São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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cabo de guerra

Acuada por times, F-1 volta ao que era

Após reclamações, FIA recua, e campeão de 2009 será novamente decidido pela quantidade de pontos, não de vitórias

Associação das equipes afirma que entidade violou artigo do regulamento e que mudança não pode ser tão perto do início do Mundial

DA REPORTAGEM LOCAL

A reforma radical no sistema de pontuação do Mundial de F-1 durou somente três dias.
Pressionada pelas equipes, a FIA anunciou que a implantação do novo sistema, que daria o título ao piloto que vencesse mais corridas, e não àquele que marcasse mais pontos, será adiada para o ano que vem.
A divulgação da mudança veio pouco tempo depois de a Fota, a associação das escuderias da categoria, emitir um comunicado repudiando a maneira e o momento no qual o sistema foi apresentado pela entidade: a menos de dez dias da abertura da temporada na Austrália e sem a aprovação dos times.
A confusão começou na última terça-feira, após reunião do Conselho Mundial da FIA em Paris, quando a entidade que comanda o esporte estabeleceu uma série de mudanças para este e para o ano que vem, rejeitando as sugestões feitas pela associação dos times e acatando as da FOM (Formula One Management), empresa que tem os direitos comerciais da F-1.
As equipes argumentam que, ao fazer a troca, a entidade violou o artigo 199 do Código Esportivo Internacional, que estipula o período para a FIA fazer mudanças no regulamento sem ter a aprovação unânime dos participantes do campeonato.
Pelas regras, a alteração tem de acontecer 20 dias antes da abertura das inscrições para o próximo Mundial, mas nunca depois de 30 de novembro.
"Como a mudança no sistema de pontuação unanimemente aprovada e sugerida pelos times não foi aprovada pelo Conselho Mundial, nenhuma mudança pode acontecer em 2009", afirma o documento divulgado pelas escuderias.
A proposta feita por elas após uma pesquisa em 17 países com torcedores e potenciais entusiastas do esporte era distribuir 12 pontos ao vencedor da prova, 9 ao segundo colocado, 7 ao terceiro e assim por diante.
Mas, para dar mais valor às vitórias e incentivar os pilotos a lutar mais por triunfos, a sugestão foi rejeitada em favor do plano de Bernie Ecclestone, da FOM, que queria que as vitórias determinassem o dono do título para evitar repetições do que ocorreu no ano passado, quando o vice-campeão, Felipe Massa, venceu mais vezes que o campeão, Lewis Hamilton.
A reviravolta de ontem deixa evidente que há uma cisão entre os times e os organizadores da F-1. Em outras palavras, entre Max Mosley, presidente da FIA, Ecclestone e a Fota.
"As equipes querem reafirmar seu desejo de colaborar com a FIA para juntas definirem um novo sistema de pontuação para a temporada de 2010, de maneira a estimular a atratividade da F-1", tentou amenizar o grupo das equipes.
Mas, independentemente disso, o fato é que, pela primeira vez desde sua criação, no ano passado, a associação dos times venceu uma batalha contra os mandatários da categoria.
Uma disputa pelo poder que já dura anos e que ontem ganhou mais um componente de peso. No comunicado divulgada à imprensa, a FIA colocou mais lenha na fogueira.
"No dia 17 de março, o Conselho Mundial da FIA unanimemente rejeitou a proposta da Fota para mudar o sistema de pontuação do Mundial de Pilotos da F-1. A sugestão de "o vencedor ganha tudo" feita pelo dono dos direitos comerciais (que havia sido informado de que os times eram a favor) foi então aprovada", diz a nota.
A uma semana dos primeiros treinos para o GP da Austrália, a disputa está apenas começando, já que a FIA também estabeleceu na terça-feira um teto orçamentário para 2010 em troca de liberdades técnicas. Medida que a Fota chamou de "absurda, severa e perigosa".


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