São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

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XICO SÁ

Involução dos bichos


Noves fora o código do bom-tom, não carece fazer aquele espetáculo de falsa macheza


AMIGO TORCEDOR, amigo secador, passe a régua aí com o seu garçom predileto: os sete pecados capitais do futebol são milhares, mas fiquemos no número cabalístico. O mais praticado, digo logo, é a ira. Quase empatado com a soberba, é claro.
Tudo bem, podem me chamar de um óbvio e redundante Pedro Bó (ao Google, jovens, como quem ajoelhava no castigo do milho), mas teimo em acreditar no humor, na tiração de onda, na crença dessa parada como um jogo, uma brincadeira de gente pequena ou grande.
Se não for assim, estou fora, de ruim basta o inevitável da vida, a bola nas costas das más notícias e as invisíveis facadas, inclusive das sombras que nos perseguem como nos livros nordestinos ou russos -vide Graciliano Ramos e Dostoiévski .
É, caro George Orwell, não sabemos mesmo quem é homem e quem é porco, com todo respeito pelos suínos. Que ira a dos cartolas verdes contra o fotógrafo Thiago Vieira, que postou uma blague no Twitter enquanto esperava o resultado da eleição da diretoria palmeirense.
Tem quem acredite na mentira da imparcialidade jornalística, mas, peraí, noves fora o código do bom-tom e da etiqueta, não carecia aquele espetáculo de falsa macheza.
Nesse aspecto, que saudade do Beluzzo. O professor prometeu dar porrada num juiz e chamou os tricolores de bâmbis, mas só no platonismo, como a gente faz no boteco -atire a primeira bolacha de chope quem nunca se arvorou nessa história!
Querida ira, passe bem, falemos agora da soberba. Nem caberia nesta coluna citar personagens, mas fiquemos com o reincidente Renato Gaúcho. O cara das supostas mil mulheres não quer acompanhar o Grêmio nas partidas no interior gaúcho. Qualé, rapá?
Lembre-se que é o mesmo pleiba marrento que desprezou o certame brasuca ao se declarar precocemente campeão da Libertadores pelo Fluminense. Ao Google, ao milho da memória, amigo.
Pulemos para a avareza? Pode ser. Aí, Ronaldinho Gaúcho, cadê a ajuda que prometeu às vítimas das chuvas? Doe tudo de si, querido.
Gula lembra quem? Os fominhas ou os que comem e deitam nos colchões de mola da fama?
Daquele outro pecado só me lembro do para-choque de caminhão: "Não me inveje, trabalhe". Preguiça? Vivam todos os Caymmis. Só os preguiçosos e os ressacados sabem lutar revolucionariamente contra a mais-valia, caro Marx.

xico.folha@uol.com.br

@xicosa


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