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São-paulino ganha extra com moedas de Rincón
FÁBIO VICTOR
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Reportagem Local
O dinheiro que a torcida do Corinthians jogou das arquibancadas para o volante Rincón, anteontem, no Morumbi, acabou
indo parar na categoria infantil de
um outro rival, o São Paulo.
Leonardo Massaroto Soares, 14,
goleiro do time infantil são-paulino, recolheu anteontem R$ 15,00
-um quarto do que recebe no
São Paulo- em moedas atiradas
pela torcida e recusadas pelo jogador colombiano, que ganha cerca
de US$ 140 mil por mês.
"Jogar dinheiro fora para mim
não existe, é até pecado. Não tenho vergonha do que fiz", disse
Soares ontem.
Imbuído desse pensamento, ele
esperou o clássico em que o Corinthians goleou o Santos (5 a 1)
acabar, por volta das 19h, muniu-se de copos plásticos grandes de
água mineral vazios e, pacientemente, saiu recolhendo as moedas que cintilavam na pista de
atletismo do estádio.
Quatro horas depois, após ter
depositado moeda por moeda
-a maioria de um, cinco e dez
centavos- em dois copos, ele encerrou a tarefa.
"Quando li no jornal que iam
jogar as moedas no campo, na hora tive a idéia de catá-las. Agora,
vou guardar o dinheiro na poupança", disse Leonardo.
Ele mora no alojamento do estádio e recebe do São Paulo uma
ajuda de custo mensal de R$
50,00, mais estudo e alimentação.
Os torcedores do Corinthians
jogaram as moedas anteontem
em protesto à transferência de
Rincón do clube da capital para o
Santos, em janeiro último.
O volante rompeu contrato com
o Corinthians, para ir ganhar US$
300 mil/ano a mais no Santos. Por
isso, foi chamado de mercenário
pelos torcedores no Morumbi.
"Não acho certo o que fizeram
com ele (Rincón), que carregou o
time nas costas no ano passado.
Apesar disso, acabei lucrando
com a torcida", disse Leonardo.
A família do jovem goleiro vive
em Valparaíso (585 km de São
Paulo), pequena cidade da região
de Araçatuba. O pai dele trabalha
em uma fazenda, a mãe é secretária de uma instituição.
Leonardo cursa o primeiro ano
do ensino médio (antigo primeiro
colegial) e têm como ídolos no futebol os goleiros Rogério (São
Paulo), Marcos (Palmeiras) e Dida (Corinthians).
Como ele veio parar no Morumbi? "Jogava em um time da
minha cidade, e o expressinho do
São Paulo foi fazer um amistoso
lá. Viram-me jogando e resolveram me dar uma chance", conta.
Sobre o dinheiro arrecadado,
Leonardo afirma ainda não saber
qual finalidade dar a ele. "Por enquanto, vou guardar. Depois,
penso melhor como gastar tudo."
Em maio, ele completará 15
anos. Até lá, diz que já que terá decidido o que fazer com a "bolada"
recusada pelo volante do Santos,
mas já antevê a possibilidade de
ampliar o caixa.
"Se fizerem isso (jogar moedas)
de novo no Morumbi, vou pegar
outra vez."
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