São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2000


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FUTEBOL
Tudo depende da torcida

JOSÉ ROBERTO TORERO

""Vai começar a partida, torcida paulistana. Que jogo emocionante! Será que finalmente o time Cidade de São Paulo vai vencer o time do Palácio das Indústrias?
Aliás, o time do Palácio está com um uniforme muito estranho: os jogadores estão todos de paletó e gravata. Sem falar nas chuteiras, que parecem mais sapatos italianos! Muito estranho, muito estranho...
Bem, os dois capitães já estão no meio do gramado. O juiz joga a moedinha para cima e... O que é isso!? O capitão do time do Palácio pegou a moeda em pleno ar e a pôs no bolso. Que absurdo! (...)
""Vinte e cinco minutos do primeiro tempo, e o time do Palácio vem atacando com toda força: Vita toca para Estima, que ajeita com a mão e devolve para Vita, que vira o jogo para o ponta-direita Ferraz. Ferraz avança, recua, avança, recua e toca a bola de lado para Mutran. Mutran dá uma cotovelada no rival e recua para Faria Lima.
Opa, Faria Lima deixa a bola sair pela linha lateral, mas o bandeirinha não marca nada, e ele repõe a gorduchinha em campo.
A bola agora está com Curiati, mas ele não quer jogo e volta a pelota para Vergniano. Vergniano domina a esfera no círculo central e a entrega para Morganti. Morganti arrisca um lançamento para Bezerra. Bezerra está impedido, mas o outro bandeira manda seguir. Vai marcar... Mas chuuuuta pra fora! (...)
""E termina o primeiro tempo em 0 a 0. Os torcedores estão calados. Muita gente depositou sua fé na equipe do Palácio das Indústrias, mas agora percebe que o time não é lá essas coisas. É uma equipe que faz muitas faltas. Se o juiz fosse severo, já teria expulso meio time.
Vamos ver se no segundo tempo o time da Cidade de São Paulo consegue impor seu jogo, furar o bloqueio adversário e ganhar a partida. Mas não sei não... (...)
""Quarenta e quatro do segundo tempo. Zero a zero no placar.
E o Cidade de São Paulo finalmente recupera uma bola. O volante passa para o lateral-esquerdo, que dribla Amorim, dá o drible da vaca em Andrade, dá um chapéu em Índio e põe a bola no meio das pernas de Izar.
Que laaance, torcida paulistana! Pela primeira vez, o perigo ronda a área do Palácio!
O lateral canhoto do Cidade toca para o centroavante, que ginga pra lá, ginga pra cá, aposta corrida com Rodolfo e toca na ponta esquerda. O ponta dribla Enéas, que tropeça em sua barba, e cruza para a área. O meia-esquerda do Cidade mata no peito, o goleiro Celso sai desesperado, o meia dribla o arqueiro, vai fazer o gol... Pênalti!
Celso fez uma falta criminosa no jogador do Cidade! Penalidade máxima indiscutível. E dessa vez o juiz não tem o que fazer e dá cartão vermelho para Celso. Mas Celso diz que não vai sair. Isso é um escândalo! Um es-cân-da-lo! Ele é cercado pelo resto do time do Palácio e continua dizendo que não sai do campo.
E agora? Mas olha lá, minha gente, a torcida está forçando o alambrado. Os jogadores do Palácio estão com medo e se abraçam embaixo da trave.
A torcida entrou em campo e está cercando os atletas, que oferecem dinheiro, camisetas e dentaduras para a multidão. Parece que a torcida quer Celso fora de campo. Vamos ver se o resto do time continua com ele até o fim.
O jogo não acabou. Tudo depende dos torcedores. Se eles pressionarem, Celso sai. Se não, vai dar o time do Palácio de novo. Isso sim é que é jogo, ouvintes paulistanos, isso é que é jogo!"

E-mail torero@uol.com.br


José Roberto Torero escreve às terças e às sextas-feiras

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