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tão longe
Esvaziada, Copa-2010 vira festa local
Mundial vende menos ingressos que o de 2006, na Alemanha, e não consegue atrair número previsto de estrangeiros
Fifa diz que há 2,1 milhões
de bilhetes negociados, mas
parte deles está nas mãos de
intermediários que não
conseguem repassá-los
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Sediada na África pela primeira vez, a Copa do Mundo de
2010 terá bem menos torcedores de fora do país-sede em relação ao Mundial-2006. É consequência do fracasso na venda
de bilhetes para estrangeiros.
Entre os motivos, estão o temor
de violência e os altos preços de
hotéis e passagens aéreas.
Ao final da terceira fase de
venda, no fim de janeiro, a Fifa
anunciou ter vendido 2 milhões de ingressos (2/3 do total). O site do órgão recebeu 3,6
milhões de pedidos -como a
procura é centrada em alguns
jogos, a Fifa sorteia as demandas que serão atendidas.
Há quatro anos, na mesma
etapa, a Alemanha havia negociado 2,6 milhões de bilhetes. E
as requisições de entradas pelo
site atingiam 15 milhões.
A disparidade é explicada pela capacidade de atração de estrangeiros, alta na Europa e
baixa na África. Até o fim da
terceira fase, sul-africanos haviam comprado 65% do 1,232
milhão de ingressos vendidos
pela internet. E a participação
de moradores locais aumenta a
cada etapa de comercialização.
Tanto que a Fifa decidiu pegar de volta ingressos mandados para o exterior para vendê-los na África do Sul. A comercialização será por preços menores, na categoria exclusiva de
habitantes do país, para evitar
espaços vazios nos estádios.
Além de diminuir os preços, a
entidade também aumentará o
número de bilhetes da categoria mais barata, que só pode ser
comprada pelos sul-africanos.
Já algumas federações europeias estão com encalhe de ingressos. A Holanda, por exemplo, vendeu 2.500 entradas de
seus jogos. Com direito a 12%
dos bilhetes por partida, a federação têm até 9.000 sobrando
para o jogo com a Dinamarca.
Por isso, pediu mais tempo à
Fifa para comercializar ingressos -espera vender 5.000. Bem
menos do que na Alemanha.
"Então [em 2006], não tínhamos ingressos suficientes. Tínhamos torcedores nas cidades, vários sem entradas. Isso
não ocorrerá na África do Sul. É
bem mais longe e mais caro",
disse a assessoria da federação.
Relatos similares surgem em
jornais na Alemanha. E Itália e
França, finalistas em 2006, não
estão entre os nove países com
mais compradores de bilhetes.
Não é só questão de distância. O centro financeiro do Brasil é mais próximo da África do
Sul do que da Alemanha. Mesmo assim, a venda de pacotes
está mais lenta. As agências
brasileiras credenciadas pela
Fifa já fecharam 4.000 pacotes,
a maioria vendida a empresas.
Falta negociar até 1.200 produtos, de acordo com a Stella Barros, uma dessas agências.
"Não dá para comparar. Neste estágio, já estava quase tudo
vendido [para a Copa da Alemanha]", disse Ricardo Molter,
gerente de vendas da empresa.
O número de pacotes de hospitalidade, que incluem serviços de luxo, também está baixo,
conforme admitiu a Fifa.
Tanto que a atração de 450
mil turistas para a Copa, prevista pela África do Sul, já é descartada. O Comitê Organizador
Local ainda tenta se manter
otimista. "As notícias de crimes
não afetaram a venda de ingressos", disse Rich Mkhondo, assessor do comitê sul-africano.
Sua avaliação é a de que, para
cada mil ingressos, entre 140 e
200 turistas irão à África.
Com o início da quarta fase
de venda, no último dia 9, o número de bilhetes comercializados subiu para 2,1 milhões.
Mas nem todos os compradores são torcedores reais. Cerca de 60% dos bilhetes foram
negociados via internet a pessoas físicas, incluindo cambistas. Outros 800 mil bilhetes foram repassados a agências de
turismo, a federações, ao programa de hospitalidade e a parceiros comerciais da Fifa.
Esses parceiros podem ter
revendido os bilhetes, por pacotes ou em separado, ou não.
As federações podem devolvê-los à Fifa. Outros, como os programas de hospitalidade, têm
que pagar pelos ingressos. Unidos aos cambistas, formam um
mercado paralelo de bilhetes,
desesperado por compradores.
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