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FUTEBOL
Tudo depende da torcida
JOSÉ ROBERTO TORERO
""Vai começar a partida, torcida
paulistana. Que jogo emocionante! Será que finalmente o time Cidade de São Paulo vai vencer o time do Palácio das Indústrias?
Aliás, o time do Palácio está
com um uniforme muito estranho: os jogadores estão todos de
paletó e gravata. Sem falar nas
chuteiras, que parecem mais sapatos italianos! Muito estranho,
muito estranho...
Bem, os dois capitães já estão no
meio do gramado. O juiz joga a
moedinha para cima e... O que é
isso!? O capitão do time do Palácio pegou a moeda em pleno ar e
a pôs no bolso. Que absurdo! (...)
""Vinte e cinco minutos do primeiro tempo, e o time do Palácio
vem atacando com toda força: Vita toca para Estima, que ajeita
com a mão e devolve para Vita,
que vira o jogo para o ponta-direita Ferraz. Ferraz avança, recua, avança, recua e toca a bola
de lado para Mutran. Mutran dá
uma cotovelada no rival e recua
para Faria Lima.
Opa, Faria Lima deixa a bola
sair pela linha lateral, mas o bandeirinha não marca nada, e ele
repõe a gorduchinha em campo.
A bola agora está com Curiati,
mas ele não quer jogo e volta a pelota para Vergniano. Vergniano
domina a esfera no círculo central
e a entrega para Morganti. Morganti arrisca um lançamento para Bezerra. Bezerra está impedido, mas o outro bandeira manda
seguir. Vai marcar... Mas
chuuuuta pra fora! (...)
""E termina o primeiro tempo
em 0 a 0. Os torcedores estão calados. Muita gente depositou sua fé
na equipe do Palácio das Indústrias, mas agora percebe que o time não é lá essas coisas. É uma
equipe que faz muitas faltas. Se o
juiz fosse severo, já teria expulso
meio time.
Vamos ver se no segundo tempo
o time da Cidade de São Paulo
consegue impor seu jogo, furar o
bloqueio adversário e ganhar a
partida. Mas não sei não... (...)
""Quarenta e quatro do segundo
tempo. Zero a zero no placar.
E o Cidade de São Paulo finalmente recupera uma bola. O volante passa para o lateral-esquerdo, que dribla Amorim, dá o drible da vaca em Andrade, dá um
chapéu em Índio e põe a bola no
meio das pernas de Izar.
Que laaance, torcida paulistana! Pela primeira vez, o perigo
ronda a área do Palácio!
O lateral canhoto do Cidade toca para o centroavante, que ginga
pra lá, ginga pra cá, aposta corrida com Rodolfo e toca na ponta
esquerda. O ponta dribla Enéas,
que tropeça em sua barba, e cruza
para a área. O meia-esquerda do
Cidade mata no peito, o goleiro
Celso sai desesperado, o meia dribla o arqueiro, vai fazer o gol...
Pênalti!
Celso fez uma falta criminosa
no jogador do Cidade! Penalidade máxima indiscutível. E dessa
vez o juiz não tem o que fazer e dá
cartão vermelho para Celso. Mas
Celso diz que não vai sair. Isso é
um escândalo! Um es-cân-da-lo!
Ele é cercado pelo resto do time do
Palácio e continua dizendo que
não sai do campo.
E agora? Mas olha lá, minha
gente, a torcida está forçando o
alambrado. Os jogadores do Palácio estão com medo e se abraçam embaixo da trave.
A torcida entrou em campo e está cercando os atletas, que oferecem dinheiro, camisetas e dentaduras para a multidão. Parece
que a torcida quer Celso fora de
campo. Vamos ver se o resto do time continua com ele até o fim.
O jogo não acabou. Tudo depende dos torcedores. Se eles pressionarem, Celso sai. Se não, vai
dar o time do Palácio de novo. Isso sim é que é jogo, ouvintes paulistanos, isso é que é jogo!"
E-mail torero@uol.com.br
José Roberto Torero escreve às terças e às
sextas-feiras
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