São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

Pery, do Mamoré, encara pela 1ª vez o badalado Wanderley, do Cruzeiro

Outro Luxemburgo brilha com "trem caipira" em MG

MARCUS VINICIUS MARINHO
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O interior de Minas está "chique no úrtimo". Pelo menos no que diz respeito ao futebol, com o pior começo de campeonato nos últimos dez anos dos grandes clubes do Estado. Mas o símbolo da arrancada caipira não veste terno nem camisa de grife. É de jeans e camiseta que Valdonier Luxemburgo, 53, técnico do Mamoré, promete enfrentar hoje, pela primeira vez, o engravatado Wanderley, do poderoso Cruzeiro.
Pery, como é conhecido, decidiu abraçar a profissão não por causa do irmão famoso, mas por insistência de um dirigente. "O futebol não dava dinheiro na minha época. Então virei gráfico."
Em 1996, porém, um amigo que tinha uma papelaria e era presidente do Vitória Futebol Clube, do Espírito Santo, resolveu chamá-lo para treinar o time júnior. "Começou assim", relata Pery, que passou pelo Taquaritinga (SP) e pelo Phantom (EUA) antes de assinar com o Mamoré.
O clube de Patos já tinha ascendido à elite mineira pelas mãos de outro parente de uma celebridade: Renê Santana, filho de Telê. Hoje ocupa o sétimo lugar, à frente de Atlético e Cruzeiro.
Outros nanicos sonham em provocar uma "revolução mineira" no Estado. Atrás do líder América surgem na classificação Valeriodoce, Tupi, Guarani, Ipatinga e Caldense. O Atlético só dá sinal de vida em oitavo lugar, trazendo na cola o Cruzeiro.
De olho no regulamento, que neste ano prevê o rebaixamento dos quatro piores, os times pequenos trataram de se fortalecer.
O Ipatinga, por exemplo, apostou no veterano Müller, 38, que em 2003 já tinha passado pelo Tupi, de Juiz de Fora. "A estrutura é igual à de grandes clubes", afirmou o atacante, que ganha R$ 30 mil mensais, quase um terço da folha de pagamento da equipe.
"A nossa meta é seguir o São Caetano. Estamos investindo nas categorias de base, temos nosso planejamento e não atrasamos salários", afirmou Petrônio Santos, supervisor do Mamoré.
Dono de um centro de treinamento e com uma folha orçada em R$ 140 mil, a Caldense, que hoje pega o Atlético-MG em Belo Horizonte, dá o tom de como os pequenos estão incomodando.
"Com a nossa boa campanha e o mau início dos grandes, já começaram a chiar com a arbitragem. Já comunicamos à Federação Mineira de Futebol de que não aceitamos árbitros de fora e podemos até não entrar em campo", afirmou o supervisor Jânio Joaquim.
Com um orçamento mais apertado, o Valério fez um acordo com o patrocinador e estabeleceu uma cota fixa de 8.000 ingressos por jogo, que são doados aos torcedores. De acordo com o gerente de futebol Marco Franco, o resultado tem sido bom.
"O torcedor que quer ver um jogo do Valério tem que chegar com antecedência. Fizemos ainda um acordo com o fornecedor de material, e nossa camisa custa R$ 40. Fizemos isso para a torcida vestir a camisa no estádio."
Considerado uma força do interior, o Tupi recorreu à "prata da casa". Dentro de campo, porém, a missão de carregar o time, que também faz boa campanha na Copa do Brasil, está a cargo do veterano lateral Pimentel.


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