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São Paulo escala lateral que já teve outro nome e idade
Após ter sido chamado de Lucas por 7 anos, usar documentos falsos, admitir farsa em 2007 e cumprir suspensão de 6 meses, Rafael estréia contra o Paulista
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando chegou ao São Paulo,
em 2005, ele era conhecido como Lucas. Três anos depois,
treinou ontem no surpreendente time titular escalado pelo
técnico Muricy Ramalho.
Se entrar hoje, na partida
contra o Paulista, no Morumbi,
às 20h30, o prenome grafado
nas costas de sua camisa será o
de batismo, Rafael Lopes Ferreira, e a idade, 21 anos.
A troca ocorreu quando o jogador, que nasceu em Parauapebas, no Pará, teve a chance de
jogar em São Paulo quando
atuava na escolinha Camisa 10,
de Marabá. A viagem, porém,
era para garotos com idade
igual ou inferior a 12 anos. Naquela época, ele tinha 14.
"Eu já estava indo embora
quando correram atrás de mim
e me mandaram voltar no dia
seguinte para viajar", conta Rafael. "No ônibus, tinha a documentação nova, e me disseram
que era para topar ou ficar. Topei", afirma o lateral, que, depois do torneio, mudou-se para
o Paraná, onde treinou por quatro anos no Atlético-PR.
"Era uma oportunidade que
eu não podia perder para chegar ao meu sonho de jogar futebol", diz ele, infrator e vítima
em prol do sonho de se tornar
profissional do futebol. "No
Norte e no Nordeste, a gente
perde muito tempo, as coisas
não são organizadas. Ou fazia
desse jeito ou não estaria aqui."
Em maio de 2005, o São Paulo descobriu o garoto e o convidou para treinar em sua categoria de base. Rafael continuou
sendo Lucas e enfrentou seu
primeiro problema judicial:
simplesmente abandonou o
clube paranaense. O caso se resolveu com um acordo, após
três anos de pendenga.
O segredo de Lucas começou
a ser revelado quando surgiram
notícias de que havia uma "indústria de gatos" no Pará. Segundo Marcos Tadeu, coordenador das categorias de base do
São Paulo, isso levou o clube a
procurar entre suas fileiras jogadores originários de lá.
"Como não compactuamos
com isso, fomos esclarecer com
ele. A conversa durou quase
seis horas, mas foi tranqüila. Aí
ele se sentiu à vontade para
confessar", afirma o diretor.
Descoberta a farsa, o São
Paulo o retirou da Copa São
Paulo de Juniores de 2007, e o
caso parou no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-SP). Lucas voltou a ser chamado de Rafael. Como punição, teve que
cumprir seis meses de suspensão dos gramados, encerrados
na última semana.
Tadeu o define como um
atleta de ótimo futebol, além de
atribuir-lhe uma conduta
exemplar. "Nós o ajudamos
porque ele tinha essas qualidades, já estava conosco e, pelo
que percebemos, não partiu dele a intenção", afirma o diretor,
acrescentando que, se a fraude
fosse descoberta na chegada,
Rafael nem teria ficado.
Não há como negar que Rafael é um jovem guiado pelos
seus ímpetos. "Em campo, eu
parto para cima. Não vim para
ser mais um, vim para ser titular do São Paulo e crescer com o
clube", declara o lateral.
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