São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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MOTOR

Boi de piranha


Discussões e preferências à parte, algo estranho ocorreu nos últimos dias na relação entre Ecclestone e as equipes


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

PLACE DE LA CONCORDE, 8, Paris. Terça, 17 de março, dez dias para a abertura do Mundial de F-1. Reunião do Conselho Mundial da FIA. A palavra é de Ecclestone.
O representante dos direitos comerciais da F-1 sugere uma mudança no critério para definir o campeão: triunfará o piloto com mais vitórias. Diz contar com a concordância de todas as equipes. Diante de exposição tão assertiva, o Conselho aprova a novidade por 26 votos a 0.
Sexta, 20 de março, uma semana para os primeiros treinos em Melbourne. A Fota, associação das escuderias, com oito meses de vida, lança comunicado afirmando ser contra a mudança e invocando itens do Código Esportivo Internacional e do Regulamento Esportivo. Em suma, leis que 1) restringem ao grupo de trabalho das equipes sugestões de mudanças nas regras e 2) estabelecem que precisa haver unanimidade entre os times para alterações tão às portas de um início de temporada. A FIA concorda. E volta atrás.
Peraí... As equipes não eram unânimes, segundo Ecclestone? E agora não são mais? Discussões à parte sobre qual critério é melhor -eu estava gostando da novidade, diga-se-, algo aconteceu nesses três dias. Algo estranho.
Uma possibilidade: Ecclestone pode ter acertado com as equipes que lutaria pela proposta de valorização das vitórias, mas sem entrar em detalhes. E, na hora do vamos ver, lançou à mesa uma variação do seu projeto de medalhinhas. Pegas de surpresa, as escuderias demoraram três dias para reagir à traição. Outra: as equipes deram o aval a Ecclestone, mas não contavam com o massacre da dita opinião pública contra a novidade. A solução foi voltar atrás, inventando uma ruptura. Mais uma: as equipes armaram para Ecclestone, cientes de que encontrariam brechas no regulamento para desmoralizá-lo e mostrar força. Algo estranho aconteceu.
E talvez não seja nenhuma dessas opções. E talvez nunca saibamos. Porque se já era difícil entender as decisões da F-1 quando os dirigentes formavam o "Piranha Club", agora, com as piranhas em lados opostos...

PAPELÃO
Scaglione deixou a presidência da CBA na segunda-feira afirmando que o fim dos monopostos no país "não é ônus meu e não depende da confederação". Já vai tarde, portanto. O sucessor, Pinteiro, diz que a base será uma de suas prioridades. A coluna aguarda ansiosamente as primeiras medidas práticas.

PAPEL CARBONO
A McLaren copiou o difusor da Brawn e, de repente, começou a andar bem. Quase que simultaneamente, Whiting, inspetor da FIA, declarou que o equipamento é legal. E assim a F-1 irá a Melbourne com o grid mais próximo do que vinha pintando. Coincidência?

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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