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MOTOR
Sobre esperança e autoestima
Carro produzido por Brawn corria sério risco de engrossar coleção de modelos prontos
que nunca correram na F-1
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
HÁ NAS ESTANTES virtuais um
livro com ares fúnebres-tecnológicos: "Formula One's
Lost Cars". Em português, "Os Carros Perdidos da F-1". É um compêndio de modelos que nasceram de sonhos, que foram alimentados por esperanças, que se tornaram realidade, que foram a pistas para testes.
Mas que nunca disputaram um GP.
Diz a orelha: "Escondidas em oficinas ao redor do mundo, esquecidas e abandonadas, máquinas de
corrida silenciosamente acumulam
poeira, um monumento aos sonhos
frustrados de seus idealizadores".
O livro não segue ordem cronológica e começa com o Dams GD-01,
produzido em conjunto com a Reynard para o Mundial de 95, mas que
viu a estreia adiada para 96, para 97
e que, bem, você deve desconfiar,
nunca correu. O motivo, falta de ritmo e, principalmente, de dinheiro.
Em seguida, vem o Dome F105,
empreitada japonesa para 97, encarada pela F-1 como uma experiência
da Honda para os anos seguintes,
suspeita nunca confirmada. O carro
chegou a fazer uma demonstração
em Suzuka, em 96, antes do GP.
Com Hattori ao volante, virou em
1min46s270. Pela então vigente regra dos 107%, não faria o grid -o pole, Villeneuve, cravou 1min38s909.
Hoje, o carro repousa num canto escuro de Furyusha, o túnel de vento
da Dome, na Província de Shiga.
O obituário segue, com o Lola
T97/30, o McLaren MP4/18 e, sintomático, com três modelos da Honda: RA099, RC2x e RC100/RC1.5x.
Sintomático porque revela um
"mal" da montadora, a crônica incerteza com a F-1, a falta de comprometimento, a fuga diante do risco.
E por pouco a coleção não aumenta e o livro não ganha outra triste
história para a próxima edição. Talvez, a mais dolorosa. Porque à frente
do grupo que desenhou e construiu
o Honda de 2009 está Brawn.
O carro que Bruno e Button pilotarão na Austrália, empurrado por
motor Mercedes, ainda não foi testado e já perdeu terreno na luta com
os rivais. Possivelmente, nunca os
alcançará. Mas, seja lá sob que nome
ou cor, viajará, alinhará, largará.
Brawn e sua autoestima mereciam.
DIFERENTE
Há pouco mais de um mês, esta coluna revelou descrença com a nova
gestão da CBA. Mas depois de
atrair Felipe Giaffone e Binho Carcasci para a Comissão Nacional de
Kart, Cleyton Pinteiro conseguiu a
adesão de Paulo Gomes, novo diretor de marketing da entidade. Por
ora, a desesperança está suspensa.
Espero (muito) continuar assim.
IGUAL
A USF1 promete mostrar seus planos às 15h de terça-feira, horário de
Brasília, em um programa especial
do Speed Channel. Pouco depois,
imagino, as novidades pintarão no
www.usf1.com. Neste caso, a descrença da coluna continua valendo.
fabio.seixas@grupofolha.com.br
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