São Paulo, domingo, 21 de março de 2010

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Celeiro de surfe no Ceará pode dar adeus às ondas

Construção de estaleiro em Fortaleza ameaça acabar com praia do Titanzinho

Futura instalação pertence à Transpetro, subsidiária da Petrobras, que é uma das maiores patrocinadoras do esporte das ondas no país

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

Em Fortaleza, a praia do Titanzinho, celeiro de importantes nomes do surfe nacional, corre o risco de acabar. Literalmente. O projeto para a instalação de um estaleiro da Transpetro (subsidiária da Petrobras) está adiantado, e, se for adiante, a praia deixará de existir para banhistas e surfistas.
A construção exige que as águas sejam "acalmadas", o que inviabilizaria a prática do surfe.
A instalação do estaleiro ameaça de extinção, também, as escolinhas de surfe que atendem a mais de cem crianças carentes da comunidade.
Segundo o vice-presidente da Federação Cearense de Surfe, Amélio Júnior, a praia do Titanzinho possui as melhores ondas do Estado devido a dois fatores: a profundidade do mar, de cerca de dez metros, e a existência de um espigão, que atua como quebra-mar.
O diretor-executivo da Associação Brasileira de Surfe Profissional (Abrasp), Marcelo Andrade, lamenta o provável fim da praia onde se formaram Fábio Silva (que já integrou a elite do surfe mundial, o então WCT), Tita Tavares (tetracampeã brasileira) e Pablo Paulino (bicampeão mundial júnior).
O curioso desse episódio é que o estaleiro pertence à Transpetro, ligada à Petrobras, que declara em seu site ser "uma das grandes parceiras do surfe brasileiro" pelo fato de o esporte e a empresa priorizarem "a consciência ecológica e a preservação ambiental."
A empresa patrocina o Circuito Petrobras de surfe feminino, o Petrobras Longboard Classic e a Seletiva Petrobras de surfe masculino, que atraem atletas de todo o país.
O projeto do estaleiro causa divergências até mesmo entre governo do Estado e prefeitura.
A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), é contrária à construção do estaleiro e diz que o fim da Titanzinho prejudicará a região. Isso porque ela planeja desenvolver o turismo local para melhorar as condições de vida de seus moradores. A região é uma das mais carentes da capital cearense.
Do outro lado da polêmica está o governo do Ceará, que informou que a praia do Titanzinho, por suas características naturais, é o único local possível para a instalação do estaleiro, que tem valor estimado de cerca de R$ 220 milhões, sendo que 27% é do Estado.
A Petrobras, por sua vez, disse, por meio da assessoria de imprensa, que ainda é cedo para falar sobre a escolha do local para a instalação do estaleiro.
Para atender à demanda dos surfistas, no entanto, existe um projeto do governo de fazer um novo espigão e propiciar as mesmas condições para a prática do esporte em um outro ponto, a 400 metros de lá.
É uma esperança. Segundo o professor do Instituto de Oceanografia da USP (Universidade de São Paulo), Eduardo Siegle, é possível fazer obras para garantir a prática de surfe numa determinada área, como, por exemplo, a instalação de recifes artificiais -como prevê o projeto do governo do Estado.


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