitura porque não queríamos dar uma conotação política ao projeto. Acabou sendo a
Funadem a nossa parceira, mas
poderia ser qualquer outra fundação que estivesse interessada", justifica Tolentino.
Mas o projeto do time profissional de vôlei não ficou imune
a críticas, principalmente de rivais políticos do atual prefeito.
Em seu blog, o jornalista Luís
Carlos Gusmão, ligado à gestão
anterior da cidade, escreveu o
texto "Montes Claros revôleitada - O vôlei ganha, a cidade
perde", criticando a prioridade
dada ao projeto em detrimento
dos investimentos em saúde.
No post, ele diz que a cidade é
"campeã na infestação de dengue". Segundo levantamento
do Centro de Controle de Zoonoses local, Montes Claros registrou um aumento no índice
de infestação do Aedes aegypt
de 5,8, em janeiro de 2009, para
7,8 no mesmo mês deste ano.
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