São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2009

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MOTOR

Sobre esperança e autoestima

Carro produzido por Brawn corria sério risco de engrossar coleção de modelos prontos que nunca correram na F-1

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

HÁ NAS ESTANTES virtuais um livro com ares fúnebres-tecnológicos: "Formula One's Lost Cars". Em português, "Os Carros Perdidos da F-1". É um compêndio de modelos que nasceram de sonhos, que foram alimentados por esperanças, que se tornaram realidade, que foram a pistas para testes. Mas que nunca disputaram um GP.
Diz a orelha: "Escondidas em oficinas ao redor do mundo, esquecidas e abandonadas, máquinas de corrida silenciosamente acumulam poeira, um monumento aos sonhos frustrados de seus idealizadores". O livro não segue ordem cronológica e começa com o Dams GD-01, produzido em conjunto com a Reynard para o Mundial de 95, mas que viu a estreia adiada para 96, para 97 e que, bem, você deve desconfiar, nunca correu. O motivo, falta de ritmo e, principalmente, de dinheiro. Em seguida, vem o Dome F105, empreitada japonesa para 97, encarada pela F-1 como uma experiência da Honda para os anos seguintes, suspeita nunca confirmada. O carro chegou a fazer uma demonstração em Suzuka, em 96, antes do GP.
Com Hattori ao volante, virou em 1min46s270. Pela então vigente regra dos 107%, não faria o grid -o pole, Villeneuve, cravou 1min38s909. Hoje, o carro repousa num canto escuro de Furyusha, o túnel de vento da Dome, na Província de Shiga. O obituário segue, com o Lola T97/30, o McLaren MP4/18 e, sintomático, com três modelos da Honda: RA099, RC2x e RC100/RC1.5x. Sintomático porque revela um "mal" da montadora, a crônica incerteza com a F-1, a falta de comprometimento, a fuga diante do risco. E por pouco a coleção não aumenta e o livro não ganha outra triste história para a próxima edição. Talvez, a mais dolorosa. Porque à frente do grupo que desenhou e construiu o Honda de 2009 está Brawn. O carro que Bruno e Button pilotarão na Austrália, empurrado por motor Mercedes, ainda não foi testado e já perdeu terreno na luta com os rivais. Possivelmente, nunca os alcançará. Mas, seja lá sob que nome ou cor, viajará, alinhará, largará. Brawn e sua autoestima mereciam.

DIFERENTE
Há pouco mais de um mês, esta coluna revelou descrença com a nova gestão da CBA. Mas depois de atrair Felipe Giaffone e Binho Carcasci para a Comissão Nacional de Kart, Cleyton Pinteiro conseguiu a adesão de Paulo Gomes, novo diretor de marketing da entidade. Por ora, a desesperança está suspensa. Espero (muito) continuar assim.

IGUAL
A USF1 promete mostrar seus planos às 15h de terça-feira, horário de Brasília, em um programa especial do Speed Channel. Pouco depois, imagino, as novidades pintarão no www.usf1.com. Neste caso, a descrença da coluna continua valendo.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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