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Esquema de suborno
envolve Paulista-98
André Skamourauskas/Gazeta Esportiva
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Atletas da Lusa comemoram um dos gols contra a Portuguesa Santista
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Lusa investiga sua própria contabilidade para esclarecer operação que teria assegurado um resultado favorável em partida contra a Portuguesa Santista e a classificação do time à segunda fase do último Estadual
MARCELO DAMATO
da Reportagem Local
Uma investigação em sua própria contabilidade está levando a
Lusa a suspeitar que diretores do
clube armaram uma operação de
suborno no Campeonato Paulista
de 1998, para assegurar a classificação do time à segunda fase.
A falcatrua supostamente incluía
o pagamento de uma quantia em
dinheiro para o goleiro Nasser, então na Portuguesa Santista, para
que facilitasse um resultado favorável à Lusa na partida realizada
no dia 1º de março, em Santos.
A Lusa precisava pelo menos de
um empate para obter a vaga. A
partida acabou em 4 a 4, mas, no
primeiro tempo, a Lusa goleava
por 4 a 0 -três dos gols saíram
após os 42min. Na época, o time
justificou a queda de rendimento
no final à expulsão de um jogador
aos 14min do segundo tempo.
Nas semifinais, a Lusa acabou
eliminada pelo Corinthians em
uma polêmica partida -o juiz argentino Javier Castrilli marcou
dois pênaltis para os corintianos.
Já a Portuguesa Santista teve de
disputar o "quadrangular da morte", que definiu os times rebaixados à segunda divisão -e se safou.
A investigação na Lusa sugere o
maior escândalo no futebol brasileiro desde a "máfia da loteria", de
manipulação de resultados, nos
anos 70, e o "caso Ivens Mendes",
de interferência nas arbitragens do
Campeonato Brasileiro de 1997.
O suposto suborno entrou em
papéis oficiais da Lusa em dezembro, quando foi aprovado um relatório que revelou o desvio de R$
130 mil do caixa do clube e indicou
dois supostos culpados. As suspeitas sobre o sumiço do dinheiro
existiam desde maio, mas só foram
investigadas no segundo semestre.
Neste ano, o assunto voltou a ser
discutido no final da primeira reunião do Conselho Deliberativo do
clube, na última segunda. No total,
215 pessoas participaram da reunião, mas apenas cerca de 60 estavam presentes naquele momento.
As suspeitas incluem um suposto
contrato com Nasser, que nem sequer voltou a treinar no estádio do
Canindé -em 1992, foi reserva no
time. Nasser disse que houve um
acordo, negado pelo vice-presidente de futebol da Lusa, Ilídio Lico. O goleiro vive em Goiás -defendeu o Anapolina na Série C do
Brasileiro-98 e está no Itumbiara.
Os dois supostos envolvidos no
desvio de dinheiro, segundo apurações da Lusa, são Camões Salazar, um dos diretores do departamento de futebol, e o empresário
Toninho Silva, ex-lateral-direito
que atuou no Santos nos anos 80.
Eles foram citados no relatório
do Conselho de Orientação e Fiscalização, um órgão consultivo
que fiscaliza todas as atividades da
Lusa. O documento diz que Salazar
e Silva teriam ficado com parte dos
R$ 130 mil destinados ao suborno.
Depois de aprovado, o relatório
foi enviado para a Comissão de
Ética da Lusa, que ainda não entrou no caso. Só deve fazer isso em
abril, porque ainda investiga outro
escândalo no clube -a venda dos
passes dos jogadores Rodrigo e Zé
Roberto para o Real Madrid, que
envolve o ex-presidente Manoel
Pacheco e cujos contratos foram
revelados pela Folha em 1997.
Com Rodrigo, a negociação desrespeitou o estatuto. Já a venda de
Zé Roberto envolveu triangulação
no Uruguai na qual desapareceram US$ 5,38 milhões.
O presidente da Lusa, Amílcar
Casado, diz que só comentará o suposto suborno ao final das investigações. Salazar e Silva negam as
acusações, e Nasser lamenta sua situação: "Fui o único prejudicado".
²
LEIA MAIS sobre o caso à pág. 4-3
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